Eu, O Monstro de Frankenstein

A tragédia na escola de Suzano em São Paulo, ocorrida no dia 13 de março de 2019, me fez refletir a respeito de um problema muito discutido no mundo: o sofrimento das pessoas. Como cristão, tentei buscar uma resposta em Jesus, e para a minha surpresa, não obtive nenhuma explicação com profundidade ou palavras de entendimento que me revelassem o porquê existe tanto sofrimento entre as pessoas. Grandes teólogos, filósofos e teóricos do cristianismo, como C. S. Lewis, Luiz Sayão, Jonathan Edwards e Charles Spurgeon, escreveram obras vastas e completas sobre o tema, e ainda assim o problema continua vivo e pulsante.

Enquanto refletia e tentava encontrar algum embasamento bíblico para o meu conforto egoísta, apenas um versículo martelava em minha mente: “chorai com os que choram.” (Romanos 12.15). Talvez esse seja o meu problema como cristão, olhar para o mal e tentar achar respostas.

O mal existe. Fim! Não há motivo e nem indagações a esse respeito. Afinal, que diferença isso faria? No que ajudaria a aliviar a dor de pessoas reais atingidas por tragédias imprevistas?

O mal é como um abismo. Olhar para ele apenas aumenta o meu próprio medo e sofrimento, e entrar nele só me cerca de trevas. Por isso, minha primeira atitude é condenar os atiradores e criar leis para um mundinho que só existe em minha própria imaginação, enquanto no mundo real existem pessoas que perderam o sentido de toda uma vida. Percebo que todo esse questionamento só serve para uma coisa: ocupar-me, enquanto negligencio o ofício para o qual Paulo nos chama, que é: “chorar com os que choram”.

O clássico literário “Frankestein” me ensinou que mesmo a melhor intenção pode criar aberrações e monstruosidades. Com isso não estou me referindo aos assassinos de Suzano, mas a mim mesmo.  O meu próprio pensamento, egoísta e sagaz, me coloca em posição de julgamento, esta que é somente de Deus, fazendo-me acreditar que estou fazendo muito, enquanto as pessoas ao meu redor estão morrendo, se perdendo em vícios, medos e dores. Afinal de contas, para que mesmo a mensagem do Evangelho me chama? Com certeza não é para ser justiceiro, já que “todos pecamos e estamos, todos, destituídos da glória de Deus”. (Romanos 3:23). O verdadeiro propósito é: “Amai uns aos outros como Eu vos amei.” (Romanos 12:10).

Ao invés de olhar para o mal e alimentá-lo, que a nossa postura seja de orar pelas famílias das vítimas, consolar o aflito e não julgar o oprimido. O mal é apenas trevas que cegam. Portanto, o que importa é que comecemos amando aqueles que estão perto de nós: nossos pais, mães, irmãos, amigos, colegas de trabalho, da faculdade e da escola, ajudando-os em suas dores, estando sempre dispostos e jamais olhando o mal que ali habita, mas sendo luz que transforma a vida dos outros em peso de glória.

Que Jesus Cristo, Nosso Senhor, console o coração daqueles que não podemos alcançar, pois Ele é o único que pode oferecer a paz que excede todo entendimento.

Natã Alves Motta

Assessor Comercial . Obreiro do Ministério RAD .

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