A campanha de conscientização e prevenção aos casos de câncer de mama foi criada no início da década de 1990, pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, nos Estados Unidos. O câncer de mama não possui uma causa única, dessa forma, diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolvimento da doença.
As mulheres, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, são as que apresentam maiores riscos. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 28% dos casos podem ser evitados por meio de hábitos de vida saudáveis. A prevenção continua sendo a melhor abordagem!
Para essa edição, entrevistamos a médica mastologista e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia, Dra. Marcella Rezende.
- Qual é o principal objetivo da campanha Outubro Rosa?
O Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença e proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, além de contribuir para a redução da mortalidade.
- Atualmente, como está o cenário dos casos verificados da doença?
No mundo, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres. Em 2018, ocorreram 2,1 milhões de novos casos, equivalentes a 11,6%. Para o Brasil, estima-se 66.280 novos casos para cada ano do triênio 2020-2022. Portanto, esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres.
- A partir de que momento é indicado o autoexame?
O autoexame é importante para que você conheça o seu corpo e procure um médico Mastologista assim que encontrar alterações. Mas é importante destacar que ele deve ser visto como um complemento e não a única alternativa. O autoexame não substitui a mamografia. Indico realizar a mamografia anualmente a partir dos 40 anos.
- Quais as principais indicações de prevenção da doença?
Precisamos colocar nossos exames em dia, afinal, no ano de 2020, muitas mulheres deixaram de realizar a consulta com seu Mastologista. A consulta regular e a realização de exames são as melhores maneiras de prevenção.
- Como a identificação precoce contribui para o aumento da probabilidade de sucesso no tratamento do câncer de mama?
O diagnóstico precoce salva vidas. Quando detectamos o câncer de mama pelos exames de imagem e ele não é palpável, as chances de cura alcançam mais de 90%.
- Quais são os hábitos que podem agravar os riscos do aparecimento da doença?
Na Medicina, utilizamos a classificação dos fatores endócrinos, relacionados à história reprodutiva, além de outras classificações como os comportamentais e genéticos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os fatores incluem:
- Fatores endócrinos: história de menarca precoce (menstruação ocorrida antes dos 12 anos), menopausa tardia (após os 55 anos), primeira gravidez após os 30 anos, uso de contraceptivos orais (estrogênio-progesterona), além de terapia de reposição hormonal pós-menopausa.
- Fatores comportamentais ou ambientais: consumo excessivo de bebida alcoólica, obesidade e inatividade física.
- Fatores genéticos e hereditários: relacionam-se à presença de mutações em determinados genes. Mulheres que possuem casos de câncer de mama ou de ovário em familiares, são consideradas de alto risco para a doença.
- Como mulheres em idade mais jovem podem realizar as precauções?
Hábitos de vida saudáveis são fundamentais, portanto, alguns exemplos são a prática de atividade física, qualidade de sono e alimentação equilibrada. Além disso, a realização de consultas médicas anuais, nas quais a paciente será avaliada por meio do exame físico. Porém, mulheres com alto risco familiar para câncer de mama devem iniciar o rastreamento com exames de imagem já aos 30 anos.