Geração canguru: a independência cada vez mais tardia

imagem: envato

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A cada década que passa descobrimos que o processo evolutivo do mercado vai se transformando, surgindo diferentes gerações de trabalhadores, que se destacam em seus perfis singulares e que norteiam a tendência do mercado econômico nestas diferentes épocas. Já passamos pelas seguintes gerações:

GERAÇÃO “BABY BOOMERS” – Nascidos depois da Segunda Guerra Mundial, aproximadamente entre os anos de 1946 e 1964, também conhecida como “Geração Eu”, muito ativos, por sinal.

GERAÇÃO “X” – Em 1965 nasce uma Geração que se mostra cética em quase tudo, e que prefere contratos informais de trabalho, tornando-se menos leais à empresas do que a geração anterior. São os filhos de pais divorciados, ou filhos de mães que trabalham fora.

GERAÇÃO “Y” – Formada por pessoas que nasceram entre meados da década de 70 a 80. É uma geração que oferece respostas mais rápidas e possui uma capacidade maior de criar novas soluções. 

GERAÇÃO “Z” – Esta geração surge entre 1984 e 2000 e assume como lema de vida: “consumo, logo existo”. As pessoas dessa geração são amantes da velocidade e buscam informação a todo instante, e o sentimento de estar insatisfeito e incompleto sempre faz querer algo mais.

Temos vivido o advento de uma geração nova. Eis que surge a GERAÇÃO “CANGURU” – A geração dos verdadeiros “Filhinhos de Papai e Mamãe”, pois é formada por indivíduos com idade entre 25 a 34 anos, sendo 40% mulheres e 60% homens conforme pesquisa feita pelo IBGE, e que vivem na casa dos pais, por não se acharem preparados para a vida. Os cangurus são os filhos que abandonam as faculdades e que se perdem em assuntos diversos. É chamada de Geração Canguru porque são indecisos no curso que querem, e constantemente vivem saindo do emprego, além de não conseguirem se firmar em lugar nenhum, pois não gostam de ser contrariados.

Essa geração oriunda da classe média está cada vez mais indecisa, insegura e desconectada do seu próprio eu. Não sabem quem são, por mais que estejam no conforto da casa dos pais, recebendo proteção em um ambiente muito cômodo.

Existe um ditado popular muito utilizado que é o seguinte: “criamos os filhos para o mundo”. Mas, essa não é a realidade da atualidade. Devido à violência e ao próprio medo da família em “liberar” os seus filhos, é certo que poderíamos dizer que o “x” da questão está aí.

No entanto, mesmo diante dessa problemática e da possível superproteção dos pais, a minha experiência como profissional em coaching tem me mostrado que muitas pessoas, dessa e de outras gerações, não estão conseguindo decidir e fazer escolhas assertivas, e consequentemente concretizar os seus sonhos. Eles não compreendem de fato suas origens, seus comportamentos, valores e princípios que norteiam suas vidas. E por essa razão, preferem viver no conforto e comodismo de seus lares, (apoiados ou não por seus pais) do que buscar o seu próprio espaço.

Você pode até achar isso estranho – uma pessoa nessa situação favorável não saber responder quem ela é – porém eu vejo isso da seguinte forma: não deveria ser normal que muitos jovens dessa geração estejam vivendo assim, no entanto, a cada dia isso é mais comum acontecer.

A internet trouxe muitos avanços e um deles, sem dúvida alguma, foi a informação, mas ela está sendo consumida em excesso e de forma desordenada ao ponto de confundir essa geração. É tanta informação que eles não sabem lidar com ela.

Há um tempo atrás não existiam tantas opções para o mercado de trabalho. Antes tínhamos o curso de Administração de Empresas e agora são várias as sub áreas desse curso: Hoteleira, Marketing, Gestão de Pessoas, Gestão de Negócios, Administração Pública, Logística, etc. Outro curso é o de Engenharia que havia pelo menos três opções: Civil, Elétrica e Mecânica. Nos dias de hoje já temos Mecatrônica, Materiais, Petróleo, Estruturas, Segurança do Trabalho, Ambiental, etc.

A verdade é que já houve, outrora, gerações que se importavam muito com o momento em que seus filhos sairiam de casa e, com isso, os preparavam transmitindo valores sólidos e muita orientação. A base da informação vinha da família. Tinham uma preocupação acerca da maneira com que eles se comportariam e lidariam com as pessoas de fora de casa, e inclusive de que forma constituiriam suas famílias. Agora, a tônica é outra, pois não estamos mais criando nossos filhos para o mundo, e sim para nós mesmos.

Temos que rever os alicerces da família. Na verdade, precisamos rever o próprio conceito e atuação da família no desenvolvimento de seus filhos. Essa geração está sendo tardia em tomar decisões e consequentemente em sair de casa rumo a construção de sua própria vida. Assim, a permanência prolongada deles dentro de casa não está contribuindo para serem indivíduos mais preparados e conscientes de quem são e do que podem fazer.

No passado, muitas escolas tinham o dia da profissão. Eu mesmo, inclusive já assisti isso em muitos filmes da sessão da tarde. Nessa ocasião, cada filho levava o seu pai, ou quando ele não podia ir, o próprio filho apresentava o que o pai fazia enquanto profissão. Tinha os filhos de bombeiros, advogados, médicos, professores, corretores, marceneiros, etc. Isso era maravilhoso! Os filhos sentiam orgulho de seus pais e do que eles faziam, até porque havia muito diálogo e troca de experiências dentro de casa para que isso florescesse. Os filhos reconheciam os seus pais.

Hoje, tudo é conectado e encontrado na internet, porém ainda assim a responsabilidade de preparar nossos filhos e de conduzi-los a responder quem são e o que podem fazer é nossa, como pais. Mesmo que a nova realidade de espaço, tempo, socioeconômica e cultural tenha sofrido alterações em virtude do avanço da tecnologia, nós somos os responsáveis em preparar essa e as futuras gerações. Caso contrário, os cangurus, sem dúvida alguma vão preferir o aconchego e segurança de seus lares e vão permanecer, ao invés de sair e desbravar o seu próprio destino criando assim uma nova história, realidade e gerações com personalidade marcante.

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