Estou fitando, em silêncio, uma foto em preto e branco que mostra um menino de dócil aparência e olhar expressivo, confortavelmente acomodado em uma poltrona de couro com aconchegantes apoios de braço, onde ele apoia a sua frágil mãozinha. Meu pensamento faz conjecturas. Ali está uma mente pura, inocente, com apenas um ano de idade […]Leia Mais
Enquanto ajeito minha cabeça no dorso de uma grande ovelha que dorme ao meu lado sobre a palha macia, posso contemplar algumas estrelas cujo brilho não foi ofuscado pelo clarão do luar que banha todo o vale. Quase à porta de nosso redil, um cercado rústico onde nos abrigamos para passar a noite, posso ver […]Leia Mais
Durante o dia ninguém continha a meninada travessa solta naquela imensidão de quintal, com córregos para banhos a algumas centenas de metros de distância da sede da fazenda e cavalos a correr pelos pastos, às vezes com um moleque chacoalhando em seu pelo, seguro apenas pela crina. À luz do dia tudo parecia mais fácil […]Leia Mais
Minha mãe contava muitas histórias, umas um tanto estranhas, quando sua mente visitava seu passado e vagueava pelos seus tempos de moça nova, lá pelos idos da década de cinquenta. Seu olhar se perdia quando sua mente parecia viajar pelas colinas recortadas por velhas e poeirentas estradas, atravessando riachos e se embrenhando pelo denso cerrado […]Leia Mais
Três da tarde, um dia qualquer do início de dezembro no meio da década de setenta. O trem de ferro apontava apitando entre as casas mais longínquas e quintais com bananeiras e laranjeiras, interrompendo o trânsito de fuscas, carroças e bicicletas. Na plataforma da estação, dez crianças ficavam em alvoroço, uns com os olhos fitos […]Leia Mais
O sonho era daqueles que a gente tem quando dorme profundamente e consegue contar com detalhes por muito tempo e por muitas vezes, depois de tê-lo sonhado. Quando estiquei as pernas para alcançar os chinelos à beira da cama, a primeira coisa a fazer foi tentar alinhar os cabelos, sem me importar com o longo […]Leia Mais
Eu estava faminto e já cansado. No início do dia, fui praticamente enxotado da calçada do posto de gasolina onde eu havia despertado no fim da noite anterior, depois de um vigilante me entregar seu pedaço de pão amanhecido, como se alimentasse um mendigo qualquer. Depois de caminhar por quase duas dezenas de quilômetros naquela […]Leia Mais
O tilintar das chaves presas ao chaveiro do quarto de hotel pareceu despertá-lo de seus tristes pensamentos, quando girou a maçaneta e entrou, jogando a mochila sobre a cama. A primeira atitude foi se olhar no espelho e passar a mão sobre os cabelos em desalinho, contemplar as olheiras e a expressão de profunda exaustão, […]Leia Mais
Deslizando o dedo indicador pela página impressa com itens riscados e perguntas sem respostas, ela sorve um naco do resto de bolo deixado num prato sobre a mesa no centro do estúdio, empunhando um pequeno aspirador de pó e fazendo cara de quem não estava entendendo nada. Olhou em volta e contemplou o cenário que […]Leia Mais
Quando o homem desceu da picape para abrir a porteira que dava acesso à fazenda, avistou o curral vazio e alguns bezerros espalhados pelo pasto verde ao lado. Já quase não havia orvalho molhando suas botinas e o aroma de estrume do gado pairava no ar quando ele se aproximou da porta de madeira da […]Leia Mais