Professor, tenho uma dúvida…

Quando você, eu e todas as outras pessoas éramos crianças, dependendo da intensidade da curiosidade de cada um em relação ao mundo à sua volta, começamos a fazer perguntas. A fase dos “porquês” é nossa primeira tentativa de decifrar a realidade, construir a nossa inocente matriz de certezas. Talvez exatamente pela inocência e ingenuidade é que o impacto da violência, da decepção, da mentira e de outras frustrações nesta fase tragam consequências tão severas para a vida toda. De qualquer forma, todo ser humano precisa de bases sólidas para se arvorar, se estabelecer, se edificar.

Quando adolescentes, somos instigados ou até induzidos a duvidar. Os dilemas da existência, as crenças que construímos até então, são muitas vezes colocadas à prova e, dependendo das influências que recebemos, nos sentimos abalados, carentes e frustrados.

Quando chegamos à juventude, o ambiente escolar, principalmente na faculdade, nos envolve em um turbilhão de questionamentos que, se alimentado com uma dose de rebeldia, pode nos tirar do prumo. Esta fase efervescente expõe nossas “certezas” a um nível crítico e somos quase sempre tentados a relativizar aquilo que até então tínhamos como absoluto.

Se, por um lado, a ciência joga luz nas trevas de nossa ignorância intelectual, por outro lado, pode escurecer as límpidas águas que regam nosso entendimento daquilo que julgávamos intocável: a nossa fé. Bem, esse preâmbulo foi só para dizer que não caminhamos com segurança, se não decidirmos sobre que “verdades” estamos firmados ou ainda, que bases firmes sustentam nossas tomadas de decisão, nossos empreendimentos vida afora. Poderíamos chamar estas bases de princípios, de paradigmas, de certezas.

O que vale é dizer que, se não tivermos convicções, se nossos valores e crenças não forem inegociáveis, viveremos ao sabor das ondas, das modas.

Não estou fazendo apologia à inflexibilidade no pensar, até porque, as dúvidas são os gatilhos das buscas de respostas, afinal, como um famoso slogan diz, são as perguntas que movem o mundo. Estou me referindo ao fato de que, se não nos agarrarmos firmemente às certezas que nos sustentam e cuidarmos de protegê-las, seremos levados pelas correntezas, pelos redemoinhos.

Considerando o mundo complexo de hoje em todas as suas nuances, parece sempre existir um nível talvez necessário de desconfiança, de suspeição ou receio quando se tratar de pessoas e de suas intenções, mas o mesmo não pode se aplicar a Deus, por exemplo, senão as convicções viram pó. Parafraseando o apóstolo Paulo no fim de sua jornada, podemos até combater o bom combate (isto pode incluir ideias, certo?), mas devemos guardar a fé, protegê-la e resguardá-la.

Viver pela vida tateando no escuro sem construir ambientes seguros na mente para aprumar a visão é um risco imenso, pois os abismos estão espalhados por aí. O mundo das ideias é um campo minado e se não soubermos pisar com a segurança de podermos voltar à base sólida, caso a jornada esteja nos desviando do propósito, como ave que voa, mas consegue retornar com segurança ao ninho, corremos o enorme risco de sermos devorado pelos variados perigos à espreita.

É claro que é preciso virar páginas, ampliar horizontes, arregaçar as mangas, alçar voos…, mas é necessário ser firme, resoluto, confiante e isto só é possível sobre terra firme.

Construirmos nosso espectro de “verdades” sobre o relativismo do mundo moderno é, no mínimo, uma contradição.

Muitas vezes somos seduzidos por ideias e esquemas e somos enlaçados por uma rede que, a princípio, nos parece confortável. Quando abrimos os olhos, percebemos que fomos massa de manobra, objetos de manipulação para satisfazer interesses alheios e escusos e, quando isto acontece, tendemos a jogar a toalha pra sempre.

Por esta razão, muita gente está desiludida, ferida, decepcionada e frustrada, sem forças para recomeçar e confiar de novo em alguém ou se projetar na vida. Os sistemas humanos, inclusive os religiosos, estão propensos a isto. Os buracos no tecido das emoções e saúde sociais são enormes. Haja necessidade de cura, de perdão, de forças para recomeçar!

Na minha opinião, a Bíblia é o porto seguro, o Espírito Santo, o professor, e a fé sobrepõe os questionamentos. Uma comunidade saudável chamada igreja onde as pessoas se amam e se ajudam mutuamente é a sala de aula. Qualquer coisa, volte à Palavra. Consulte o Professor, peça ajuda aos colegas que já aprenderam! Proteja a verdade absoluta, não permita que nenhum pensamento depaupere a única coisa que te salva: a sua fé!

Pr. Anibal Filho

Doutor em Produção Vegetal pela UFG e Pastor auxiliar da Igreja Batista Renascer.

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