“Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem e vivas muito tempo sobre a terra.” (Efésios 6:1-3).
Muito se fala sobre obediência e sobre como o Senhor abençoa aqueles que escolhem obedecer. Abraão confiou em Deus mesmo quando lhe foi pedido o que tinha de mais precioso. Noé enfrentou críticas e impossibilidades, mas permaneceu obediente. E o próprio Senhor Jesus, mesmo experimentando a dor da separação do Pai, obedeceu até a morte. Esses são alguns exemplos bíblicos que nos inspiram e nos servem de modelo.
Mas… e quando a obediência nos coloca à prova? E quando Deus espera que sejamos o personagem da história, não obedecendo apenas por promessa ou garantia de bênçãos, mas por amor, devoção e desejo de agradá-Lo?
Tenho 25 anos e, embora sejam poucos anos de experiência, posso dizer que foram 25 anos vividos debaixo de obediência e, em muitos momentos, uma obediência cega, sem saber o que viria depois. Aos 13 anos, fiz uma aliança com meu pai. Uma decisão simples, mas que mudaria completamente o curso da minha vida: namoro? Só depois dos 18! Esse foi o trato. Escolhi obedecer, e até que o momento chegasse, essa decisão foi suficiente para me manter fiel.
Ser “diferente” ou “esquisita” não importava, eu sabia que havia uma recompensa. Os 18 anos chegaram, o trato chegou ao fim, e uma nova etapa começou. As buscas começaram. Agora, sem uma regra clara, a obediência passava a depender da minha sensibilidade à voz do Espírito. Namorar por impulso, por carência ou para “não ficar para trás” é fácil, o difícil é obedecer à direção do Espírito, que muitas vezes diz: “ainda não.”
Essa obediência exige fé, paciência e, acima de tudo, intimidade com Deus. Lembro de apresentar vários “candidatos” aos meus pais. Perguntas eram feitas: “Ele é crente?” “Quem são os pais?” “Ele trabalha?” E depois de longas conversas: “Ok, vamos tentar.” Meu pai, sempre aberto, presente e compreensivo, me ajudava a refletir. Mas um dia, tudo isso foi posto à prova.
Depois que me mudei para os Estados Unidos, surgiu a possibilidade de um relacionamento. Aos meus olhos, parecia certo. Tinha tudo para dar certo, ou quase tudo. Apresentei o rapaz ao meu pai, como sempre fazia. Mas dessa vez, aquele que sempre foi tão disposto a conhecer, se fechou. Ele dizia apenas: “Filha, eu não sinto paz no meu coração.” Eu, por outro lado, achava que estava certa, afinal, já era mais velha, madura, e julgava saber o que era bom. O que parecia bom pra mim, era o suficiente. Foi uma guerra. Interior, emocional e espiritual.
Meu pai, um homem de oração e temor ao Senhor, disse que não iria me abençoar naquele relacionamento. E eu não conseguia entender o porquê. Mas Deus sabia. Ele conhecia o caminho que me levaria até Sua vontade. Depois de muita luta interior, decidi obedecer. Cegamente. Sem entender. Desisti de algo que parecia bom, por amor e obediência aos meus pais e por temor ao Senhor.
Não foi fácil. Os dias seguintes foram vividos em oração, dúvida e silêncio. Mas exatamente um mês depois, recebi um convite para participar de um acampamento de jovens batistas, o “The Wilds”, na Carolina do Norte. Eu não queria ir, pois estava tentando juntar os cacos, mas fui incentivada (ou empurrada) a aceitar. Chegando lá, mais de 150 jovens, todos desconhecidos, falavam uma língua que eu ainda tentava entender. Como boa introvertida, decidi dormir no único dia de tempo livre. Mas o Senhor tinha um encontro preparado.
No final daquele dia, um rapaz despretensioso se aproximou. Conversamos. E o que eu não sabia é que aquele rapaz seria meu futuro esposo. Sem obediência, eu não teria ido àquele acampamento. Sem obediência, eu não teria conhecido a resposta de oração que nem sabia que estava prestes a receber. O Senhor fez além do que eu pedi ou sonhei.
Joshua, hoje meu esposo, é muito mais do que esperei. Obediência no namoro é mais do que esperar o tempo certo, é mais do que regras, é caminhar por fé, mesmo quando não entendemos. É confiar que o “não” de hoje pode ser o caminho para o “sim” que vem diretamente do coração de Deus.
Obedecer é difícil. Mas é um ato de amor. Um ato de fé. E, acima de tudo, é um ato que glorifica ao Senhor. “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas.” (Provérbios 3:5-6).