O silêncio de Deus é, sem dúvida, um dos momentos mais desafiadores para a nossa fé. Nesse tempo, somos levados a nos sentirmos inseguros, abandonados e, muitas vezes, tentados a pensar que Deus nos esqueceu. Quando Ele silencia, nos deparamos com orações aparentemente não respondidas; vemos sonhos se esvaindo, sendo pausados ou até mesmo engavetados.
A verdade é que o silêncio de Deus será sempre um mistério pra nós. Por muito tempo, para mim, ele também foi assim. No entanto, aprendi que esse silêncio é pedagógico parte de um processo intencional que revela o Seu cuidado e o Seu amor. É como uma poda: retira o que é necessário para que, no tempo certo, novos frutos surjam com mais força e beleza.
Em João 15:1-2, a Bíblia nos apresenta o Pai como o agricultor que sabe exatamente o momento certo de podar a videira. Para quem observa de fora, a poda pode parecer uma punição ou até mesmo uma perda irreparável. No entanto, para o agricultor, a poda nunca tem o propósito de matar, mas de promover vida abundante. Ele remove o que impede o crescimento para que, no tempo oportuno, a videira produza frutos ainda mais fortes, doces e duradouros. Assim também é o silêncio de Deus: um cuidado que, embora incompreendido no momento, prepara o nosso coração para frutificar mais e melhor.
Eu já experimentei esse silêncio que dilacera o coração e pinta a vida em tons de cinza. Passei anos chorando, clamando e esperando por uma resposta de Deus para um sonho que queimava no mais profundo do meu ser: o sonho de ser mãe. Os exames diziam “não”, a medicina apontava impossibilidades e o céu parecia de bronze. Orava e não ouvia resposta, chorava e não encontrava consolo. Tentava me reerguer, seguir a caminhada, levantar a cabeça e prosseguir, mas, invariavelmente, me via de volta ao lugar da dor, o lugar do sonho frustrado e das inúmeras orações não respondidas, mergulhadas em lágrimas amargas. Foi um tempo de aparente pausa, como se a minha história tivesse sido interrompida e estivesse à espera de um capítulo que nunca chegava.
Mas, enquanto eu me sentia estagnada, Deus estava realizando uma obra profunda dentro de mim. Mesmo no silêncio, Ele arrancava medos, quebrava inseguranças e me ensinava a confiar no Seu caráter, e não apenas em Suas respostas. Foi nesse processo que compreendi: a poda dói, mas fortalece; o silêncio fere, mas amadurece; a espera aperfeiçoa e nos reveste de poder.
E então, no tempo certo, a resposta chegou. O ventre que parecia infértil se tornou um lugar de vida. Eu gerei! Hoje entendo que a espera foi parte essencial do milagre. O aparente silêncio de Deus era, na verdade, um processo de cura, amadurecimento e preparação, moldando meu coração para viver e valorizar plenamente o que Ele estava prestes a me entregar.
Então, se você está vivendo o tempo do silêncio, quero encorajá-lo a não confundir poda com abandono. O Agricultor nunca abandona a vinha! Ele está mais perto do que você imagina, cuidando, limpando e fortalecendo cada ramo. Permaneça na Videira, suporte a poda, porque, no tempo certo, os frutos virão.
Em vez de se desesperar, lembre-se: o silêncio de Deus não é o fim da jornada, mas o intervalo em que o Agricultor, através das podas, aprofunda suas raízes e prepara o seu interior para sustentar o peso da frutificação.
Confie! A poda de hoje será a semente do fruto de amanhã. Então, creia!