Entrevista especial do mês da mulher com Dra. Marcela Rodrigues

imagem: envato

No mês da mulher, a Revista Renascer traz uma entrevista inspiradora com Dra. Marcela Rodrigues, Superintendente Regional da Polícia Federal em Goiás. Mulher de fé e determinação, ela compartilha sua trajetória na segurança pública, os desafios da carreira policial e a importância da presença feminina nesse cenário. Confira essa conversa enriquecedora!

·         Fale um pouco sobre sua atuação profissional:

Atualmente, sou Superintendente Regional da Polícia Federal em Goiás, função que exerço pela segunda vez. Iniciei minha carreira como Delegada Federal em 2004, atuando inicialmente no Maranhão e, desde 2010, em Goiás. Passei por diversas áreas investigativas e administrativas, incluindo defesa institucional, crimes previdenciários, inteligência policial e Interpol. Antes da Polícia Federal, trabalhei no Tribunal de Justiça de Goiás e no Ministério Público Federal, ambos por meio de concurso público. Além da atuação na investigação criminal, exerço um papel desafiador e, muitas vezes, pouco conhecido pelo público: a gestão administrativa e operacional da instituição. A função de superintendente envolve a responsabilidade de gerir orçamento, finanças, recursos humanos e planejamento estratégico, além da interlocução com órgãos de controle e outros poderes. A gestão de pessoas, em especial, é um dos maiores desafios, pois exige não apenas conhecimento técnico, mas também a capacidade de motivar equipes, liderar com empatia e garantir que os servidores tenham condições de desempenhar suas funções com excelência. Esse compromisso de liderar pelo exemplo e valorizar o potencial da equipe tem sido um diferencial na minha trajetória dentro da Polícia Federal.

·         O que a motivou a ingressar na carreira policial?

O interesse surgiu ainda na faculdade de Direito, onde me envolvi com disciplinas da área criminal. Ao concluir o curso, fiz a prova da OAB, mas não atuei na advocacia, pois ingressei no serviço público por meio de concursos. A carreira policial me atraiu por sua dinamicidade e desafios diários. A investigação sempre foi algo natural para mim, um dom que minha mãe já percebia desde a infância. Na Polícia Federal, a diversidade de atuações é enorme, abrangendo desde crimes cibernéticos, previdenciários e eleitorais até combate ao tráfico de drogas e crimes ambientais. Além disso, a carreira policial não se restringe apenas à investigação. Ao longo dos anos, fui assumindo funções estratégicas e de gestão, o que ampliou minha visão sobre a instituição e me desafiou a buscar soluções para o fortalecimento da segurança pública e da própria estrutura da Polícia Federal. O equilíbrio entre o trabalho investigativo e a gestão administrativa é um dos aspectos mais complexos e enriquecedores da minha trajetória.

·         Como foi sua trajetória até se tornar superintendente da Polícia Federal em Goiás?

Percorri um longo caminho até chegar à gestão. Comecei minha carreira no Maranhão, sendo uma das cinco mulheres da minha turma, e morei sozinha pela primeira vez, já casada, mas sem filhos. Após atuar em diversas áreas na delegacia do interior, fui transferida para Goiás em 2010, motivada por uma necessidade médica familiar. Meu primogênito nasceu com um grave problema de saúde, e, sem estrutura adequada no Maranhão, precisei buscar atendimento em Goiânia. Deus, em Sua bondade, me concedeu não apenas a cura do meu filho, mas também uma remoção definitiva para Goiás, onde passei a atuar em diversas áreas, até assumir a Superintendência da Polícia Federal pela primeira vez em 2020 e depois pela segunda vez em 2023 – função esta que ocupo até a atualidade.

·         Quais foram os principais desafios no início da sua carreira? Como você lida com o estresse e as pressões da profissão?

Os desafios foram muitos, tanto pessoais quanto profissionais. Morar longe da família, lidar com escalas intensas e a incerteza sobre quando poderia voltar para Goiás foram alguns deles. O maior aprendizado foi confiar completamente em Deus. Minha trajetória foi marcada por desafios superados pela fé, desde a aprovação no concurso, passando pela luta para reverter uma reprovação médica injusta, até as dificuldades no curso de formação. Aprendi cedo que a única forma de lidar com a pressão da profissão é depender inteiramente do Senhor, que me fortalece em todos os momentos.

·         A carreira policial ainda é predominantemente masculina. Como você enxerga o papel das mulheres nesse cenário?

A presença feminina na Polícia Federal ainda é minoritária, representando apenas cerca de 18% dos cargos. Esse número se deve mais à falta de interesse das mulheres, que muitas vezes enxergam a carreira apenas pelo viés ostensivo. Felizmente, mudanças estão ocorrendo, como a criação de normativas que protegem gestantes e lactantes, garantindo afastamento de missões de risco e permitindo remoção para estarem próximas do núcleo familiar. Essas melhorias são fruto da presença feminina em cargos de liderança, que trazem à tona as peculiaridades da condição da mulher-profissional, ampliando as perspectivas da gestão.

·         Quem ou o que mais te inspira a continuar sua jornada na segurança pública?

Minha maior inspiração vem da certeza de que Deus nos coloca em posições estratégicas com um propósito. No ambiente policial, ainda hostil e masculinizado, precisamos ser vasos de honra, testemunhando que a excelência vem d’Ele. Além disso, me inspiro nas mulheres da Bíblia, que enfrentaram desafios com coragem e fé.

·         O que você diria para aqueles que estão se preparando para ingressar na carreira policial?

A carreira policial é desafiadora, mas apaixonante. Se você tem vocação e interesse genuíno pelas atividades, encontrará realização profissional e um ambiente propício para fazer a diferença. Mais do que um trabalho, essa carreira permite servir à sociedade e viver na prática a justiça e a retidão. A preparação é essencial, mas lembre-se: somente o Senhor pode trazer êxito e satisfação naquilo que fazemos. Se essa é sua missão, confie n’Ele e siga em frente!

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