“Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola. Quando, porém, estava a sós com os seus discípulos, explicava-lhes tudo.” (Marcos 4.34).
Você que já leu a Bíblia, já reparou no particular e maravilhoso método de ensino de Jesus Cristo, o nosso Mestre por excelência? A verdade é que o Seu ensino foi profundamente enraizado na vontade do Pai, e por esse motivo, tocava o coração dos ouvintes de forma singular.
A eficácia da pedagogia utilizada por Jesus estava no fato de que Ele falava por meio de coisas simples, conhecidas e corriqueiras: redes de pesca, sementes e grãos lançados à terra, ovelhas e pastores, moedas perdidas, vinhas e trabalhadores. Em sua infinita sabedoria, o Filho de Deus assumiu a linguagem do cotidiano das pessoas da época para revelar assim, as verdades eternas.
É interessante destacar que não apenas em seu ensino, mas também em toda a sua postura, conduta e atitudes para com a humanidade, Cristo sempre se pautou por uma conduta de “auto esvaziamento”. Veja o que nos mostra a Palavra de Deus: “Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” (Filipenses 2.6-8).
Nesse contexto, vemos também Calvino, em sua obra: “As Institutas da Religião Cristã” (Livro 1, cap. 13, seção 1), tratando sobre a infinitude de Deus, ao afirmar que Ele: “…assim fala conosco como que a balbuciar, como as amas costumam fazer com as crianças […] Por isso, formas de expressão como essas não exprimem, de maneira clara e precisa, tanto o que Deus é, quanto lhe acomodam o conhecimento à pobreza de nossa compreensão. Para que assim suceda, é necessário que ele desça muito abaixo de sua excelsitude.” Com tudo isso, é fato que a pedagogia de Jesus reforça essa característica tão importante: o uso da palavra adequada à ocasião, ao ouvinte, ao tempo e à oportunidade.
Sob essa ótica, é importante destacar também, o papel de Jesus como Mestre aos doze anos de idade. Na ocasião Ele foi encontrado por sua mãe no templo, argumentando com os doutores e ouvindo-os. Assim, todos ficaram admirados com a Sua inteligência e Suas respostas (Leia Lucas 2:46-47). Anos depois, durante o seu ministério, Cristo falava à multidão por meio de parábolas. Aos Doze, no entanto, dedicava tempo, revelando-lhes o sentido de cada uma, com calma e paciência.
É por isso que, ao refletirmos sobre o ensino de Cristo, somos lembrados de que o Evangelho não precisa de adornos para ser profundo, ao contrário, a Teologia mais elevada é, muitas vezes, a mais simples. Além disso, podemos concluir que o método do Mestre continua sendo o mais eficaz: tocar o nosso coração por meio daquilo que está diante dos nossos olhos.