Hoje a saudade bateu forte, a lágrima desceu, mas ouvi um acalento suave em minha alma dizendo: “está tudo bem”, foi somente uma saudade!
Quando enfrentamos a dor do luto e temos a certeza de que Deus já trouxe cura para a nossa alma, somos tentados a pensar que a dor é para sempre. Porém, Jesus sem invadir o nosso espaço, nos lembra que a dor já se foi, e resta apenas uma saudade que será eterna.
O Vicente, meu presente, veio do céu no dia 05 de janeiro de 2023, e é sem dúvidas, o meu maior sonho realizado. É a certeza que Deus, mesmo diante de todas as petições que fazemos diariamente, o Senhor se preocupa com cada sonho e cada detalhe daquilo que almejamos.
Tive uma gestação muito saudável, com boa alimentação, consultas regulares e tudo caminhava para seguir conforme o cronograma médico. Contudo, entrei em trabalho de parto prematuro com trinta e quatro semanas de gestação, e o nosso pequeno nasceu exatamente no dia do aniversário do pai. Foi a maior alegria, apesar do susto de saber que ele iria passar vinte dias em uma UTI Neonatal.
Chegado o dia da alta, fomos para casa com a felicidade estampada no rosto, ríamos para as paredes, pois em nossos braços estava o maior presente de nossas vidas. Dormir? Nem sabia o que era isso, pois a cada suspiro dele eu olhava para checar se estava tudo bem. Foram vários cuidados e recomendações pelo fato dele ser prematuro e não poder adoecer.
Infelizmente o nosso pequeno, mesmo sem nenhum contato com o mundo externo, foi acometido por um vírus temeroso chamado de Bronquiolite e precisou ser hospitalizado. Foi o início do nosso deserto. Foram dias de imensas lutas, orações e muita certeza da cura. Houve um pastor muito usado por Deus que orou por ele e disse: “é da vontade de Deus que ele seja curado e volte para casa”. Me agarrei nessa promessa.
O dia 24 de março de 2023 foi um dia sombrio. Cheguei na UTI Neonatal para visitá-lo e me deparei com os médicos reanimando o meu filho. Ele estava sedado e com o semblante desfalecido. Foi um choque para mim! Não bastasse a cena diária de vê-lo entubado, também tive que vê-lo em coma induzido. Naquele momento me recordei que no dia anterior, juntamente com a minha pastora, apresentamos o Vicente para Deus e ele estava à minha espera. Mesmo entubado e com uma sedação leve, seu olhar atento me procurava, segurei a sua mão e cantei para que ele pudesse dormir. E assim aconteceu.
Nesse período, fui informada de que seria necessário um procedimento cirúrgico, e logo o meu coração se angustiou, pois houve um sofrimento intenso e inexplicável dentro de mim. Voltei para casa muito abatida, mas tentando ficar forte para demonstrar ao meu esposo que tudo ficaria bem. Mas, às 18:00 horas daquele dia sombrio, o meu coração chorava silenciosamente, então decidi orar com muita sinceridade e abrir o meu coração a Deus. Naquele momento eu disse a Deus: “Pai, hoje eu vi o sofrimento do meu filho, e como mãe, sei que o melhor para ele pode não ser o melhor para mim. Por isso, eu te entrego o meu filho. Se for da Sua vontade, o leve para que ele não sofra mais. ”
Acredito que Deus estava apenas me dando a graça de mais um tempo com o meu filho, pois, às 00:26 horas do dia 25 de março de 2023, recebi a tão temida ligação para comparecimento no hospital e foi ali que começou o meu processo de luto.
Foram dias terríveis de imensa dor. A minha alma gritava, minhas lágrimas não cessavam e não tinha nada que eu pudesse fazer para trazer o meu pequeno de volta. Havia dias de tanta dor, que a única coisa que me restava era clamar a Deus pela morte, pois a minha vontade era de ir para o lugar onde estava o meu filho, já que eu não poderia trazê-lo de volta.
A dor do luto foi tão intensa, que eu sentia minha carne soltando dos ossos, meu corpo tremia por inteiro, e por muitas e muitas vezes clamei por apenas um abraço, para ver se a dor amenizava. Mas, o que mais me surpreendeu é que nunca tinha ninguém que pudesse me socorrer, e eu sempre ouvia durante a terapia do luto que deveria buscar alívio na fonte, pois a graça de Deus me bastava.
E assim eu fiz, por muitos dias e muitas noites em claro eu orei, clamei e gritei por socorro do Senhor, pois Ele era a minha única esperança. Mas eu não sabia que buscar na fonte era a chave para o meu alívio. E sim, exatamente no dia 17 de setembro de 2023, em um congresso da minha igreja, o Senhor veio ao meu encontro e me disse com todas as letras que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”, e naquele momento eu tive a certeza que o Senhor estava tirando toda a dor do meu peito, e substituindo pela alegria do céu.
Eu me agarrei a essas palavras de fé e esperança e assim recebi a cura instantânea. Daquele dia em diante, a minha vida foi transformada de maneira milagrosa. Por isso, creio que não importa a dor ou o desespero, a única coisa que importa é a certeza do amor e cuidado do Pai para conosco.
A dor do luto me aproximou de Deus, mostrando que Ele não é um Deus bravo, e sim que é um Pai que nos acolhe e segura a nossa dor. O Senhor é o puro amor que cuida com toda cautela e carinho para nos aproximar da Sua presença. Amém!