O papel sacerdotal do homem

A humanidade tem vivenciado, ao longo dos anos, uma mudança drástica na figura masculina. Indiscutivelmente, o fim dos tempos não tem medido esforços para destruir, dia após dia e em todos os sentidos, os conceitos da identidade masculina — papel, funções e propósitos.

A identidade do homem, do pai e do marido, assim como suas referências, estão se fragmentando e entrando em colapso. Com isso, vivemos um tempo em que nós, homens, estamos cada dia mais enfraquecidos e doentes. Chegamos aos quarenta anos de idade sem saber o que queremos da vida, enquanto as mulheres estão mais decididas, estudando mais e muitas concluindo a segunda faculdade.

Vemos um retrato dessa situação em uma pesquisa realizada no Reino Unido, que demonstra  o início da maturidade masculina  somente a partir dos 43 anos, enquanto para as mulheres, é a partir dos 32 anos de idade. Ainda de acordo com essa pesquisa, 80% das mulheres entrevistadas acreditam que os homens sempre serão infantis.

Vivemos em uma geração de homens doentes, o que também adoece toda a sociedade. Quando o homem sai da sua posição, ou deixa de assumi-la, a mulher tende a suprir essa debilidade. A princípio pode até parecer certo que a mulher assuma o lugar do marido que não esteja liderando a sua casa por alguma razão, contudo, na prática, isso tem trazido dor, cansaço e destruição a longo prazo.

De acordo com CENSO realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 39,3% de todos os lares urbanos são literalmente carregados por mulheres. São elas que sustentam a casa, criam os filhos, gerenciam as finanças e suportam psicologicamente uma carga que não é delas. Ainda de acordo com o IBGE, 87,4% das famílias monoparentais, ou seja, famílias com ao menos um filho e a presença somente da mãe ou do pai, é chefiada apenas pela mulher.

Sempre digo que um homem que não tem a capacidade de sustentar a própria família, não poderia estar casado. Ele é responsável por prover tudo em sua casa. Tudo! E não me refiro apenas ao financeiro, mas realmente a tudo o que sua família precisa, principalmente sua postura como homem. Em conversas com outros homens, infelizmente muitas vezes percebo que, para eles, o fato das contas estarem em dia e a despensa abastecida, já está de bom tamanho. Isso faz parte sim, mas não é o todo.

O que tenho percebido é um distanciamento cada vez maior entre o que é ensinado nas Escrituras e o conceito do que é ser homem nos dias atuais. Estou cada dia mais convencido de que não há outra forma de transformar, fortalecer e restaurar a nossa sociedade que não seja através da consciência daquilo que de fato é a identidade masculina.

Não haverá mudança na família, em todos os sentidos, enquanto o homem não tiver plena convicção da sua identidade e se posicionar corretamente em seu próprio lar.

Diante de um tempo de enfraquecimento masculino, ouso dizer que o maior roubo, o crime mais devastador que o Diabo produziu na humanidade, foi o de destruir o homem como sacerdote e guardião de sua família.

E todo homem — seja ele solteiro com o desejo de casar, ou já casado — que não busca saber em Deus o que significa ser um sacerdote em sua casa, já está em profunda falta, porque não está exercendo aquilo que Deus deixou como sua missão.

Portanto, entenda que ser o sacerdote da casa não é apenas um privilégio na vida do homem, tampouco é uma posição hierárquica da qual devemos nos vangloriar. É, na verdade, uma herança dada por Deus que nos coloca em uma posição de responsabilidade. Responsabilidade essa que não pertence a ninguém da casa, senão ao homem, e que deve ser cumprida com afinco.

Eurípedes Mendes Filho

Pastor, escritor, conferencista e conselheiro. e-mail: preurípedes@jocum.org.br

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