Um pai aos 100 anos

O que leva um homem com mais de 70 anos, sem filhos, a ouvir uma instrução para sair da terra onde nasceu e seguir com a sua esposa e um sobrinho, sem rumo, enquanto aguardava uma direção sobre o seu destino? E ainda se apegar a uma promessa de ser pai de uma grande nação? Abrão (que significa “pai excelso”) vivia em Ur dos Caldeus, uma cidade que cultuava diversos deuses, localizada na região que hoje corresponde ao sul do Iraque.

Na carta aos Hebreus, a definição de fé é estar firmemente embasado em algo que se espera, e ter a prova do que não se vê. Não é por acaso que Abraão (seu novo nome, que significa “pai de multidões”) é chamado pai da fé. Enquanto seguia para a região ao sul da atual Turquia, e depois descia para Canaã, Abraão viveu experiências sobrenaturais com Deus, fazendo desse tempo uma espera ativa. Sua fé foi manifestada em atos de obediência e fidelidade ao pacto proposto por Deus.

O apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, no capítulo 4, destaca que Abraão, “creu contra a esperança”.  Quem tem entre 70 e 100 anos compreende, por experiência, o que Abraão sentiu. Suas pernas não suportavam longas caminhadas e seus braços não tinham a força da juventude. Enfim, toda a sua fisiologia dava sinais de impossibilidade de se cumprir a promessa de paternidade. Além disso, a sua esposa Sara, dez anos mais jovem, também seguia no declínio da vitalidade.

Mas o Deus Eterno é soberano, e as Suas promessas são firmes. E se o Criador de todo o Universo havia feito uma promessa, não importava o que Abraão via ou sentia, porque a evidência do cumprimento das promessas de Deus está unicamente na fidelidade da Sua Palavra. Abraão “não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus” (Romanos 4:20).

Isaque nasceu quando Abraão tinha cem anos, e Sara, noventa. Passados quase quatro milênios desse acontecimento, vemos que dos milhões de descendentes de Abraão, Isaque e Jacó vieram grandes nomes na literatura, ciência, arte, música e medicina; surgiu um país de importância econômica e bélica global, mas o maior legado foi através de Jesus Cristo, por meio de quem podemos novamente nos dirigir a Deus como Pai.

Paulo explica aos Gálatas, no capítulo 3, versículo 16, que em Jesus Cristo se cumpriu a promessa de Deus a Abraão e à sua descendência, de serem benditas todas as famílias da terra. E lendo os registros bíblicos de Abraão, aprendemos sobre a perfeição do Pai Celestial, a Sua recompensa por nossa obediência, e a Sua fidelidade em cumprir o que promete.

Portanto, não se esqueça: o Deus de Abraão, Isaque e Jacó é o mesmo que nos acompanha todos os dias! Quando promete, Ele há de cumprir, mesmo que pareça impossível aos nossos olhos limitados, o Senhor faz além do que pedimos e imaginamos.