Era o último trimestre de 2006. Nós, apenas dois jovens universitários que vez ou outra se esbarravam pelos corredores da faculdade, tínhamos amigos em comum, mas muito pouco nos falávamos. Nos víamos com frequência, mas pouco nos conhecíamos. E naquele final de semestre, por um acaso, acabamos nos aproximando um pouco mais. A história é longa, e mesmo tendo acontecido em um curto espaço de tempo, pouco a pouco aumentaram as conversas pelos corredores da faculdade, ou em roda de amigos, e quando nos demos conta, no final de março do ano seguinte já estávamos namorando.
Aqueles dois desconhecidos, que começaram a se aproximar meio que ao acaso, estreitaram os laços de amizade, descobriram que compartilhavam de gostos similares, que ambos eram filhos de pastores, gostavam de comida boa, amavam a música e sonhavam em viver profissionalmente dela, e uma série de outras coisas que os tornavam ainda mais próximos. Mas, o que mais chamava a atenção é que ainda assim, continuávamos desconhecidos. Eventualmente, um perguntava para o outro: afinal de contas, quem é você?
O namoro foi evoluindo, nos tornamos cada dia mais unidos. Como estávamos sempre na faculdade, nos víamos todos os dias, e aos finais de semana não desgrudávamos um da presença do outro, até que em um desses momentos juntos, veio a tão esperada frase: Eu te amo!
Na verdade a gente nem se lembra mais quem foi que falou primeiro, e talvez isso nem venha tanto ao caso, pois quando a frase foi dita, já tínhamos certeza que em nossos corações ela já era uma realidade. Pronto! Tínhamos decidido nos amar. Certo?
Errado! Tínhamos decidido dizer que amávamos. Mas ainda continuávamos sendo dois estranhos que muito pouco se conheciam.
É meio maluco pensar isso, e a maioria de nós quase nunca tem essa percepção. Você já parou para pensar em quem, de fato, é essa pessoa que está ao seu lado? Essa mesma pessoa há anos te acompanha e, ainda assim, vez ou outra você descobre algo que ainda não sabia sobre ela. Uma história de infância, um gosto pessoal, um medo, um trauma, um comportamento, enfim, chegamos às vezes a nos assustar e pensar: Como é que eu nunca soube disso? E o interessante é que, essa pessoa aí mesmo, sua esposa, seu marido, que há anos te faz companhia, que está ao seu lado dia após dia, mas que eventualmente te surpreende com algo desconhecido, é justamente a pessoa pela qual você expressa a plenos pulmões a tão famosa frase: Eu te amo!
Mas você sabe o por quê disso? Simples: é porque amar é muito mais que um sentimento. Amar é atitude.
O apóstolo Paulo ao escrever o capítulo 13 de I Coríntios, dá adjetivos ao amor que são próprios de uma pessoa. Ele faz isso elencando ações inerentes à “pessoa Amor”. Quando decidimos dizer que amamos alguém, muito mais que sentir este amor por esta pessoa, precisamos ter a atitude de realmente amá-la. Isso requer de nós em alguns momentos uma certa dose de altruísmo, compaixão e até mesmo desapego. Não dá para amar o outro sem abrir mão de parte daquilo que temos, sem dispor ao outro um pouco daquilo que realmente somos.
O próprio Deus, cuja essência de seu ser é o amor, “deu seu filho unigênito”. Houve uma ação. Houve disposição em entregar de si próprio por outrem. Houve atitude. Ele, o próprio amor, não apenas disse, tampouco escreveu um lindo Salmo. Ele Se deu! Atitude.
O amor enquanto sentimento se comporta como qualquer outro sentimento. Assim como a saudade só existe pela ausência do outro, ou a raiva só surge mediante uma ofensa ou contrariedade que alguém impuser, assim também o amor como sentimento vai diminuir ou aumentar mediante uma contrapartida positiva ou negativa de quem estiver sendo amado. Porém, a atitude de amar é autônoma. Ela independe da ação ou reação do outro. Não por acaso Paulo escreve que o amor “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. (1 Coríntios 13:7).
Enfim… aquele jovem casal que mal se conhecia nos saudosos tempos de faculdade, namorou por 2 anos e 11 meses, e hoje caminha a passos largos rumo ao 10º ano de casamento. Já são quase 13 anos juntos, e mesmo já não sendo mais tão desconhecidos um do outro, às vezes a gente ainda se assusta com o que o outro faz, e diz: “poxa vida, esse seu lado eu não conhecia”.
Mas é aí onde mora a beleza do amor. Mesmo nas imperfeições de nosso casamento, mesmo em meios às nossas diferenças e ainda que eventualmente um ou outro conflito surja, a atitude de amar suplanta todas as coisas e a gente se levanta junto, supera a dificuldade e permanece firme e unido.
E nesse mês em que o amor é celebrado, aparecem inúmeras declarações nas redes sociais em virtude do Dia dos Namorados. Mas nós queremos convidar você a não ficar apenas nas palavras ditas num texto ou publicação nas redes sociais.
Que você possa, a partir de hoje e definitivamente, ter a atitude de amar. Decida amar não apenas de palavras e sentimentos. Que seu amor, por seu cônjuge, por seus pais, seus filhos, seus amigos ou por quem quer que seja, possa ser carregado de ações intensas e sinceras. Expresse seu amor através de atitudes, sem querer nada em troca ou esperar ser reconhecido por isso. Apenas ame! Simplesmente TENHA A ATITUDE DE AMAR.