A doença de estar doente

O contexto da pandemia da COVID-19 é responsável pela produção do adoecimento físico e pela verificação dos óbitos em grande escala, o que nos traz a necessidade de direcionarmos a nossa atenção  para as pessoas que já possuem uma patologia a nível mental.

Esse grupo inclui indivíduos que já tinham predisposição para tal, como é o caso do chamado transtorno de sintomas somáticos, que inclui o “transtorno de ansiedade de doença”, mais conhecido como hipocondria, uma condição psíquica que acomete mais de 150 mil pessoas por ano em todo o Brasil.

De acordo com os dados divulgados pelo Hospital Albert Einstein e, segundo especialistas em saúde mental, os casos de hipocondria aumentaram muito desde o ano passado, como resultado  da pandemia. O fato é que as pessoas estão mais expostas a elementos que acabam servindo como potencializadores destes transtornos, acrescidos do medo de não ser atendido em unidades de saúde por conta de superlotação das unidades hospitalares, além de  informações ampliadas sobre efeitos colaterais de remédios e das vacinas disponíveis.

A hipocondria envolve, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais – DSM-IV (sigla em inglês), a preocupação com ter ou contrair uma doença médica grave não diagnosticada, ou seja, a pessoa considera os sintomas normais do corpo – como cansaço, cefaleia ou dores musculares, como problemas de saúde de muito maior gravidade. Essa patologia também pode se manifestar em quem não sente nada, mas a nível mental, acredita  que está doente ou que pode adoecer a qualquer momento.

Diante disso, é importante perceber quando algo não está normal em seus pensamentos, a ponto de causar sofrimento emocional, como a ansiedade mais intensa, por exemplo. Nesse caso, algumas perguntas podem ajudar:

  1. Com frequência, você se preocupa com a ideia de ter uma doença grave, devido aos sintomas que duraram por um longo período? Essa preocupação gera angústia?
  2. Você acredita que a preocupação teve um impacto negativo em todos os aspectos de sua vida, incluindo família, vida social e trabalho?
  3. Você está constantemente se auto examinando e se auto diagnosticando?
  4. Não acredita no diagnóstico de seu médico ou não está convencido quando ele diz que está tudo bem?
  5. Você precisa constantemente que os médicos, familiares e amigos o tranquilizem e lhe deem garantias de que está bem, incluindo quando não acredita no que estão dizendo?

Caso tenha respondido sim para a maioria destas perguntas, procure ajuda psicológica e médica para uma avaliação correta e acompanhamento terapêutico.

Nesse momento, a psicoterapia é muito importante e ajudará na avaliação de suas crenças, até que já não traga mais sofrimento emocional.

Então, se cuide e viva a vida com vida!

Dr. Leonardo Gonçalves Hayne

Psicólogo clínico, especializado em Gestão estratégica de Pessoas e Neuropsicopedagogia, professor de graduação e pós-graduação nas áreas de psicologia e neurociência.

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