Neste mês dedicado à saúde do homem, a Revista Renascer abre espaço para uma conversa franca e necessária sobre prevenção, fé e autocuidado. O Novembro Azul vai muito além da cor: é um lembrete de que a verdadeira força está em reconhecer limites, buscar ajuda e valorizar o corpo como templo de Deus. Conversamos com o urologista Flávio Marques dos Santos, que falou sobre os principais desafios da prevenção ao câncer de próstata, a importância da informação e o papel da fé e da família no enfrentamento das doenças. Confira:
- Por que ainda existe tanta resistência entre os homens quando o assunto é prevenção do câncer de próstata?
 
Infelizmente, os homens ainda não têm uma cultura de autocuidado como as mulheres. Fatores como medo, desinformação e o mito do “super-herói” contribuem muito para isso. Muitos homens foram educados para não demonstrar vulnerabilidade, e acabam evitando procurar ajuda, mesmo quando percebem que algo não está bem. O resultado é o atraso nos diagnósticos e o aumento de complicações que poderiam ser evitadas com uma simples consulta.
- Quais são os principais exames indicados na prevenção e com que frequência devem ser realizados?
 
O exame de PSA e o toque retal ainda são os mais importantes, pela sua efetividade e simplicidade. Dependendo do caso, o urologista pode solicitar exames complementares, como ressonância magnética ou biópsia da próstata. Por isso, é essencial que o acompanhamento seja feito com um profissional especializado, pois é ele quem tem a capacitação adequada para identificar alterações e conduzir a investigação de forma segura. No Brasil, devido à alta incidência da doença, recomenda-se que o preventivo seja feito uma vez por ano.
- Além do câncer de próstata, quais outras questões urológicas merecem mais atenção?
 
A urologia é uma especialidade muito ampla e acompanha o homem em todas as fases da vida. Entre os temas que merecem destaque estão o desenvolvimento sexual, a fertilidade, a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, o equilíbrio hormonal e as consequências do uso indevido de testosterona. Também é preciso atenção à saúde dos rins e à prevenção de cálculos urinários. Outro ponto comum é a hiperplasia prostática, que não é câncer, mas causa aumento da próstata e sintomas incômodos como dificuldade de urinar, infecções urinárias e perda de qualidade de vida. Além disso, é importante lembrar de outros tipos de câncer que atingem o aparelho urinário, como os de rins, bexiga e testículos, e que também exigem diagnóstico precoce.
- De que forma a fé e o apoio da família podem ajudar no enfrentamento de um diagnóstico difícil?
 
Na minha experiência diária, percebo que a fé e uma rede de apoio, seja familiar, seja de amigos, são fundamentais para uma boa aceitação e um melhor enfrentamento da doença.
A medicina já comprovou que o estado emocional e a atitude de fé têm impacto direto na recuperação pós-operatória e reduzem os efeitos colaterais de tratamentos longos ou agressivos.
A fé fortalece o sistema imunológico, dá ânimo e renova a esperança. É uma força que move o corpo e o espírito.
- Que mensagem o senhor deixaria para os homens que ainda adiam o cuidado com a própria saúde?
 
Cada fase da vida guarda momentos únicos, mas em todas elas a saúde é um bem que precisa ser buscado e preservado. Procurar ajuda não é vergonha nem sinal de fraqueza, é um ato de responsabilidade e sabedoria. Também é essencial educar os meninos desde cedo a cuidarem do corpo e a enxergarem a consulta médica como algo natural. Assim criamos uma cadeia de prevenção que se estende por gerações. E, para os homens de fé, deixo um lembrete importante: nosso corpo é templo de Deus. Cuidar dele é uma forma de gratidão pelo dom da vida. Só com saúde podemos servir, amar e construir o Reino de Deus com excelência.