É uma alegria imensa compartilhar meu testemunho com você, leitor da Revista Renascer. Minha história não é comum, pois é marcada por contrastes intensos e por uma transformação que só a graça de Deus pode realizar. O título desse texto: “Do ateliê da perdição ao altar da adoração” resume bem essa jornada: de alguém que usava seu dom para servir ao mundo, até ser completamente alcançado por Jesus e redirecionado para servir ao Reino. Que ao ler estas linhas, você sinta a esperança viva de que Deus ainda transforma histórias, assim como transformou a minha.
Nasci em 1986, em um cantinho escondido no interior de Goiás, no sítio simples dos meus pais. Cresci em um lar cheio de religiosidade, onde santos eram reverenciados, mas o verdadeiro Deus ainda era desconhecido. Mesmo em meio à cegueira espiritual, vivi uma infância feliz. Brincava livre, sonhava alto… e sem perceber, já carregava em mim um dom que me ligava ao meu futuro.
Aos 7 anos, descobri que amava desenhar roupas. Em meio a folhas de caderno e lápis de cor, nasciam meus primeiros croquis. Foi ali, ainda criança, que decidi: “quero vestir pessoas”. Mas o inimigo também viu o meu chamado e tentou deturpar tudo.
Com 10 anos, comecei a lidar com pensamentos confusos. Com 12, tive minha primeira experiência homossexual. Aos 14, me via num abismo de identidade, desejo e culpa. Aos olhos humanos, a minha vida já parecia quebrada. Mas aos olhos de Deus, eu era apenas um vaso em construção.
Mudei para Goiânia aos 17, buscando estudar moda e o que encontrei foi um deserto. Dificuldades financeiras, noites vazias, más companhias e um mergulho cada vez mais fundo em prazeres que só aumentavam o meu vazio. Me tornei o estilista das garotas de programa, criava roupas sensuais e provocantes, que reforçavam o ciclo de exposição e degradação. A verdade é que eu influenciava a prostituição com a arte que Deus me deu.
Mas o céu não desistiu de mim. Em meio a uma depressão profunda, fui alcançado pela misericórdia do Pai. Setembro de 2021 foi o mês do meu encontro com a verdade. Foi quando a graça me despiu da vergonha e me vestiu de propósito.
Jesus não apenas me libertou, Ele redirecionou o meu dom. Hoje, o mesmo talento que antes alimentava o pecado agora serve à santidade. Hoje, visto mulheres de Deus: pastoras, missionárias, diaconisas, cantoras. Hoje, visto a noiva de Cristo.
E a transformação foi além de mim: meu pai, que jamais havia pisado em uma igreja evangélica, se rendeu a Jesus na primeira vez que visitou a congregação onde sirvo. O mesmo Deus que me alcançou, o alcançou também.
Já são quase cinco anos de uma nova vida. Fui liberto da depressão, do álcool, da pornografia. E, todos os dias, recebo força do alto para renunciar a tudo que um dia me prendeu.
Se existe uma verdade que eu posso gritar ao mundo é esta: a graça não só perdoa, ela transforma, reposiciona e envia. Hoje eu sei: fui formado com propósito, e agora, sirvo com alegria Aquele que me tirou da escuridão e me vestiu de luz.
“Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2:9).