“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, a semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.” (João 15:5-8).
Entre os últimos ensinamentos de Jesus antes de ser traído e preso, encontramos uma das mensagens mais profundas e simbólicas sobre a nossa comunhão com Ele. Suas palavras, repletas de figuras e significados espirituais, nos revelam verdades que não podem ser ignoradas. Analisá-las com zelo é entender que a vida cristã só faz sentido quando vivida em conexão plena com Cristo.
Jesus Se apresenta como a Videira Verdadeira, a fonte de toda vida. Assim como um ramo não sobrevive separado da videira, a nossa vida espiritual também depende totalmente d’Ele. É dessa união que vem a seiva que nos sustenta e nos permite frutificar. Nessa parábola, o Pai é o Agricultor, aquele que cuida de cada ramo, observando o crescimento e intervindo para que a frutificação aconteça.
E nós? Somos os ramos. Jesus nos mostra que existem dois tipos: os frutíferos, que cumprem o propósito para o qual foram criados, e os infrutíferos, que permanecem ligados apenas de forma aparente, sem gerar fruto. O destino do ramo infrutífero é ser cortado, perdendo a ligação com a videira e, consequentemente, a seiva que lhe dá vida. Isso representa a morte espiritual: o ramo seca e é lançado ao fogo. Trata-se, portanto, de um alerta claro de que não há lugar na videira para quem se recusa a viver o propósito de Deus.
O ramo frutífero, por sua vez, é podado. O Agricultor remove tudo o que impede a frutificação plena, como folhas, galhos e até frutos que já cumpriram o seu ciclo. Essa poda, muitas vezes, vem em forma de lutas, provações ou disciplina. Embora doa, é uma ação de amor, pois Deus sabe que até mesmo um ramo frutífero pode se encher de orgulho ao olhar para os seus frutos. Ele nos lembra, em Sua fidelidade, que toda glória pertence somente a Ele.
Por isso, Jesus nos convida: “Permaneçam em Mim, e Eu permanecerei em vocês” (João 15:4). Permanecer é mais do que caminhar com Jesus ocasionalmente; é viver n’Ele e permitir que Ele viva em nós. É fazer do nosso coração um templo onde Cristo encontra descanso e habita continuamente. Significa reconhecer que a frutificação não é fruto de talentos, estratégias ou recursos humanos, mas da vida que flui do Tronco para os ramos.
Mas, essa permanência tem um custo. Requer disciplina no tempo de oração e no estudo da Palavra, indo além da leitura superficial e buscando meditação e aplicação prática. Exige renúncia: abrir mão dos desejos da carne e manter um compromisso real com o Senhor e com a Sua obra. É amar e servir com excelência nas tarefas diárias, mantendo comunhão com Deus não apenas nos momentos de necessidade, mas como estilo de vida.
No entanto, é importante ressaltar que as recompensas de permanecer são incomparáveis. Permanecer nos torna discípulos verdadeiros, nos dá acesso às respostas de oração e nos concede uma alegria que não depende das circunstâncias, fruto de uma comunhão constante com Cristo. Permanecer não é um fardo, mas um privilégio, pois é viver conectados Àquele que é a própria fonte da vida.
Portanto, diante dessa verdade, precisamos refletir: que tipo de ramo temos sido? Um ramo frutífero, ligado e cheio de vida, ou um ramo infrutífero, desconectado e prestes a secar?
Que a nossa oração seja sincera e constante: “Senhor, que eu permaneça em Ti todos os dias da minha vida, para que a Tua vida flua em mim e, através de mim, produza frutos que glorifiquem o Teu nome.” Porque a vida verdadeira só floresce quando permanecemos conectados à Videira.