Como pais, é comum estarmos sempre atentos aos nossos pequenos, principalmente quando se trata de saúde. Por isso, procuramos trazer nesta edição um alerta para a saúde ocular em relação a uma doença que pode ser silenciosa nos primeiros anos de idade da criança. Assim, a oftalmologista pediátrica Dra. Marisa Rassi, nos conta, em entrevista, os sinais e sintomas que os pais devem estar atentos para identificação da doença que pode vir a ser fatal. Confira a entrevista na íntegra:
O que é a doença de retinoblastoma e como ela afeta as crianças?
O Retinoblastoma é um tumor ocular que é originado nas células embrionárias da retina, localizada no fundo do olho, sendo o câncer ocular primário mais comum na criança. Apesar de ser raro, ele é a causa de 2 a 4% dos casos de cânceres pediátricos. O diagnóstico precoce eleva a chance de cura para 90% de sucesso em centros especializados, desde que o diagnóstico seja realizado quando o câncer estiver restrito apenas no olho. Este é um câncer que pode acometer um ou os dois olhos, de maneira igual em meninas e meninos, pode ser hereditário ou não-hereditário, mas se inicia com uma mutação no gene RB 1. Além disso, costuma aparecer até os 3 anos de idade, sendo diagnosticado em 90% dos casos antes dos 5 anos.
Quais são os sintomas que os pais devem estar atentos?
Na maioria das vezes, a criança não apresenta nenhuma queixa e nenhum sintoma. Os sinais e sintomas mais comuns são: reflexo branco pupilar, conhecido como “olho de gato” quando se faz uma fotografia com flash, e também pode acontecer estrabismo quando há uma diminuição na visão. Os sintomas menos frequentes são: mudança na coloração da íris, ambliopia (“olho preguiçoso”), nistagmo (“tremor dos olhos”), posição viciosa da cabeça, vermelhidão persistente, sensibilidade à luz ou dor ocular. Em casos mais raros pode ser visto um crescimento maior do olho, causando proptose (olho saltado). O ideal é que os pais levem as crianças mesmo sem nenhuma queixa ou sintoma ao oftalmologista pediátrico. A consulta oftalmológica deve ser feita regularmente desde do nascimento até por volta dos 10 anos, idade em que acontece o desenvolvimento visual. Idealmente, deve ser feito também o teste do olhinho ao nascimento, depois uma consulta oftalmológica entre 6 meses e 1 ano de idade e depois anualmente com o oftalmopediatra.
A doença pode aparecer após os cinco anos de idade? Nesses casos, como seriam os sintomas?
A idade média das crianças no momento do diagnóstico é de dois anos. O retinoblastoma raramente ocorre em crianças com mais de 6 anos de idade. Os sintomas são os mesmos encontrados na faixa etária de 0 a 5 anos, que tem a maior incidência do tumor.
Como funciona o tratamento?
O tratamento deve ser feito com uma equipe multidisciplinar especializada. Por ser complexo, deve ser individualizado e, frequentemente, diversas modalidades de terapias locais e sistêmicas podem ser necessárias. As opções de tratamento são baseadas na idade da criança, localização, tamanho do tumor, se está em um ou nos dois olhos e potencial da visão. Atualmente, existem as seguintes opções de tratamento: quimioterapia sistêmica, quimioterapia intra-arterial, quimioterapia intravítrea, tratamentos locais (fotocoagulação ou termoterapia transpupilar e crioterapia), braquiterapia, enucleação ou radioterapia.
Há a possibilidade dessa doença se espalhar e se tornar uma metástase?
Se o retinoblastoma não for tratado, pode continuar crescendo de modo a preencher a maior parte do globo ocular. As células podem se afastar do tumor principal na retina e flutuar através do tumor vítreo para atingir outras partes do olho, onde podem formar outros tumores.
Se esses tumores bloquearem os canais de circulação do líquido que circula no interior do olho, a pressão intraocular pode aumentar, causando glaucoma, uma complicação grave do retinoblastoma, que pode levar a dor e perda de acuidade visual no olho afetado.
Essas complicações acontecem com frequência?
A maioria dos retinoblastomas é diagnosticada e tratada antes de se disseminarem para fora do globo ocular. Mas, as células do retinoblastoma podem, ocasionalmente, se disseminar para outras partes do corpo. Algumas vezes, as células se desenvolvem ao longo do nervo óptico e chegam ao cérebro. As células do retinoblastoma também podem crescer através das camadas de revestimento do globo ocular, nas pálpebras e nos tecidos adjacentes. Se a doença atingir os tecidos fora do globo ocular, o câncer pode ser disseminado para os linfonodos e outros órgãos, como fígado, ossos e medula óssea.
Como é possível agendar uma consulta?
Atualmente, atendo na Clínica Oftalmo Kinder e para agendar, basta ligar em um dos números: (62) 9 9699-5599 ou (62) 3942-2890.