“Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo”. (1 Pedro 1.15-16).
Deus exige de nós santidade, porque Ele é santo. Em Sua majestade, o Senhor é puramente e indescritivelmente santo, e esse é o modelo exato a ser seguido.
A santidade Divina é um dos assuntos mais complexos e, ao mesmo tempo, maravilhosos de serem estudados. Dentre os vários aspectos da santidade que poderíamos tratar neste artigo, vou abordar, de forma mais específica, o seu aspecto ético. Como cristãos é exatamente dentro desse conceito que nos encaixamos. Pelo fato de sermos originalmente pecadores, mesmo sabendo que Deus exige de nós que sejamos tão santos quanto Ele é, infelizmente não conseguimos. Como disse Charles. H. Spurgeon: “Há pecado até na nossa santidade, há incredulidade na nossa fé; há ódio no nosso próprio amor; há lama da serpente na mais bela flor do nosso jardim”.
Por sermos pecadores, tudo que fazemos, inclusive nossos esforços em nos santificarmos, está contaminado pelo pecado. No entanto, isso não deve nos impedir de buscar atingir esse alvo. Ainda que eu saiba que sou falho e pecador, devo viver todos os dias buscando o padrão de santidade de Deus.
O conceito de santidade está intimamente ligado à separação. Santificar-se, portanto, é separar-se de tudo que possa nos contaminar. Ser santo é ser puro, imaculado, não permanecer sujo ou contaminado por nada que ofenda a Deus. Ele é santo em sua essência e jamais se contaminou com absolutamente nada. Por isso, Ele exige o mesmo de nós para que nos relacionemos com Ele.
No entanto, vivemos em um mundo cheio de sujeiras e impurezas, que se lançam sobre nós dia após dia, no intuito de nos contaminar. Se nunca foi fácil caminhar em santidade, o contexto em que vivemos atualmente torna essa tarefa ainda mais difícil. Entretanto, Deus em Sua soberania exige que sejamos santos e não há desculpas para nós. Frente a tal exigência, cumpre a nós, enquanto cristãos, lutarmos diariamente contra nossa natureza caída e contra tudo que nos é exposto, para que possamos mantermo-nos santos.
No texto de 1 Pedro 1:15-16, o autor nos adverte exatamente em relação a isso. Pedro nos exorta, dizendo que devemos ser santos em tudo que fizermos. Com base nisso, chegamos a clara conclusão de que nossa santidade não está ligada ao ambiente em que estamos inseridos, mas a uma firme decisão de consagração. Independente do ambiente ou das companhias, a vida do cristão deve ser um culto a Deus, um sacrifício vivo, santo e agradável a Ele. Ou seja, o chamado à santidade é integral. Absolutamente tudo o que faço deve ser baseado no padrão da santidade de Deus.
Eu sei que esse padrão é mais alto do que sozinhos podemos alcançar, mas é o padrão que devemos almejar. Diante disso, o que fazer então para santificar-se? A resposta está na majestosa oração sacerdotal, quando Jesus proferiu as seguintes palavras: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).
Por isso, precisamos nos esmerar diariamente no conhecimento da Palavra de Deus para que possamos, por meio dela, ser santificados pelo Senhor através de Cristo. Quando Deus nos pede ou exige algo, Ele mesmo nos dá o que precisamos para obedecermos. No que diz respeito à santidade, Ele nos deu a Sua Palavra que é a verdade que nos santifica, por meio do sacrifício de Jesus. Agostinho de Hipona, convicto de tal verdade, orava dizendo: “dá-me o que pedes e pedes o que quiseres”.
Em Sua Palavra está expressa, de forma muito clara, a vontade de Deus para nós. Ao lê-la, somos inundados pelas verdades que nos libertam do pecado. É na Palavra de Deus que encontramos ensinamentos de Jesus como este:
“Se o teu olho direito te leva a pecar, arranca-o e lança-o fora de ti; pois te é mais proveitoso perder um dos teus membros do que todo o teu corpo ser lançado no inferno. E, se tua mão direita te fizer pecar, corta-a e atira-a para longe de ti; pois te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno”. (Mateus 5:29-30).
Neste texto, Jesus nos ensina a priorizar o que realmente importa: os prazeres eternos. Jesus afirma que devemos ser radicais contra o pecado para que possamos nos manter santos, ou seja, separados. Precisamos aprender a desviar o olhar, mudar o caminho, tapar os ouvidos, abandonar “amizades”. Devemos fazer tudo que for preciso e possível para nos desviarmos do pecado e conseguir viver em santidade. Mas no final das contas, sabemos que não é pelo nosso esforço que somos santificados.
Jesus foi perfeito e justo em nosso lugar e Ele nos santifica. Esta é a verdadeira beleza da santidade. Por isso, devemos perseverar com todas as nossas forças, todos os dias, para sermos santos, mas quando falhamos (e sempre falhamos), se estamos em Cristo, Ele que é plenamente santo, nos santifica por meio do Seu sacrifício perfeito na cruz.
Não é fácil alcançar tal santidade, mas o fato é que, ainda que seja impossível enganar a Deus com uma santidade falsa, não nos é impossível ser santos, uma vez que alcançamos a santidade pelos méritos de Cristo. Jesus é a fonte de toda santidade. Isso nos enche de gratidão e motiva a perseverar.
Quais são suas maiores fraquezas? O que o tem feito você ser igual a todo mundo? O que tem impedido você de ser separado? Identificou? Então, renda-se ao senhorio de Cristo e seja radical contra isso. É hora de tomar uma atitude e “amputar” da sua vida tudo que o tem impedido de viver em santidade.
Segundo o reverendo Augustus Nicodemus: “Arrependimento não é quando você chora. Arrependimento é quando você muda”. O pastor americano Paul Washer afirmou certa vez que lutar contra o pecado pode ser a maior evidência de que você nasceu de novo e de que Deus está realizando uma obra de santificação em sua vida.
Portanto, esforce-se em santificar-se e confie na fonte de toda santidade, Jesus.
Como cristão, convicto de sua salvação, seja santo em tudo o que fizer, porque o seu Deus é santo e exige isso de você.