Há algum tempo tenho atuado de forma direta com famílias, seja por minha atuação profissional como advogado que milita na área do Direito de família, ou ainda, por estar como pastor de ministério há cinco anos. Nesse contexto, tenho percebido continuamente a deterioração da instituição familiar, e infelizmente, é notório que a Igreja do Senhor Jesus vem importando para seu cotidiano uma série de comportamentos e costumes que são relativizados pelo mundo.
Dessa forma, esse texto é um alerta, uma provocação intencional para criarmos um raciocínio crítico e analisarmos nosso modo de “ser família”. Será que os nossos alicerces estão realmente firmados na rocha que é Cristo?
A verdade é que em algum infeliz momento, passamos a agir como se não tivéssemos feito compromissos conjugais diante de um Deus eterno e imutável, e começamos a relativizar e aceitar comportamentos e ações que são severamente confrontados pela Sã Doutrina, e neste momento é que se torna exposto o lugar onde os nossos alicerces foram firmados.
Quero trazer alguns dados que têm me intrigado muito, vejamos: só no ano de 2021, o Brasil registrou 386,8 mil divórcios. Esse número, segundo o IBGE, é 16,8% maior do que no ano anterior, e isso é considerado uma explosão de divórcios.
O cristão também passou a encarar o divórcio como uma solução terminativa para o contrato conjugal, pois importamos do mundo as tais ferramentas e passamos a utilizá-las com mais frequência. Assim, o progressismo passou a dialogar com o povo cristão, e nesse diálogo sedutor, nos agarramos e nos apaixonamos por essa “facilidade” de resolver problemas.
A crise cultural de nossos dias, porém, é apenas sintomática de uma crise espiritual profunda que continua a corroer os fundamentos de valores sociais, outrora considerados comuns. Se Deus, o Criador, instituiu de fato casamento e família, conforme a Bíblia ensina, e se há um ser maligno chamado Satanás que guerreia contra os propósitos criadores de Deus neste mundo, não deve causar espanto que os alicerces Divinos dessas instituições estejam sob ataque cerrado do maligno nos últimos anos.
Quer percebamos ou não, nós, seres humanos, estamos envolvidos em um conflito espiritual cósmico entre Deus e Satanás, no qual o casamento e a família são áreas de suma importância, tornando-se cenário para batalhas espirituais e culturais. Portanto, se a crise cultural é sintomática de uma crise espiritual subjacente, a solução também deve ser espiritual, e não apenas cultural.
A Palavra do Senhor nos tem orientado quanto a prudência e a insensatez, vejamos o texto bíblico de Mateus 7:24-29. Sei que parece clichê trazer essa citação, entretanto, tenho entendido que não há nada de novo na Palavra do nosso Deus, o que de fato traz mudança em nossas vidas é a aplicação dessa palavra.
Perceba: o homem prudente passará por adversidades, terá desafios e será colocado em situações de perigo. Entretanto, os alicerces estabelecidos por esse homem o fará suportar as intempéries, exatamente porque ele se atentou para os fundamentos. Assim, ele colocou em prática a velha e viva Palavra de Deus, e por esse motivo, estará firme e seguro.
No IBR MUSIC, ministério de louvor da Igreja Batista Renascer, falamos muito sobre família. Podemos ver que a grande maioria das pessoas que integram o ministério de louvor da nossa igreja, servem exatamente em família. Temos muitos casais como obreiros, e a nossa orientação é sempre clara e objetiva: “Seu primeiro ministério é a sua família, não a troque por nada. Ou seja, sirva a Deus, seja um servo fiel, mas não tire os olhos de sua família, pois uma coisa não milita contra a outra”.
O Apóstolo Paulo, ao escrever aos Colossenses, orientou aquele povo quanto à necessidade de estarmos entrelaçados, enraizados e alicerçados em Deus. É impossível, ou ainda, irresponsavelmente possível, querermos ter uma família abençoada e viver os planos de Deus como família, se as nossas bases não são bíblicas e se a nossa esperança está naquilo que podemos fazer e prover.
Desse modo, é necessário trazermos para nossos relacionamentos a intencionalidade de vivermos como família de forma proposital, de convivermos com nossos filhos a fim de ensiná-los quem é Deus, e levá-los a entender e reconhecer a soberania de Deus.
Por óbvio, há situações muito específicas onde o divórcio é orientado no meio cristão, entretanto, a dissolução familiar deve ser a última consequência. Mas, infelizmente, vemos a naturalização dessa ideia no mundo, onde a dureza do coração (Mateus 19:8) tem tomado o lugar do diálogo.
Portanto, precisamos investir tempo no relacionamento, seja ele conjugal ou com os nossos filhos, pois esse é o verdadeiro alicerce. Acredite: ainda há tempo de estabelecer alicerces firmes em Deus e desfrutar do que Ele tem para nós como família.