O cesto e o rio nos remetem à história de uma mulher bíblica, uma mãe confiante, resoluta e resiliente, um verdadeiro exemplo de fé e coragem. Trata-se de Joquebede, uma mulher egípcia por nascimento, mas pertencente à Tribo de Levi. Ela era esposa do levita Anrã, e mãe de Arão, Miriã e do caçula Moisés.
A história de Joquebede se desenrola em um período em que o Faraó se sentiu ameaçado pelo crescimento expressivo da população hebraica no Egito. Para conter esse avanço, ele decretou que todas as crianças recém-nascidos do sexo masculino deveriam ser lançadas no Rio Nilo. Assim, Faraó ordenou a todo o seu povo: “A todos os filhos que nascerem aos hebreus, lançareis no Nilo mas todas as filhas deixareis viver”. (Êxodo 1:22).
Foi exatamente nesse período que Joquebede concebeu Moisés. Diante do decreto de Faraó, e com o filho nos braços por três meses, ela chegou a um momento crucial em sua vida. Precisou tomar decisões difíceis para uma mãe, e assim se posicionou de forma inteligente, silenciosa, ousada, corajosa e, acima de tudo, confiante no poder do soberano Deus de Israel.
Joquebede colocou sua fé em prática: preparou um cesto de junco e nele colocou o seu maior tesouro, o seu filho Moisés. Ela o entregou ao Rio Nilo? Não… ela o entregou ao Deus em quem cria e confiava. O Rio Nilo foi apenas o canal para que se cumprisse a entrega do futuro libertador de Israel das prisões do Egito, e assim o propósito de Deus se realizasse.
Com certeza, aquela mãe não sabia qual seria o percurso do cesto, nem o futuro do seu filho, mas ela tinha a convicção de quem o conduziria. Sua atitude revela a intimidade que existia em seu relacionamento com o Deus soberano e fiel. “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer sua aliança”. (Salmos 25:14).
Assim que Joquebede colocou o cesto no rio, Miriã, irmã de Moisés, observou de longe o percurso que ele fazia, descendo o Nilo. Em seguida, Miriã viu o cesto se aproximar da filha de Faraó que estava às margens do rio. Ao ver a criança, a princesa se sensibilizou e ordenou que Miriã retirasse o cesto da água. Então, a filha de faraó decidiu criar o menino como seu próprio filho.
Aproveitando o princípio da oportunidade, a irmã de Moisés sugeriu à filha de Faraó que a criança fosse amamentada por uma hebreia. A sugestão foi aceita, e Miriã levou Moisés de volta aos braços de sua mãe, agora com o destino transformado: de uma condenação à morte para uma vida de nobreza no palácio.
Ao analisarmos a história de Joquebede e a compararmos com os tempos atuais, percebemos um cenário marcado por um ativismo exacerbado, o feminismo que, por vezes, afronta a feminilidade, e uma tecnologia que invade o mundo sem filtros, trazendo consigo inúmeros prós e contras. Soma-se a isso a terceirização da maternidade para escolas, creches, igrejas e até avós idosos, além da frieza nos relacionamentos. Esses fatores importantes, que de forma sutil ou indireta, influenciam e dificultam o exercício genuíno da fé em Deus, bem como ofuscam a singela e insubstituível beleza da maternidade em sua plenitude.
Todos esses fatores têm usurpado da mulher as suas nobres funções e seus papeis genuínos como mãe, esposa, filha, herdeira e co-herdeira em Cristo. Como consequência, ganham espaço e força o medo, a insegurança, a ansiedade, a desesperança, as indecisões, a desconfiança e, o principal, a falta de fé no Deus soberano, onipotente, onipresente e onisciente.
Dentre as inúmeras lições que Joquebede nos ensina, está a certeza de que, quando temos um relacionamento de intimidade com o Pai, aquele que tudo vê, que cuida dos filhos nos mínimos detalhes e que foi, é e sempre será o Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz, podemos confiar em Sua fidelidade.
Ela nos mostra que sim, podemos nos posicionar contra os decretos e diagnósticos que este mundo secular impõe. Assim, devemos entregar a nossa herança, o nosso bem mais precioso ao Senhor, confiando e descansando sem medo, com ousadia, determinação, inteligência e resiliência. Porque Ele é fiel e cuida de tudo, transformando decretos de morte em vida.
Somos chamados para confiar e lançar os nossos cestos, pois “entre o cesto e o rio”, existe o grande EU SOU.