Gosto sempre de iniciar uma abordagem com uma explanação mais detalhada, afim de tornar mais clara e compreensível o objetivo da mesma.
Compreender o favor de Deus sempre foi um desafio para todos nós, pois estamos sempre buscando sermos merecedores de sua Graça. Por vezes, nos pegamos tentando convencer a Deus, quer seja com nossas ações, nos auto justificando, ou mesmo tentando mostrar a Ele que somos merecedores, afinal já fizemos por merecer, e Ele agora está em débito conosco.
Preciso ser contundente nessa afirmação: nós nunca estaremos em vantagem diante de Deus, Ele nunca estará devedor a nós, não alcançaremos seu favor por mérito, seja ele de que natureza for.
Não quero assustá-lo, mas sim, trazer paz ao seu coração. De fato, nunca seremos merecedores de Seu favor, mas fique tranquilo, Deus já nos deu prova suficiente de Seu amor incondicional, e certamente, Ele nos conduzirá em pastos verdejantes, inclusive em meio as crises financeiras.
O tema finanças é recorrente, seja pelos altos e baixos da economia de nosso país ou por anseios pessoais ainda não satisfeitos. Dessa forma, sempre fica uma indagação: “Estaria Deus preocupado com nossas finanças?”.
O presente texto tem como propósito, responder a você, que sim, Deus se preocupa e tem interesse em sua vida financeira, tudo que Deus fez, Ele o fez com a finalidade de suprir nossas necessidades, desde a salvação até o pão que você precisar comprar.
A Definição de Favor de Deus
A definição de “favor” deriva do significado da palavra “Graça”, cujo significado é: “o favor imerecido que Deus concede ao homem”. Embora tal definição seja verdadeira, é incompleta. Graça é um atributo de Deus, um componente do caráter divino, demonstrada por Ele, através da bondade para com o ser humano pecador, que não merece o Seu favor.
Um Deus santo não tem nenhuma obrigação de conceder graça a pecadores, mas Ele assim o faz, segundo o bem querer da Sua vontade. Ele demonstra graça ao estender Seu favor, Sua misericórdia e Seu amor para suprir a necessidade do ser humano. Ele o faz não por ações meritórias dos homens, mas porque isto faz parte do seu caráter, pois essa é a sua essência.
As Manifestações da Graça de Deus
Em toda a Bíblia, identificamos a graça de Deus se manifestando em três fases.
Na primeira, Deus revelou Sua bondade e graça, ao demonstrar misericórdia, favor e amor para com todos os homens em geral, mas para com Israel em particular.
Na segunda fase, Deus expressou ou apresentou Sua graça, de forma mais clara, através de Jesus Cristo, o qual veio ao mundo para pagar pelos pecados do homem, mediante Sua morte sacrificial na cruz.
Na terceira fase, a graça de Deus proporciona salvação e santificação a todos os que, pela fé, confiam em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de suas vidas.
Na Septuaginta, uma antiga tradução das Escrituras do Antigo Testamento para a língua grega, o termo grego traduzido por “graça” é charis que significa “graça ou favor imerecido”. As Escrituras Hebraicas não possuem nenhum termo hebraico equivalente. Os termos originais hebraicos, traduzidos na Septuaginta por charis, são chanan ou chen, que se traduzem por “graça”, “favor” ou “misericórdia”.
Essas duas palavras hebraicas são usadas no Antigo Testamento para retratar o mesmo significado de charis, cuja aplicação é a demonstração do favor de Deus em resposta ao clamor do seu povo: (1) mostra misericórdia para com o pobre (Pv 14.31); (2) proporciona misericórdia àqueles que invocam a Deus em tempo de angústia (Sl 4.1; 6.2; 31.9); (3) demonstra o favor de Deus a Israel no Egito (Êx 3.21; 11.3; 12.36); (4) a concessão do favor de Deus a determinadas pessoas, tais como Noé (Gn 6.8), José (Gn 39.21), Moisés (Êx 33.12,17), e Gideão (Jz 6.17); e (5) demonstra, a graça de Deus, que será derramada sobre a nação de Israel no tempo da sua salvação (Zc 12.10).
No Novo Testamento, o conceito de graça encontra uma expressão mais precisa, rica e completa no termo grego charis, o qual ocorre, no mínimo, por 170 vezes. A graça de Deus assume uma dimensão pessoal totalmente nova, e se torna evidente ao ser humano nas palavras e obras do ministério redentor de Jesus Cristo. Que prova maior da graça de Deus poderia ser dada, do que essa da salvação?
Foi o próprio Deus que, em Sua bondade e graça, tomou a iniciativa de providenciar a salvação para o homem após a queda de Adão no jardim do Éden. Estaria Ele ausente hoje de sua vida? Por certo que não. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
A Demonstração da Graça de Deus
No início deste texto, afirmei que Deus tem interesse em nossas finanças. Quero, neste ponto, demonstrar a você os passos necessários para desfrutarmos deste favor de Deus, lembrando sempre que a ação é Dele, a nós compete irmos até Ele.
