“Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda”. (2 Pedro 2:3).
Estamos nos aproximando do final do ano. O mês de novembro é conhecido como uma época de muitas promoções e, dentre elas, a principal: a Black Friday. Embora ainda não tenha dado muito certo aqui em terras tupiniquins, a Black Friday é um dos principais eventos comerciais nos Estados Unidos. Ocorre na sexta-feira seguinte ao feriado do Dia de Ação de Graças, e seu propósito é incentivar as pessoas a irem às compras por meio de promoções e descontos absurdos, para que as lojas possam esvaziar seus estoques e se prepararem para o Natal, fechando as contas do mês no azul.
É comum, nesse período, que viralizem vídeos de pessoas correndo pelos corredores de grandes lojas, brigando umas com as outras na busca por aquele eletrodoméstico ou, ainda, aquele console de videogame por menos da metade de seu valor de mercado. Nessa onda de olharmos para as coisas da nossa vida do ponto de vista comercial, muitos de nós tendemos a mercantilizar outras áreas da nossa vida, como a nossa fé, o que é muito grave!
Infelizmente, em muitos locais, o Evangelho, a piedade e a disciplina têm sido anunciados e vendidos como um quilo de bananas da feira. A Palavra de Deus tem sido relativizada e até mesmo trocada por dinheiro. No entanto, não devemos nos enganar. Não podemos ficar anestesiados, ignorando as consequências irreversíveis e eternas que isso pode nos trazer. “O zelo pela tua casa me consome” (Salmo 69:9).
Observemos que, por ocasião da purificação do Templo, o Senhor Jesus expulsou de lá os mercadores, derrubando as mesas e cadeiras de cambistas e vendedores de pombas, advertindo-os severamente: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; mas vocês estão fazendo dela um ‘covil de ladrões’” (Mateus 21:13).
Na época, os judeus precisavam viajar à Jerusalém pelo menos uma vez ao ano, para oferecerem seus sacrifícios, conforme mandava a Lei de Moisés. Muitos deles viajavam longas distâncias a pé, com seus animais e famílias, o que tornava a jornada um tanto quanto difícil.
Nesse sentido, com o tempo, criou-se o hábito de que esses judeus que chegavam de outras províncias trocavam suas moedas para a moeda local e compravam, nas ruas de Jerusalém, seus animais para o sacrifício.
Entretanto, essa prática, que tinha inicialmente o propósito de ajudar os judeus no cumprimento de seus sacrifícios e rituais, foi levada para dentro do Templo, sendo vista e explorada como uma fonte de renda e lucro, inclusive por parte dos sacerdotes.
Assim, o câmbio e comércio de animais para sacrifício tomaram o lugar de valor e destaque maior que o próprio sacrifício em si, diante de Deus. Esse fato gerou a santa ira de Cristo, o Cordeiro de Deus que mais tarde seria oferecido pelo próprio Pai como expiação dos nossos pecados.
Portanto, não devemos nos permitir cometermos hoje o mesmo erro, pois esse mesmo Cristo que expulsou os cambistas é aquele que um dia virá para julgar vivos e mortos. A nossa fé não deve ser passageira e colocada como oferta barata na vitrine de nossa vida, como é na Black Friday. Devemos valorizar nosso relacionamento com Deus, cultivando uma fé sólida e genuína, que não se deixa influenciar pelas tentações do consumismo e pela superficialidade, mas que se sustenta na verdade do Evangelho e na busca pela santidade.
Que nossa devoção seja um testemunho vivo do amor de Cristo, que não se mede por promoções, mas pela entrega total de nossos corações a Ele.