Recentemente o Atlas da Violência publicou uma pesquisa relatando números de homicídios no Brasil que chamam a nossa atenção. Segundo a matéria, o Brasil tem taxas de homicídio trinta vezes maior que a Europa. Em números absolutos, mais de meio milhão de pessoas foram vítimas desse crime em nosso país nos últimos dez anos.
Somente em 2016 foram mais de sessenta mil mortes violentas. Temos cento e cinquenta e três homicídios por dia, que atingem principalmente jovens, já que 56,5% das vítimas estão na faixa etária entre quinze e dezenove anos. Neste grupo etário 49,1% das mortes advém com o uso da violência, ou seja, metade das mortes envolvendo todas as causas são por meio de homicídios. Segundo o mesmo Atlas, a cada quinze minutos, nos últimos quinze anos ocorreu uma morte no Brasil.
A pergunta então é: o que fazer?
As políticas públicas para minimizar este horrendo dado passam por ações intersetoriais e multilaterais. Para o sucesso da missão há que se dar a integração de diversos setores de todos os entes federados e de todos os poderes. As ações devem ser articuladas de forma efetiva entre União, Estado e Municípios, envolvendo uma gama de agências governamentais e também a sociedade civil como um todo.
Estas ações devem ser coordenadas e devem agir em três grandes trilhas de trabalho: a prevenção primária, a intervenção ambiental e a repressão qualificada. O primeiro viés é importante à medida em que previne o crime antes mesmo de sua consumação, agindo por exemplo na evasão escolar, pois o aluno que não está na escola, em muitos casos, passa a usar drogas e a se envolver em pequenos delitos, até que culmine com o homicídio, seja por disputa e controle de territórios do tráfico ou mesmo por uma simples dívida por conta do uso de drogas.
A intervenção ambiental ataca os aspectos do que chamamos tecnicamente de triângulo do crime. Este, para acontecer, depende do autor, da vítima e do ambiente onde acontece o delito. Se trabalharmos o ambiente, dificultando a ação delituosa, o autor com certeza encontrará obstáculos para cometer o crime e a vítima estará mais segura.
Esta intervenção passa por iluminação pública, pela construção de praças poliesportivas ou intervenções em ambientes que são vetores criminógenos, como por exemplo a Vila Canaã em Goiânia, conhecida como “robauto” que, de forma direta, fomenta os crimes relacionados a furtos, roubos e receptações de veículos.
A terceira frente diz respeito à repressão qualificada. Nesta ação temos não só a polícia, mas outros atores que, apesar de não fazerem parte de nenhum modelo de polícia, também participam deste eixo. Quando o bombeiro militar, as agências municipais de fiscalização, o PROCOM e outras instâncias de governo se unem para fiscalizar um ambiente de risco à segurança, a ação fiscalizatória se torna muito mais eficiente.
Num ambiente onde se sabe por meio da inteligência policial que se pratica o tráfico de drogas por exemplo, a polícia faz suas buscas e, via de regra, não encontra o produto do crime, mas outras instâncias podem lacrar o estabelecimento e podem inibir a continuidade de tráfico.
Contudo, nosso maior problema é, sem dúvida, a crise valorativa. Estamos vivenciando a era da pós-modernidade, do relativismo, onde valores, que são inegociáveis, não estão sendo observados. O que deveria ser sólido e imutável, como o valor à vida, está se derretendo no ar.
Portanto, precisamos rever os nossos valores e assim redimensionar as nossas ações. É como se atualmente estivéssemos à deriva, perdendo a essência Divina, aquela que recebemos por meio do Espírito Santo. Vamos cultivar valores como o amor, a tolerância e o respeito ao outro. Por certo, se assim fosse não estaríamos vivenciando taxas de homicídios tão elevadas.