Carta aberta para uma mãe de adolescente

imagem: envato

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Oi, minha amiga.

Vamos conversar?

Vamos falar deles… que não são mais nossos bebês. Que não correm mais para o nosso colo quando se machucam, nem choram alto o bastante pra toda a casa escutar. Agora andam tão isolados, tão no “mundinho deles”, que a gente se pergunta se erramos em algum lugar. E a culpa? Ahhh, a culpa sempre vem bater à porta. Esses adolescentes…

Vamos falar da nossa vontade imensa de vê-los em uma simples foto de família, sem ouvir um: “para, mãe, deixa de ser cringe”; das nossas dúvidas quando eles colocam um shitpost no status do WhatsApp e a gente, do lado de cá, mergulha num mar de questionamentos: “será que ele(a) está sofrendo bullying na escola? Será que tem amigos?”

Vamos falar sobre fiscalizar os celulares com o coração apertado, temendo encontrar o inesperado. Sobre as nossas madrugadas, aquelas em que, mesmo exaustas, conferimos se eles estão respirando, ungimos suas cabeças em silêncio e entregamos seus futuros nas mãos de Deus.

Vamos falar da nossa fúria quando eles esquecem de arrumar o quarto e a gente encontra aquela meia encardida debaixo da cama e a raiva sobe, fervendo. Mas aí eles chegam da escola com o semblante triste… e, pronto, tudo desaba. Vem a preocupação, o olhar atento, o desejo de arrancar deles o que se passa no coração.

Me diz, amiga… você também já se pegou com uma certa inveja daquele sono interminável? Pensando: “onde é que esse menino arrumou tanto sono assim?” Ou se perguntando: “por que tanto mau humor?”

Vamos falar sobre o quanto eles nos lembram a nossa própria adolescência… quando também não sabíamos de nada e morríamos de medo de tudo. Quando tudo o que queríamos era o colo da nossa mãe, aquela que parecia tão ocupada, às vezes tão distante. E agora somos nós, tentando acertar o tempo todo, sufocadas por preocupações desnecessárias, ouvindo: “tá, mãe… eu já sei”, com aquele tom que corta.

Você também se pergunta se ele(a) está feliz? Ou se é feliz?

Hoje, o meu filho chegou dos jogos de interclasse triste. Tinha levado dois gols e estava frustrado. E eu ali, já pronta, como tantas outras vezes, para consolá-lo, para tentar dizer a coisa certa. Preparei o almoço, o abracei… e ouvi algo que me desmontou: “Mãe, eu estou bem. Só da senhora existir, já é suficiente.

Na hora, lembrei de Maria, sim, a mãe de Jesus. Ela sabia da missão do Filho, mas isso não a impediu de sentir as mesmas angústias que nós sentimos. Ela se preocupou, se questionou, chorou… mas nunca o deixou. Maria estava sempre por perto. Estava lá, na infância, no primeiro milagre, na cruz. Simplesmente por estar. Por orar. Por ser mãe.

Amiga, a gente se preocupa com o futuro deles, se culpa pelo isolamento, se estressa com a meia suja, se pergunta sobre as notas, os emojis no WhatsApp, e as respostas muitas vezes são monossilábicas. A gente pergunta cem vezes: “Tá tudo bem?”, porque é isso que a gente faz. Porque somos mães.

Estaremos sempre por eles. Esse é o nosso chamado. Como está escrito em 1 Timóteo 2:15:

“Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, amor e santificação, com bom senso.”

Ser mãe é caminhar no fio entre amar e deixar viver, entre ensinar e se derreter de orgulho pelas conquistas. É disciplinar e depois dobrar as roupas enquanto lembra do bebê que cresceu tão rápido. É chorar calada de saudade do cheirinho da infância… e ainda conferir de madrugada a bendita respiração.

A gente se preocupa com a escola, com a faculdade, com o trânsito, se chegou bem, se está com frio, se jantou. Mas isso, minha amiga, é a beleza de sermos mães. A nobreza da maternidade. O dom exclusivo de quem gera vida e ama de um jeito que nunca mais será igual.

Com amor e fé, seguimos juntas nessa linda missão de ser mãe.

Um abraço.

Sua amiga.

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