O Maná no deserto

imagem: envato

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“Moisés deu mais instruções: “Isto é o que o Eterno ordena: ‘Guardem um jarro cheio de maná, um ômer, para que as futuras gerações possam conhecer o pão com que os alimentei no deserto depois de tirá-los do Egito. Moisés disse a Arão: “Pegue um jarro e encha-o de maná. Coloque-o diante do Eterno. O maná deve ser conservado para as futuras gerações. Arão fez o que o Eterno havia ordenado a Moisés, separando um pouco de maná e guardando-o com as tábuas da aliança. Os israelitas comeram maná durante quarenta anos, até chegar à terra na qual se estabeleceriam. Eles comeram maná até chegar à fronteira de Canaã”. (Êxodo 16:32-35).

O livro de Êxodo é o segundo da série de cinco livros escritos por Moisés. Inicialmente, esses livros foram escritos para um grupo de escravos recém-libertos, para entender a história, a natureza e o caráter de Deus. A família de Abraão, escolhida por Deus, tem sua descendência preservada e multiplicada mediante acontecimentos icônicos. Eles são levados para a proteção de um grande império, o Egito, durante uma seca devastadora, e por causa disso a linhagem é guardada.

Anos depois, esse povo se tornou escravo e Deus decidiu libertá-los com demonstrações de poder e sabedoria incríveis, a fim de que todos saibam que Ele é o único Deus. É nesse contexto que encontramos a descrição dos primeiros dias do povo de Israel, agora recém-liberto, precisando lidar com uma grande necessidade: o que comer?

Há muitas coisas que nos chamam atenção no capítulo dezesseis do livro de Êxodo. A primeira é: como as pessoas que acabaram de ver uma série de acontecimentos divinos, sendo eles as pragas, o mar se abrindo e o mais recente deles, as águas amargas se tornarem próprias para beber, podem ainda não confiar que o Deus que os tirou da escravidão irá sustentá-los com o alimento?

A segunda coisa que nos chama a atenção é a forma como Deus decide lidar com o povo, pois Ele os testa. Por que o Senhor não deu a comida de uma vez? Por que colocar regras em como se deve colher e armazenar esse alimento? Eles já estão em um contexto difícil e Deus ainda estabelece restrições e burocracias?

A terceira e última coisa que nos chama a atenção é: Deus pede para que uma quantidade de comida seja guardada, para que as futuras gerações saibam como e com o que Deus sustentou o povo de Israel no deserto por quarenta anos. Nesse contexto é interessante destacar que a comida guardada de domingo a quinta estragava de um dia para o outro, mas a comida guardada na sexta, em quantidade suficiente para o sábado, e a comida guardada de memorial para as futuras gerações não se estragava. Por quê?

Precisamos entender que o povo de Israel estava conhecendo o caráter de Deus: quem Ele é, Sua natureza e como Ele age. Lembre-se que o povo passou quatrocentos anos no Egito, sendo boa parte disso como escravos, vivendo em uma cultura diferente do que Deus queria para a humanidade. Foi assim que o Senhor se revelou através das circunstâncias e o povo passou a viver e ser direcionado por Ele.

É interessante pensar também que Deus é longânimo com o povo, dando tempo para que eles demonstrem uma postura de confiança n’Ele. Deus não abriu mão do povo de Israel, mas os testou. Talvez seja difícil pensarmos em um Deus que nos testa, mas pensamos assim por conta da nossa visão corrompida. O que precisamos saber é que Deus é um Deus de testes, e que essa avaliação nos mostra a aprovação ou a reprovação d’Ele, e isso é ótimo!

Funciona mais ou menos assim: imagine que você tenha uma doença rara, você prefere ser tratado por um especialista em doenças raras ou um clínico geral? Claro que o especialista! Você irá confiar mais naquele que foi testado e aprovado.

É por isso que em Apocalipse, Deus fala que aquele que vencer, herdará a vida eterna, ou seja, para aqueles que forem aprovados mediante o padrão de Deus. Assim, muito do que iremos viver com Deus aqui e na eternidade tem relação direta com a forma que somos testados e aprovados por Deus, pois os testes revelam a verdadeira intenção do nosso coração.

Além disso, por que guardar o maná? Através do povo de Israel, Deus está revelando quem Ele é. Assim, Deus quer que as futuras gerações saibam como o Seu amor leal agiu diante do povo no deserto.

Portanto, essa história está registrada na Bíblia pelo mesmo motivo que uma porção do maná foi guardado: para que pudéssemos conhecer mais de Deus e confiar no Seu amor leal. Então, devemos nos perguntar: eu confio em Deus para o meu sustento diário? Quais os testes que Deus tem colocado em minha vida para provar o meu coração? Como eu tenho me posicionado diante dos testes? Tenho sido fiel a cada ordenança do Senhor em relação ao meu sustento?

A verdade é que um coração liderado pelo medo do amanhã, murmura sobre a situação atual e entra em rebelião contra Deus, pois não confia e nem aceita o processo. O medo do futuro revela a falta de segurança que temos em Deus e o apego que temos na criação e não no Criador. Porém, uma coisa é certa: o Senhor nos sustenta, mesmo quando imaginamos não haver mais saída, Ele provê tudo que é necessário para os Seus filhos.

Eu creio que muitas pessoas estão sendo testadas por Deus para que o seu coração seja revelado e redirecionado. Há sim um grupo de pessoas que têm experimentado a provisão do Senhor, têm retido o suficiente para dar bom testemunho da fidelidade de Deus e têm sido generosos com seu próximo, podendo ser uma referência da bênção de Deus para todos os povos. Mesmo estando passando pelo deserto, o maná vem!

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