Nos últimos anos tenho refletido sobre o que Deus fez em minha vida após minha decisão de casar, decisão que foi tomada aos 20 anos de idade. Do ponto de vista de maturidade e experiência, não estava preparado para tão grande responsabilidade. Aos 24 anos me tornei pai de meu primeiro filho, e essa experiência foi um misto de alegria e responsabilidade. Alegria pelo privilégio da paternidade, porém carregado de responsabilidades, pois entendo que Deus me deu uma missão e eu não poderia falhar. Mas como não falhar? Que conhecimento eu detinha sobre ser pai que me garantiria sucesso nesta tarefa?
Acredito que a descrição acima é similar à da grande maioria dos pais, porque não dizer da totalidade. Portanto, o objetivo deste texto não é nos centralizarmos em nossas deficiências, mas na graça que Deus nos dá para o exercício desta missão.
A compreensão da paternidade passa pelo entendimento de que Deus é o Pai de todos e por meio de quem toda família toma o nome: “Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família (no grego, pátria, derivado diretamente da palavra “pai”), tanto no céu como sobre a terra” (Efésios 3:14-15).
Quando voltamos nosso sentido para a Palavra de Deus e principalmente para o novo testamento, vemos que a paternidade é um dos grandes temas da Bíblia. Veja como Jesus instrui seus discípulos na forma como deveriam orar em Mateus 6:9: “Vocês, orem assim: Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome”. Ao longo do Seu ministério terreno, Jesus nos apresentou Deus como nosso Pai, e por ocasião de sua subida aos céus Ele disse: “…Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês“.
A paternidade de Deus é o grande fato por trás de toda a criação. Existe um Pai que é o nosso Deus e Nele todas as coisas subsistem. Foi um Pai que criou o universo e que deixou a sua marca de paternidade em todos os aspectos do universo.
A paternidade não foi começada na terra, mas no céu. Não começou no tempo ou na história humana, mas na eternidade. Portanto, toda paternidade no universo deriva-se da paternidade de Deus.
Deus é o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo. No Evangelho de João está escrito: “No princípio…o Verbo estava com Deus” (João 1:1). Isso foi antes da criação. O Verbo Divino, o eterno Filho de Deus, estava com o Pai. A Escritura diz que estava no seio do Pai, e esse relacionamento íntimo e pessoal entre Deus e o Filho existiu antes da criação.
Este fato é um aspecto absolutamente singular da revelação cristã, pois torna o cristianismo diferente de qualquer outra religião que você possa encontrar no mundo. Revela algo peculiar e distinto sobre a natureza Divina. Em Deus, eternamente, existe paternidade e relacionamento.
É neste ponto que reside o cerne deste texto, quando entramos na plenitude desta revelação de Deus e nos relacionamos com Ele como nosso Pai, recebemos uma graça que notoriamente falta na experiência emocional da maioria das pessoas da nossa cultura. Há três coisas que resultam desta revelação e relacionamento, são elas: identidade, senso de valor próprio e segurança.
Somente um homem que reconhece Deus como seu Pai, e que desfruta de um relacionamento íntimo com Ele, pode transmitir um senso de identidade aos seus filhos. Um rápido olhar sobre as pessoas é o bastante para percebermos que este é um problema muito crítico para a maioria delas.
Existem muitas histórias em que pessoas procuraram durante muitos anos pistas de quem realmente eram seus pais e de onde vieram. Nesse sentido, tanto as Escrituras quanto a Psicologia concordam que alguém nunca será capaz de realmente responder à pergunta: “Quem sou eu? ”, até descobrir quem é o seu pai.
A resposta do cristianismo e os fundamentos da paternidade para esta crise é levar homens e mulheres a um relacionamento direto e pessoal com Deus Pai, através de Jesus Cristo, o Filho. As pessoas que realmente conhecem a Deus como Pai não têm mais problema de identidade. Sabem que são filhos de Deus. Seu Pai criou o universo, os ama e cuida deles.
Um pai desprovido de habilidades, mas conhecedor desta graça, gera filhos com uma identidade consolidada em Deus Pai. Por consequência, o filho sabedor de quem ele é, nutre um senso de “Amor Próprio”, uma vez que realmente compreendemos que somos filhos de Deus, que Deus nos ama íntima e pessoalmente, que está interessado em nós, que nunca está ocupado demais para nos dar sua atenção e que deseja um relacionamento direto e pessoal conosco, gerando uma clara consciência do nosso próprio valor.
Veja que a ênfase não está na perfeição do homem (pai), mas sim no reconhecimento, na apropriação da verdade revelada pela Graça de Deus Pai para conosco.
Por fim, filhos conhecedores de sua identidade, com senso de amor próprio, são filhos seguros, que se tornam homens fortes e capazes, pois estão alicerçados em princípios que não são terrenos, mas espirituais. Estes princípios lhes foram comunicados por um pai imperfeito, mas que conhece e vive em íntima comunhão com seu Deus e PAI.
Concluo dizendo: “A paternidade é um dom de Deus, é uma missão de excelência que requer esforço, determinação, visão, perseverança, compreensão, responsabilidade e muito amor”.
Que o Espírito do Senhor te ajude nesta gloriosa missão.
Feliz Dia dos Pais!