A vida frequentemente nos coloca diante de desafios que exigem o máximo da nossa força de vontade. Trabalhamos duro, buscamos soluções, tentamos controlar cada detalhe, mas, no fundo, surge aquela dúvida inquietante: “Será que estou realmente crendo ou apenas forçando as coisas a acontecerem pela minha própria força?” Essa pergunta, mais comum do que parece, revela um dilema profundo entre o esforço humano e a confiança em Deus.
A Bíblia mostra que o esforço é necessário, mas precisa caminhar lado a lado com a fé. O apóstolo Paulo, por exemplo, declara em Filipenses 4:13: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Com essa afirmação, ele reconhece que sua força vem de Deus, mas sem deixar de assumir sua responsabilidade pessoal. A fé, portanto, não nos isenta de agir, mas nos orienta e fortalece no caminho.
É interessante observar que vários personagens bíblicos viveram esse dilema. Abraão, conhecido como o pai da fé, confiou na promessa de Deus mesmo quando tudo parecia impossível. No entanto, em determinado momento, também tentou “ajustar” o plano de Deus ao enviar Hagar para gerar um herdeiro, demonstrando que é comum o ser humano agir pela própria força diante da espera. Ainda assim, sua história nos convida a confiar e a equilibrar ação e paciência.
Davi, o homem segundo o coração de Deus, enfrentou Golias com coragem e determinação, certo de que a vitória vinha do Senhor. Contudo, também teve de aprender a descansar em Deus em momentos difíceis, como nas fugas de Saul, reconhecendo que sua força tinha limites. Esses exemplos mostram que agir com fé não significa ser passivo, mas também não é viver em exaustão.
A fé verdadeira é um ponto de equilíbrio: ela exige ação responsável, mas sem sobrecarregar a alma e o corpo. O escritor da carta aos Coríntios nos lembra que “Deus não é Deus de confusão, mas de paz” (1 Coríntios 14:33). Quando tentamos controlar tudo, vivemos ansiosos e desgastados. Mas, quando entregamos o controle a Deus, encontramos descanso e forças renovadas. Por isso, é essencial praticar esse equilíbrio na vida cotidiana. Reconhecer os próprios limites nos ajuda a entender que não somos onipotentes e que Deus cuida daquilo que está além da nossa capacidade.
Agir com responsabilidade e fazer bem a nossa parte é sinal de diligência. E confiar na providência de Deus, entregando os resultados a Ele mesmo em meio às incertezas, é a base da fé madura.
Assim, podemos concluir que fé não é passividade e que força de vontade, por si só, não é suficiente. O verdadeiro desafio é caminhar com coragem, movido pela fé, e ao mesmo tempo descansar com confiança em Deus. Como fizeram Abraão, Moisés e Davi, somos chamados a agir com sabedoria, mas também a confiar plenamente, reconhecendo que o controle supremo está nas mãos do Todo-Poderoso.