Temperamentos transformados – Entrevista com Fernanda Boaventura

imagem: envato

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Os quatro temperamentos comportamentais é uma ferramenta surgida na Grécia antiga, desenvolvida por Hipócrates, chamado “o pai da medicina”. No livro “Temperamentos Transformados”, de Tim LaHaye, entendemos que os temperamentos, apesar de imutáveis, não nos tornam reféns de nossas piores tendências, mas possibilitam um caminho de maior autoconhecimento.

A especialista e autora do e-book “Os temperamentos e a espiritualidade”, Fernanda Boaventura, é a entrevistada da nossa edição. Diaconisa na Sara Nossa Terra, graduada em Ciências Biológicas, palestrante comportamental, analista de perfis temperamentais e criadora da Jornada dos Temperamentos (@afernandaboaventura). Para ela, o estudo da nossa essência temperamental pode ser aliançado ao nosso crescimento espiritual, a partir de um caminho de amadurecimento e transformação.

  • Como foi a sua experiência com o tema dos 4 temperamentos?

Em 2012, comecei a mentorear pessoas com um olhar voltado para desenvolvimento e depois, trouxe a ferramenta dos temperamentos para o meu atendimento. Investi em trazer a ferramenta de maneira aprofundada, para que as pessoas pudessem não somente conhecerem a si mesmas, mas perceber que podiam se desenvolver.

  • Os temperamentos podem nos limitar?

Todas as fraquezas do temperamento podem ser neutralizadas a partir do amadurecimento. Não é apenas: “você é isso e lide com isso. Mas, você é isso, e a partir de agora vamos montar um plano de ação para você ser melhor do que tem sido”. Quando você não se conhece, também não entende os seus comportamentos, respostas e atitudes.

  • Como identificar se o seu temperamento pode ajudar no desenvolvimento pessoal?

Sem autoconhecimento, não há entendimento das suas diferenças em relação ao outro e assim, você se compara o tempo todo. Dessa forma, ao invés de olhar para dentro, se olha para fora. Com a ferramenta dos comportamentos, identifica-se explicações para os seus comportamentos mais naturais. No meu trabalho, desenvolvo um plano de ação para as minhas alunas, baseado na busca pelo amadurecimento de sua personalidade.

  • Como podemos descobrir o nosso temperamento?

Existem algumas perguntas-chave que podem ser feitas. No campo dos temperamentos, falamos sobre dois domínios: o tempo de reação aos acontecimentos, que pode ser rápido e expansivo ou mais lento e introvertido. O segundo domínio é relacionado à forma como se encara o que acontece em sua vida — de um lado, existe quem é rígido e retém os sentimentos “no baú”, do outro, está uma pessoa mais leve, que releva mais facilmente.

  • Como essas pessoas agiriam em um exemplo prático?

Bom, vamos pensar nessas duas pessoas distintas em uma situação como um incêndio. No primeiro grupo, de pessoas que reagem mais rapidamente, está o sanguíneo que ficará correndo e reagirá com intensidade. Já o colérico, está voltado a resolver problemas, então correrá para buscar o extintor de incêndio. No segundo grupo de pessoas com reação lenta, temos o melancólico, que tende a paralisar e aceitar o pior lado da situação, olhando para a dor. O fleumático encara a situação com passividade, apatia e pouca intensidade.

  • O temperamento muda de acordo com as fases vividas?

Nosso temperamento é imutável e fisiológico, por isso não conseguimos trocá-lo. No entanto, é possível potencializar as suas forças. Não é interessante o desejo por mudar completamente e apagar a sua essência.

  • Quais os fatores que influenciam o temperamento?

Nós já nascemos com o nosso temperamento e inclinações, mas podemos buscar meios para desenvolver a nossa personalidade, de forma que ela se sobressaia e neutralize as características vindas do temperamento que te incomoda. Primeiro, é preciso olhar para si. Depois, você reconhece a presença de características ruins, para assim ser possível buscar meios de aperfeiçoamento. O autoconhecimento é fundamental, assim como a aceitação.

  • É possível termos dois temperamentos?

Não, isso vai na contramão dos estudos feitos por Hipócrates, o “pai” dos temperamentos. Essa confusão acontece quando não sabemos diferenciar o que é temperamento e o que é personalidade. O temperamento é a sua natureza, já a personalidade é quem você se tornou.

  • Como podemos resumir a essência dos quatro temperamentos?

Colérico: assume um poder realizador e tom de voz de comando e controle. Sanguíneo: alegre e comunicativo, com leveza e uma certa tendência à inconstância e superficialidade. Fleumático: calmaria e passividade. Melancólico: doçura e fortemente organizado, porém, demonstra pessimismo e sensibilidade aflorada.

  • De que forma a espiritualidade e os temperamentos podem ser enxergados em conjunto?

Os temperamentos surgem em nossa criação, portanto, existe uma essência de Deus em cada um de nós. Podemos ter a esperança de conquistar domínio de tudo o que nós somos, e alcançar a temperança, um dos frutos do espírito. Sem um olhar espiritual, estamos fadados a reduzir o ser humano. A partir dessa compreensão, podemos desenvolver uma personalidade firme e com propósito.

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