A graça de Deus se evidencia de diversas maneiras na vida de um crente em Cristo, mas vou comentar as três que considero as mais importantes:
-
Graça Salvadora
A palavra salvação é um termo abrangente. Refere-se ao ato redentor de Deus, pelo qual Ele, no presente momento, redime o indivíduo da penalidade e do poder do pecado, e, no futuro, libertará o crente em Cristo da presença do pecado na ocasião da glorificação dos salvos.
A salvação é um dom gratuito de Deus, concedido a uma pessoa em virtude da graça, por meio da fé, independentemente de qualquer obra ou mérito da parte da pessoa que o recebe.
A graça da salvação, oferecida na atual dispensação, inclui cada aspecto da obra redentora de Deus em favor dos crentes em Jesus e abrange a redenção, a propiciação, a justificação, o perdão, a santificação, a reconciliação e a glorificação para aquele que, pela fé, recebe a Cristo.
-
Graça Santificadora
Deus, por intermédio do Espírito Santo, providenciou dons espirituais sobrenaturais, com o objetivo de equipar e capacitar cada crente em Cristo para o seu ministério.
Naquele momento em que a pessoa, pela fé, recebe a Cristo, ele é santificado pela graça de Deus. A palavra santificação, significa “tornar santo” ou “separar para Deus” com propósito ou uso sagrado. A Bíblia menciona pessoas, lugares, dias e objetos inanimados consagrados a Deus. No que se refere a um indivíduo, a santificação pode ser definida como a obra da livre graça de Deus, através do Espírito Santo, na qual Ele separa o crente para ser moldado à imagem de Cristo.
-
Graça Servidora
Os crentes dispõem de “diferentes dons segundo a graça, que por Deus nos foi dada” (Rm 12.6). Alguns crentes possuem uma abundância de dons, enquanto outros possuem apenas um ou dois. Esses dons, ou graças, não são dons, talentos ou habilidades naturais; pelo contrário, são dons proporcionados por Deus, os quais, através do crente, efetuam a edificação do Corpo de Cristo, rendendo, assim, a glória que pertence a Deus.
A palavra dom (do termo grego charisma: “dádiva ou dom da graça”) se refere a um favor que alguém recebe gratuitamente, sem merecê-lo. Deus, por intermédio do Espírito Santo, providenciou dons espirituais sobrenaturais, habilidades, recursos e conhecimentos, com o objetivo de equipar e capacitar cada crente em Cristo para o seu ministério e serviço. Não existe apenas um dom, mas, sim, uma diversidade de dons que o Espírito Santo concede aos crentes (Rm 12.6-8; 1 Co 12.8-11; Ef 4.7,11-12; 1 Pe 4.11).
Em nossas turmas do CROWN (Curso de Finanças) tenho afirmado que o favor de Deus nas finanças de seu povo é um dom, e como mordomos deste dom, devemos nos empenhar no exercício de sua obra.
Ao longo deste texto, demonstrei a você as diversas manifestações do favor de Deus para com o homem, a fim de levá-lo a compreender que Deus está presente em todo o contexto de sua vida, inclusive financeira.
O Senhor agiu para resgatá-lo, salvá-lo, santificá-lo e capacitá-lo. Sua vida é responsabilidade de Deus.
Tem um versículo em Mateus 16:18 que diz: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. A maioria dos cristãos tem nesta palavra uma promessa apenas para igreja instituição, igreja corpo, mas quero que você entenda algo: você é igreja. Deus está dizendo para você: a escassez não vai prevalecer contra você. A crise financeira não vai prevalecer contra você. Em uma linguagem figurada, vejo Jesus batendo no peito e dizendo: “você é responsabilidade minha”.
Por que mencionei a graça servidora? Porque entendo que Deus nos deu dons para servi-lo, e a sua vida financeira é um dom de Deus, não só para o seu sustento, mas também para o fomento de sua obra. Ele nos deu a oportunidade de cooperarmos com o sustento e manutenção de sua obra.
Com este entendimento, te faço uma pergunta: Deus deixaria um cristão fiel sucumbi a uma crise financeira? Te afirmo que não.
Há um consenso comum em relação as crises: “Elas são oportunidades”. Há sempre o antes e o depois da crise. É provável que você esteja se fazendo uma pergunta: mas como é evidenciado o favor de Deus nestes momentos?
Eu creio que o Senhor nos capacita em meio as crises financeiras, nos fazendo ver o que outros não estão vendo. Ele nos mostra oportunidades que outros não viram, fazendo encontrar respostas e soluções para situações difíceis que estamos vivendo.
Mas uma vez vejamos um exemplo na palavra de Deus: Êxodo (31: 1-5): “Depois falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, o filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, E o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência, em todo o lavor (trabalho), Para elaborar projetos, e trabalhar em ouro, em prata, e em cobre, E em lapidar pedras para engastar, e em entalhes de madeira, para trabalhar em todo o lavor.” As palavras deste texto são tão reais para nós como o foi naqueles dias.
Que habilidades você precisa nestes dias? Que conhecimento lhe falta? O que você não consegue ver? Tem uma verso na Bíblia que diz: “tem falta de sabedoria, peça-a a Deus que a todos dá liberalmente.” O favor de Deus se manifestará a você através do seu Espírito Santo, te aparelhando para o trabalho em meio as crises financeiras.
Que Deus te abençoe!