Carta de uma mãe de autista para outra

Olá, minha amiga preciosa!

Como você está?

A tempestade chegou por aí, não é mesmo? Por aqui, ela veio trazendo um terremoto de dúvidas, incertezas, angústias e medo, muito medo do desconhecido. Porém, em proporção dobrada, a tempestade que atende pelo nome de Autismo, traz consigo uma inundação de amor, força, coragem e resiliência.

Quando perdemos um ente querido, temos a oportunidade de passar por todas as fases do luto (negação, raiva, depressão e aceitação). Entretanto, quando recebemos o diagnóstico de Autismo de um filho, sequer temos tempo para assimilar o que de fato é o Transtorno do Espectro Autista.

Em uma única vez, é derramado sobre nós que, nossa maternidade perfeita, tão sonhada e idealizada, jamais existirá. É como estar dormindo um sono profundo e despertar saltando de paraquedas, porém, sem o paraquedas.  É uma queda livre rumo ao desconhecido, sem preparo e aviso prévio.

Mas, minha amiga, há beleza, vida e refrigério também na tempestade. Ela nos molda e nos prepara para os dias chuvosos e sem cor. Ela nos torna resilientes quando a casa é inundada pela exaustão, sentimento de fracasso, pelas exclusões e lutas por direitos.

Não é e jamais será fácil, simples e corriqueiro ter um filho autista. Afinal, um filho atípico torna toda a família atípica também, pois ela precisa descobrir, sem teste drive, a viver essa nova realidade.

Porém, o diagnóstico não determina quem nossos filhos serão. Seus dons, talentos, habilidades e conquistas diárias são infindáveis, mas ocorre a seu tempo e a sua maneira (quão lindo e gratificante é esse processo de conquistas, descobertas e superações!).

Nossos “filhos azuis”, são bênçãos que Deus nos agraciou e nós, mães, somos responsáveis por ajudá-los a caminhar nessa incrível estrada da vida, sendo voz, força, atitude ou apenas um colo em um dia de crise.

Por isso, respire fundo minha amiga, sinta a vida entrando em seus pulmões e tenha certeza de que não será fácil, mas será intenso, vivo, pulsante e carregado de um amor mútuo, que transcende a explicação humana.

Viva um dia de cada vez. Permita-se sentir todos os sentimentos e emoções de cada dia. Aprenda a não dar importância às opiniões alheias. Foque em sua família, em suas necessidades e em seus prazeres (ser egoísta também faz parte). Quando o sentimento de fracasso chegar derrubando tudo, tenha consciência de que, em nossa incapacidade, Deus nos capacita, pois Ele não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.

Não se cobre tanto, pois a perfeição não existe e, quem cuida, também precisa de cuidado.

Estou com você nessa!

Conte comigo!

Um abraço da sua amiga.

Pollyanna Baltazar Magalhães Abdala

Auxiliar do Ministério Aliançados na Igreja Batista Renascer, Corretora imobiliária e mãe da Mariana e do Miguel

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