O olhar de Jesus

imagem: envato

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“A mulher samaritana lhe perguntou: “Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?”. Jesus lhe respondeu: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva”.

 (João 4:9-10).

Para essa edição da Revista Renascer, desejo promover uma reflexão sobre um dos elementos que mais me chamam a atenção na leitura das Escrituras Sagradas: o olhar de Jesus Cristo. Isto é, o seu modo de enxergar as circunstâncias ao seu redor e a sua percepção diante daquilo que apenas Ele era capaz de identificar.

A narrativa bíblica que trago de exemplo é a descrita no quarto capítulo do Evangelho de João, uma história conhecida por nós cristãos, a da mulher samaritana. Lendo os primeiros versículos do capítulo, vemos que Jesus comunica aos seus discípulos que era preciso uma mudança de rota, pois deveriam passar pela região de Samaria. Aparentemente, não havia motivos para aquela decisão, mas Cristo estava sendo orientado por algo muito maior do que os olhos dos seus discípulos poderiam entender naquele instante. Ele estava sendo movido por um propósito.

A decisão de Cristo não era baseada em fatores geográficos, tampouco em questões de segurança ou de economia de tempo. Aqui, podemos aprender uma valiosa lição: é esperado que sejamos capazes de viver com um propósito ao longo de nossa caminhada cristã. Portanto, não devem os sentimentos ou circunstâncias serem os fatores que determinam o curso dos nossos passos.

É notório que ao fazermos tal decisão, muitas mudanças são exigidas. Muitas vezes, não estamos prontos para vivê-las ou mesmo para aceitá-las. Com as palavras de Jesus, que anunciava a passagem por Samaria, sua  rota foi alterada por um propósito.

A partir do momento em que passamos a viver por propósitos, nos desvencilhamos de tabus, medos e conceitos de religiosidade que trazemos no decorrer das nossas vidas. Para os olhares humanos, não haveria nada de bom ou proveitoso em Samaria.

É importante entender que naquele contexto, os judeus não possuíam um bom relacionamento com os samaritanos, vistos por eles como um povo impuro, de certa forma. A mulher encontrada por Jesus, uma prostituta que já havia se casado cinco vezes, estava ainda mais fora dos parâmetros de aceitação.

Jesus e seus discípulos se dirigiram para um poço onde as mulheres da região costumavam ir para retirar água para usos pessoais. No entanto, partem para o local no horário onde não era o de costume para as mulheres estarem ali. Estaria Jesus no local errado, na hora errada, com as pessoas erradas?

A verdade é que, muito provavelmente, aquela mulher, que seria encontrada pela pessoa de Cristo, não tinha um bom relacionamento com as outras mulheres daquela região. Ela precisava ir sozinha para o poço de água, em um horário diferente das demais. Jesus Cristo sabia que era exatamente essa mulher a ser encontrada.

A visão humana é limitada e falha, afinal, um homem nem deveria estar conversando com uma mulher prostituta naquele período. Para o mundo, tratava-se de alguém descartável. Ainda hoje, muitos podem deixar-se levar pelo o que parece fazer sentido, o que parece agradável aos padrões humanos. Observe o seguinte trecho do relato bíblico com o diálogo entre Cristo e a mulher samaritana:

“A mulher lhe disse: “Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água”. Ele lhe disse: “Vá, chame o seu marido e volte”. “Não tenho marido”, respondeu ela. Disse-lhe Jesus: “Você falou corretamente, dizendo que não tem marido. O fato é que você já teve cinco; e o homem com quem agora vive não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade”. Disse a mulher: “Senhor, vejo que é profeta”’.

(João 4:15-19).

Quando retorna para a cidade, a mulher anuncia a experiência que tivera com aquele homem que agora ela reconhecia como Messias. Diante do seu relato, o povo da cidade se impressiona e grande parte se maravilha com a evidente mudança percebida na vida daquela mulher. Muitos se dirigem até a Cristo, que é então convidado a passar um período naquela região. “Agora cremos não somente por causa do que você disse, pois nós mesmos o ouvimos e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo”. (João 4:42). Essas foram as palavras ouvidas por Cristo, resultado do seu agir na vida de uma única mulher.

Essa é justamente a especialidade de Jesus: transformar o que aparentemente é descartável e desempenhar um trabalho de maneira individual. Uma mulher que vivia a serviço do diabo e do pecado, desprezada pela sociedade, agora tornou-se capaz de arrastar multidões. Irmãos, os ramos dão frutos não pelo seu esforço ou pelo seu trabalho, mas simplesmente por estarem conectados na videira.

Analisando essa história bíblica percebo que a razão de muitos não darem frutos é por não estarem ligados a videira como precisam estar. É impossível estar conectado à videira e não produzir frutos. Jesus desviou sua rota, seguiu um propósito, para alcançar apenas uma única pessoa. A sua ida não foi motivada por uma multidão, mas pela vida de uma única pessoa. Ele a resgatou e a curou. Sua vida foi enxertada na Oliveira e se tornou capaz de produzir frutos duradouros.

Gostaria de fazer uma pergunta a você, leitor da Revista Renascer, você acha que foi chamado por acaso? Eu tenho absoluta certeza que não! Caso verifique que não está produzindo frutos, a misericórdia do Senhor está sobre você, para que comece a produzi-los.

Podemos estar convictos de que o olhar de Cristo sobre nós não é o de quem vê multidões, mas Daquele que enxerga a individualidade presente em seus filhos. Ele contempla as nossas necessidades específicas, como quem vê o propósito de cada ramo.

A mulher samaritana nem mesmo possui um nome para nós, mas está marcada profundamente nas Escrituras.

Com essa reflexão, desejo que pense sobre o seu modo de vida: você está deixando os dias passarem sem que considere o seu propósito? O Senhor não nos chamou apenas para viver no aconchego dos nossos lares ou para prosperar na Terra. Todavia, nos chama para florescer e dar muitos frutos, conectados na Videira verdadeira. Uma vez que somos impactados pela Graça de Deus e pelo olhar de Cristo, é impossível vivermos da mesma maneira.

Deus te abençoe!

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