Os propósitos preenchem o vácuo existencial da narrativa bíblica da criação. O trecho de Gênesis 1:1-2 – “No Princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia” – induz, em uma leitura menos pretensiosa, que Deus criou algo sem forma e vazio. No entanto, nada que foi criado por Deus é sem propósito.
No texto de Isaías 45:18, vemos que Deus sustenta a tese de que Ele não criou a terra vazia, mas sim para ser habitada.
“Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não há outro”.
Entendemos dessa passagem que havia um propósito, uma finalidade quando o Altíssimo criou a terra, ou seja, Ele a criou para que fosse habitada, plena e cheia. Mas, por que Deus queria um lugar assim? A Bíblia registra que existe uma expectativa em relação a Sua criação. Entende-se que os filhos de Deus manifestam a Glória d’Ele (Romanos 8:9), e isso explica porque o Senhor criou a terra para ser povoada.
Em direção a manifestação da Glória de Deus sobre os Seus filhos, acontecem ações Divinas que são chamados de dias de criação, os quais não podem ser dias de 24 horas, pois os astros que marcam as 24 horas dos dias na terra, somente foram criados por Deus no quarto dia.
Assim, a Bíblia estabelece uma ordem para cumprir o propósito da criação: os três primeiros dias dão forma e nos três dias seguintes preenchem o vazio. Os dias, relatado por Moisés, autor inspirado pelo Espírito Santo do livro de Gênesis, indicam um sentido de obra completa, pois após cada dia criado, o Senhor avaliava e chancelava com a Sua aprovação: é boa, no sentido de completa, plena.
Interessante destacar que no sexto dia isso não aconteceu! O texto registra que Deus avalia a obra no meio do dia, deixando a criação do homem sem a mesma chancela. Não que a obra realizada não fosse boa, mas o Senhor deixou a completude da obra por conta da própria criatura, ou seja, do próprio homem. É exatamente nesse ponto que se entende que o homem somente completa a criação quando cumpre o Seu propósito.
Glorificar a Deus é o propósito macro, ou seja, para toda criatura. Porém, o seu propósito específico de vida, fará com que o homem cumpra a expectativa dos céus, manifestando assim a Glória de Deus.
“Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória”. (Colossenses 1:27)
Assim é a aventura do homem, criatura de Deus, que busca a completude da obra, ao ponto de Deus achar prazer em suas ações: “Este é meu Filho Amado em quem me comprazo”. (Mateus 3:17). Deus viu que a obra do sexto dia era boa, completa e se agradou dela.
Eclesiastes 3:11 afirma que tudo que Deus fez é formoso em seu tempo.
Dessa forma, entende-se que o tempo é o fator principal para o cumprimento do propósito de Deus. Mas, o que o tempo não faz?
Em primeiro lugar, é interessante destacar que o tempo não tem o poder de perdoar pecados, pois se tivesse esse poder, não seria necessário Jesus morrer na cruz, era somente o homem viver mil anos e tudo estaria resolvido. A Bíblia nos fala de homens, como Adão, por exemplo, que viveram por muitos anos, porém assim mesmo foi necessário o envio do filho unigênito para salvar a humanidade.
Em segundo lugar, o tempo também não sara feridas interiores, se essas não estiverem devidamente limpas. Mas então, qual é o propósito do tempo? O tempo age para nos convencer que Deus tem um plano que irá se cumprir.
O Senhor espera (digo como se o tempo passasse para Ele), que nós nos convertamos a cada dia aos Seus propósitos, e assim dependamos única e exclusivamente d’Ele. Assim, Deus usa o tempo para que possamos nos render a Sua soberana vontade. Em um breve futuro, Ele nos avaliará e dirá também ao nosso respeito: “Este é meu filho amado, esta é minha filha amada, em quem me comprazo”.
Que o Senhor olhe para nós e veja que valeu a pena o sexto dia da criação.
Deus abençoe você e sua família!