Medo? De quê?

“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”. (Salmo 23:4).

O medo é um sentimento natural, e em certa medida até importante, instintivamente falando. Somos dotados com a capacidade de ter medo para a nossa própria proteção, em situações que imponham risco à nossa vida, família, e porque não dizer à nossa espécie?

Você geralmente vai hesitar ao subir em uma plataforma muito alta que não oferece segurança, não é mesmo? Dificilmente confiaria a vida de uma criança sob os cuidados de um completo estranho, e duvido muito que seria capaz de comer um doce ou uma comida recebida de algum desconhecido na rua.

Podemos dizer que essa é a parte na qual o medo se faz necessário, exatamente ao assumir uma posição de capacitador na hora de tomar pequenas decisões que tenham a ver com a nossa integridade física e vida em sociedade, e por isso esse sentimento nos foi dado por Deus.

O problema é quando o medo se torna em um fator para além do instinto e dos pequenos cuidados corriqueiros, e passa a ser um árbitro em nossa maneira de olhar a vida e pensar o futuro. O medo tem um poder paralisador, pois nos faz renunciar a sonhos, projetos, planos, e o pior, a nossa dependência de Deus.

Em tempos de “vale da sombra da morte”, de profundas instabilidades como os que vivemos agora, onde precisamos conviver com doenças desconhecidas, pandemias, guerras, e fragilidades políticas, todos esses fatores podem se tornar forças catalisadoras para o medo, e através dele alimentar aquilo que temos chamado de mal do nosso século: a ansiedade.

A ansiedade pode ser vista, em boa parte, como o medo do futuro, ou medo de pensar no futuro, ou ainda medo do que nos espera nele. É também a tentativa de controlar ou prever, por medo, algo que está para além do presente que de fato temos nas mãos, e acaba por nos fazer estar na pior conjuntura possível. Esse medo paralisa o presente e inviabiliza a construção do porvir.

Quando somos movidos pelo medo e nos tornamos ansiosos, perdemos a oportunidade de ter a experiência do salmista, que nos é compartilhada no texto do Salmo 23. Estar diante de um vale da sombra da morte, ou seja, cercado por todas as improbabilidades e riscos possíveis, e ainda assim confiar em Deus, é algo que não pode ser vivido quando o medo se torna a matéria-prima das decisões e a lente dos olhos de nossos corações.

Tudo isso só pode ser vivido por meio da fé! Esse é o verdadeiro alicerce sobre o qual o cristão deve tomar as suas decisões e construir sua vida. Por isso, a Palavra de Deus nos fala que nós “andamos por fé e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5:7) e que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6). Justamente porque o Pai espera de nós um olhar e uma postura de fé, mesmo diante dos maiores desafios e perante os vales mais assustadores.

Essa fé diante das improbabilidades é que irá impactar, não apenas o nosso futuro individual, ao ver surgir o resultado impossível e sobrenatural, mas também ao fazer disso uma oportunidade de que outros vejam e creiam que Ele é o Senhor, e que a eternidade está na palma de Suas mãos.

Precisamos nos recordar sempre que os “vales da sombra da morte” representam mais do que uma instabilidade, mas que, no entanto, são as melhores oportunidades de sermos provados e aprovados. Na tribulação é onde temos o nosso caráter transformado à imagem de Jesus, e adquirimos testemunhos substanciais que irão impactar para além de nós mesmos. Assim, serão pequenos tijolos a construir a eternidade no coração de outras pessoas.

Por isso, como lemos incansavelmente nas Escrituras, não temas! Mesmo quando estiver sob o improdutivo, arredio e inconstante mar da vida, sem conseguir alcançar o objetivo desejado, lembre-se que Jesus já está na praia, com tudo preparado: pão e peixe sobre a brasa, nos convidando a sentar, cear com Ele em meio a uma conversa sincera, onde podemos nos despir de nossa incredulidade, medo e ansiedade, para vivermos o melhor que a vida pode nos oferecer, pois a Sua presença é perfeita e incomparável.

O ano de 2024 está às portas, e pouco a pouco você será convidado por sua consciência a planejar os próximos projetos e metas. Lembre-se então das palavras de Deus para Josué, e faça delas um mandamento fiel do Senhor em sua vida:

“Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois, o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”. (Josué 1:9).

Deus abençoe a sua vida!

Jhonatan Cruz

Empresário do ramo de comunicação, marido da Sara, pai da Melissa, pregador do Evangelho e Teólogo em formação.

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