Geralmente os livros e os artigos que circulam sobre o idoso são publicações que não falam da velhice em si, pois em sua maioria são dedicados a um público que está chegando na famosa melhor idade. Esses textos, habitualmente, contém conselhos preciosos sobre como se preparar para essa fase da vida de tal maneira que ela seja desfrutada de forma aprazível, e isto engloba todas as áreas da vida: finanças, saúde física e mental, atitudes, interesses, etc.
Para uns é possível seguir à risca os conselhos dados, mas para outros a realidade é outra. Por exemplo, nem sempre é possível construir nossas finanças de maneira a continuar vivendo como antes. A grande maioria de nós recebemos como aposentadoria apenas um salário mínimo. Às vezes porque durante nossas vidas contribuímos apenas com o mínimo e outras por atitudes impensadas quando ainda jovens.
Estes “depósitos” realizados ou não ao longo de nossas vidas, sejam “depósitos” financeiros ou emocionais, são refletidos pelo que tenho visto nos asilos. Nesses lugares me deparo com pessoas amarguradas e esquecidas muitas vezes pelos seus familiares. A maioria dos idosos que visito tem uma queixa: a solidão, que muitas vezes leva à depressão.
O termo “Terceira Idade” me leva a pensar que existe uma “Quarta Idade”. “Melhor Idade” é o nome do nosso ministério, mas ainda vejo que não é um termo representativo, pois temos idosos que apesar das dores, remédios e outros infortúnios, estão na ativa, ora por receber uma aposentadoria muito baixa, ora por não querer parar de trabalhar e se sentirem produtivos. Na verdade, a velhice é a última idade e é interessante perceber que ninguém escreve sobre o que vem depois: a morte.
Comecei então a colocar os meus neurônios, que ainda estão vivos, a trabalhar e a se exercitar, antes que o alemão chegue, o tal do sr. “Alzheimer”. Espero que a visão de um velho cristão possa ser de alguma serventia, não só para outros companheiros de idade, como para quem está a caminho de sê-lo.
Algo que se espera de um velho é que ele seja sábio. Esperam que sejamos o “mestre do gafanhoto”, com resposta para tudo. Sei que decepciono alguns, pois não me sinto sábio o suficiente, talvez até tenha acumulado más e outras boas experiências, mas na verdade, quero deixar um alerta: não esperem a velhice para se tornarem sábios, para que não se arrependam de uma vida vivida sem alegria, sem ânimo e principalmente sem sonhos.
Precisamos sim, não ficarmos mergulhados no passado, relembrando o que já se foi ou ansiando o que ainda virá, mas devemos viver o presente tentando, dentro do possível, sermos proativos, sonhando ainda com os anos de vida que nos restam. Hoje temos os avanços da medicina a nosso favor, que em geral, aumentaram nossa expectativa de vida. Então, vamos aproveitar os nossos familiares, vamos curtir os nossos netos e se tiver bisnetos, bênção dobrada será.
A nossa igreja oferece, através do nosso ministério, um momento de estudo da Palavra todos os domingos pela manhã. Desejamos criar em nosso espaço, um ambiente saudável, com um período de atividade física, fisioterapia e lazer. Junto do ministério da “Melhor Idade” também implantamos o projeto “Irmãos na Obra” no qual temos uma equipe para ajudar nossos idosos e viúvas quanto a pequenos reparos em suas residências, como limpeza de quintal e outras ajudas. Temos dado apoio também às famílias e aos enfermos através das visitas e orações. Visitamos asilos e assessoramos as famílias com problemas relacionados aos seus idosos, aconselhando e as vezes encaminhando para o local mais adequado.
Encerro esta reflexão, parabenizando todos os nossos idosos pelo dia internacional do idoso, comemorado no dia 01 de outubro. Dedicamos esse mês aos nossos mui preciosos irmãos que já viveram e ainda vivem aprendendo a alcançar corações sábios, que só alcançaremos debruçados aos pés do Senhor Jesus Cristo.