Pais: estamos preparados para usar e aptos para ensinar nossos filhos a navegarem sem riscos na internet? Esta pergunta provavelmente trará um intraquestionamento. A conscientização da ética virtual é tão necessária quanto educar os nossos filhos, pois as consequências do que fazemos na internet são reais.
Delinearei algumas fases de cada faixa etária na sociedade digital, desde a primeira inserção de imagens de bebês, crianças e adolescentes no mundo virtual.
Há bebês que ainda estão dentro da barriga da mãe, com quatro meses de vida intrauterina e já têm conta no Facebook com trezentos amigos virtuais. Os pais acham interessante os amigos virtuais conversarem com o bebê através das imagens do exame de ultrassonografia publicada na rede social. A ideia é que o perfil no Facebook seja mostrado para a criança quando crescer.
Quando o bebê nasce, é muita alegria, visitas, presentes, cumprimentos, lembrancinhas e fotos, muitas fotos, com a mamãe amamentando ainda na maternidade, o primeiro colo do papai, o primeiro banho, com as vovós, os vovôs, as titias, os titios, a irmãzinha e os amigos. Fotos que vão para o primeiro álbum e também para o Facebook.
Nas palestras que ministro, exibimos um vídeo com um bebê com mais ou menos um ano de idade que chora e se joga de costas no chão quando o pai tira o celular de sua mão, e pára de chorar e sorri, quando o pai devolve o celular. Então, faço três perguntas aos leitores: 1- O bebê tem algum problema de comportamento? 2 – Está fazendo birra? 3 – O bebê é dependente da mídia eletrônica?
Segundo Jean Piaget, psicólogo francês, renomado e conhecido na área da pedagogia, a criança de zero a dois anos de idade está no período sensório-motor e construindo o conhecimento; ainda não consegue representar mentalmente o objeto e suas ações, pois o mesmo só existe se estiver no seu campo visual. Nessa faixa etária a criança chora, pois o brinquedo celular emitir luz, e esse é o atrativo.
Dos dois aos doze anos de idade a criança inicia o desenvolvimento para avaliar o que é bom ou ruim por meio da obediência às regras. A partir dos doze anos inicia-se os questionamentos, os porquês e a discordância na tomada de decisão dos pais, caminhando assim para a sua autonomia.
Conforme as crianças vão crescendo, com a facilidade das excelentes câmeras dos celulares, é muito comum tirar fotos dos filhos no cotidiano. Vemos pais e mães fazerem selfies com os filhos e postarem rapidamente para a vovó do outro lado da cidade. Mas entenda: a privacidade de seu lar e de sua família não deve ser pública.
Nas férias na praia, na piscina do prédio ou no clube é comum tirar fotos das crianças com pouca roupa e enviar para a titia e a amiga utilizando a rede social, porém é um grande risco, pois pessoas mal intencionadas podem captar as fotos de seus filhos e usar para montagens pornográficas. Não importa se é menina ou menino, as fotos são vendidas ou trocadas entre os usuários da pornografia infantil na rede mundial de computadores para a pedofilia.
Geralmente a partir dos sete anos de idade os presentes de aniversário e natal não são mais brinquedos, as crianças querem celular. Alguns pais ainda fazem recomendações do tipo: “não vai usar todo crédito”, “cuidado para não deixar cair”, “não vai esquecer”, “não fica andando na rua com o celular na mão”. Pais, entendam: a orientação sensata é não dar celular para criança menor de doze anos de idade.
As crianças estão perdendo a infância do brincar para ficar no isolamento de um quarto com a telinha que prende e fascina, compartilhando diversas coisas com estranhos. Você sabe com quem seus filhos estão conversando? Quem são os seus amigos virtuais? Tem a senha do celular dele? Viu se está acessando imagens impróprias ou está postando imagens pela web-cam? Você sabe quem está entrando em sua casa?
Alguns pais, para não deixar o filho sem o brinquedo celular, criam contas em seu nome para o uso de seus filhos menores de idade, entretanto para cadastrar e acessar o Facebook a idade mínima permitida é 13 anos de idade, pois a partir desta faixa etária, presume-se que já sabem separar o certo do errado e fazer escolhas baseadas nos valores que receberam da educação de seus pais. Ao final do cadastro em qualquer rede social, há um Termo de Serviço, longo e extenso, que geralmente não é lido.
As redes sociais mais usadas são: Facebook, You Tube e WhatsApp, este último, a idade mínima permitida para usuários é de 16 anos. O aplicativo Secret foi considerado o melhor intercomunicador no ano de 2014. O seu sucesso deu-se pela troca de posts anônimos para ofender outros colegas e pornografia explícita, em postagens rápidas, que podiam ser apagadas do celular instantaneamente. Infelizmente esse veículo foi utilizado entre os pré-adolescentes nas escolas e muitos estudantes viram pela primeira vez uma relação sexual, nas comunicações intracelulares através desse aplicativo, que foi descontinuado.
A orientação e o acompanhamento na rede social de seu filho são fundamentais para estimulá-lo a ir amadurecendo seu pensamento e comportamento com a devida proteção.
Você conhece estas redes sociais? Tencent QQ, Wechat, QZone, Instagram, Tumbrl, Twiter, Baidu Tieba, Snapchat, Skype, Sina Weibo, Viber, Line, Pintrest, YY, Linkedin, BBM, Telegram, VKontakte. A tecnologia avança como a velocidade da luz, enquanto pensamos que estamos aprendendo sobre uma modalidade, já tem mais novos aplicativos sendo lançados no mercado. Os pais têm o dever de olhar o celular dos filhos, de saber a senha e estar por dentro do que está ocorrendo na vida digital deles.
Na rede social Facebook curtir significa concordar com um conteúdo. É isso mesmo, eu concordo com você, com o que você curtiu, comentou ou compartilhou, isto é, eu assino embaixo por você, mesmo que eu não tenha nem lido o post, é como digitar a senha do seu cartão de débito e crédito e nem verificar o valor.
Lembrando que toda e qualquer ação ilegal constatada no aparelho celular que você deu ao seu filho, sendo ele menor de idade, de acordo com a Constituição Federal, art. 229, o Código Civil, art. 1.634, inciso I, e o art. 932, inciso I, os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e por isso, os pais são responsabilizados civilmente a pagar indenização aos terceiros. O uso ético, seguro e legal do celular, do computador, da internet e dos aplicativos sob o olhar dos pais é a melhor educação na formação da geração digital.
Evitem publicar fotos na internet. Uma vez na rede social, não é mais sua, sua foto torna-se pública e pertence ao mundo.
Papai e mamãe: ensina o seu filho no caminho em que deve andar, e ensine também a navegar no mundo virtual.
Para mais informações, acesse os sites Central Internacional Infância Protegida – CENIINP e Bullying Cyber Bullying