Bora gourmetizar a nossa vida?

imagem: envato

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Volta e meia passamos a conviver com expressões, modismos e comportamentos sociais que se perenizam ou desaparecem, dependendo da sua importância, seu papel na linguagem ou, no caso das atitudes, estarem ou não ligados a tendências, modernidade, a um novo conhecimento, avanço na ciência ou apenas a um vento de frivolidade. O fato é que incorporamos muitas destas expressões na nossa fala no dia a dia, ou adotamos alguns comportamentos até mesmo sem nos darmos conta.

Hoje a onda é a gourmetização. Como a gastronomia está “bombando” no momento com vídeos e receitas “viralizando” nas redes sociais (viu a apropriação dos termos?), vamos aproveitar e refletir sobre esta novidade, fazendo uma (des)pretensiosa autoanálise sobre o quanto nós também não estamos “dourando a pílula” sobre nós mesmos para nos sentirmos aceitos, inclusos, valorizados e muitas vezes até adotando matizes de comportamentos que nem refletem nossa identidade ou temperamento, mas servem como máscara que nos esconde na multidão dos “iguais”.

Por exemplo, nem tudo é unanimidade nessa onda de saborização ou refinamento de bombons, picolés, pipocas, churros, tapiocas, cachorros-quentes e outras delícias. Às vezes é só a embalagem que muda ou a adição de gosto duvidoso de algum ingrediente, um upgrade no aspecto visual, mas o que realmente muda é o preço! Com a chegada de datas comemorativas como a Páscoa, prepare seu bolso se quiser presentear ou degustar uma dessas tentações gourmet.

E sobre nós? Em tempos de relativismo e banalização de valores na mesma medida em que se glamoriza a superficialidade, nós estamos correndo o risco de nos disfarçarmos pra nos tornamos parte da trupe, da galera, da tribo e porque não dizer da igreja? Será que não estamos nos gourmetizando artificialmente pra melhor “vendermos” nossa imagem de boa gente, de cristãos modernos e amigos fiéis? Eu sempre me lembro da letra de “No porão da alma”, uma música do Fruto Sagrado, banda cristã de muito sucesso na década de 90, que dizia… “na hora que a gente dá bobeira, o Pitbull sai da coleira e começa a detonar”. Isso reflete bem a nossa tentativa de mascarar quem somos e via de regra, ao baixarmos a guarda da vigilância e autopoliciamento, revelamos nossas verdadeiras intenções, motivações e preconceitos.

Refletindo sobre essa gourmetização, sou levado a pensar sobre que ingrediente poderíamos utilizar no tempero de nossas atitudes, não para parecermos mais caros aos olhos de quem nos “compra”, mas para realmente elevarmos o nível de inserção positiva no meio que nos circunda e de ampliarmos nossa influência abençoadora na vida das pessoas com as quais cruzamos ou convivemos.

Que tal pensarmos no amor deixando de ser sentimento para ser o tempero, o filtro, a perspectiva através da qual lemos a vida que nos cerca? “Bora” gourmetizar nossa vida com esse tempero? Bem, o problema é que não existe receita pronta. Todavia, o exemplo de Deus enviando Jesus Cristo pra nos resgatar da perdição eterna e nos garantir uma eternidade ao Seu lado, é a maior referência da incondicionalidade na qual devemos pautar a nossa relação com as outras pessoas. Que esse mesmo Deus nos livre de sermos alvos do famoso ditado que todo mundo também já incorporou: “Quem não te conhece que te compre”!

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