Pesquisas vinculadas ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que aproximadamente 10% dos brasileiros não possuem o nome do pai em seu registro de identidade. Outras pesquisas revelam ainda que aproximadamente 30% dos presidiários no Brasil também não carregam o nome do pai em seus registros ou não conviveram com o pai na infância. Diante disso, não é difícil constatar que vivemos uma crise de paternidade em nossos dias atuais e, consequentemente, uma crise de identidade.
O pastor Marcos de Souza Borges, conhecido como Coty, afirma: “Toda pessoa que foi castrada no relacionamento com os pais, é capturada pelo sentimento de orfandade”. A verdade é que o espírito de orfandade é o principal bloqueio na vida de uma pessoa, pois dessa forma, a verdadeira identidade em Cristo não é revelada.
O espírito de orfandade é terrível, pois ao destruir a identidade, rouba também a herança, além de nos direcionar aos traumas emocionais e para um sentimento de vitimismo que tira a visão de propósito e furta o caminho da prosperidade.
Para vivermos como filhos de Deus nessa geração precisamos da revelação viva dentro de nós de que, ao nos tornarmos filhos de Deus, passamos a ter uma herança espiritual. A maior luta do diabo é tentar tirar a nossa herança de filho e por esse motivo, todo filho precisa conhecer a sua identidade e a sua herança. Herança e identidade caminham juntas. Sem esse entendimento, que obviamente passa pela revelação da Palavra de Deus, é impossível vivermos verdadeiramente como filhos de Deus nesta Terra.
Em Romanos 8:19 lemos que: “a terra aguarda a manifestação dos filhos de Deus”, ou seja, a Terra juntamente com toda a natureza criada, aguarda com expectativa a manifestação dos filhos de Deus. Mas que manifestação é essa? E quando ela deverá ocorrer? O primeiro ponto é a fé na graça redentora de Cristo, pois assim como está escrito em João 1:12, para aqueles que creem e que recebem o nome de Jesus é passado o direito de se tornar filho de Deus. É somente pela fé, mediante a graça, portanto, torna-se evidente que não há merecimento ou mérito humano envolvido.
O segundo ponto é que como filhos devemos viver em coerência com essa herança gloriosa que nos foi dada. Coerência é uma palavra importante para o cristão, pois uma vida sem coerência com a nossa fé nos faz perder totalmente o poder de impacto nessa geração.
Viver como filhos de Deus é carregar a revelação do nosso propósito em Cristo, pois caso contrário, seremos como uma prótese no corpo da Igreja.
Veja que uma prótese quando é colocada em alguma parte do nosso corpo, poderá até se parecer muito bem com o verdadeiro membro e executar funções parecidas, mas a verdade é que uma prótese não será chamada de membro do corpo justamente por não ter vida, porque o sangue do corpo não passa por ela.
Infelizmente muitas pessoas estão funcionando como se fossem uma prótese, ou seja, funcionam muito bem, mas Deus não nos chamou apenas para simplesmente funcionar, somos chamados para fluir. Quem é filho de Deus não deve apenas funcionar no corpo, mas fluir no corpo. Essa é a manifestação que a natureza criada aguarda: que os filhos de Deus venham a fluir a vida do corpo, e mais precisamente, a vida do Cabeça que é Cristo. O fato é que enquanto nos contentarmos em sermos prótese, jamais vamos manifestar a filiação dos céus na Terra. Ao contrário, quando finalmente fluirmos como parte do corpo do Cristo, exalaremos o amor sobre essa geração.
Todo filho carrega os genes do pai natural e assim, as suas principais características. Ora, se o nosso Pai Celestial é amor, como filhos, o amor deve ser a nossa principal característica. Um filho que ama o pai tenta sempre agradá-lo da melhor forma possível. A Palavra de Deus nos dá uma poderosa instrução para agradar a Ele: a partir da nossa fé. De fato, sem ela é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:06).
Um filho que ama o seu pai deseja estar ao lado dele sempre que pode, nas Escrituras lemos a instrução de que devemos estar cada vez mais próximos do Pai, além disso, somos guiados à santidade, pois sem santidade ninguém verá o Senhor (Hebreus 12:14).
Portanto, os filhos de Deus são aqueles que seguem o caminho do amor, da fé e da santidade, fluindo a vida do corpo de Cristo para esta geração, pois estão devidamente conectados com a fonte de vida.
Em um tempo tão difícil e doloroso como o que estamos vivendo em nível mundial, no qual o isolamento social e o medo imperam, a manifestação dos filhos de Deus se faz ainda mais necessária para levar paz, esperança, temperança, equilíbrio e principalmente cura para as pessoas.
A cura que essa geração precisa não provém apenas de uma volta ao passado ou de ressignificar o que já se passou, como dizem alguns ministros de cura interior. A verdadeira cura é encontrada em nossa fé, que vem de Cristo. “Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade”. (Efésios 1:4-5).
Jesus foi enviado para a Terra como o filho unigênito do Pai, mas quando ressuscitou, subiu ao céu como filho primogênito e agora, em Cristo, somos muitos, muitos filhos.
Mto bom!