Não, você não entendeu errado. Conexionar é sinônimo de conectar e desplugar é sinônimo de desligar. Vou começar esta conversa com uma pergunta que fiz outro dia a um grupo de amigos com filhos adolescentes: “Bora” pra uma fazenda sem energia elétrica, sem internet e sem televisão, longe do burburinho da cidade, dos roncos de motores, do frisson dos shoppings? Vocês devem imaginar a resposta da molecada. Ainda que eu insistisse num discurso ecológico, no detox da mente, da desaceleração do estresse, foi tudo em vão. Bem, para não ser injusto, os pais até que gostaram da ideia, mas a “galera” deu pra trás sem pestanejar. É um sintoma dos novos tempos.
Os adolescentes e jovens de hoje, chamados por alguns estudiosos de uma “geração sem interesses”, na verdade têm interesses demais, embora se perceba que muitos destes interesses são banais e até inadequados.
A geração tecnológica, conectada e antenada no que acontece no mundo (e também na vida dos outros, diga-se de passagem) se tornou a geração do acesso, do download, do upgrade, da comunicação em tempo real, do e-commerce…. Estar conectado, preferencialmente o tempo todo, parece ser imperativo para essa turma, como se não fosse mais possível viver de outra maneira.
Como curtir, compartilhar, se exibir, bisbilhotar, dar opiniões em tudo quanto é fórum, comentar, se promover, se entreter a qualquer hora e lugar ou mesmo integrar uma comunidade virtual sem fronteiras sem estar conectado virtualmente? Pode parecer impossível, mas todo mundo sabe que não é.
Esta é uma geração ávida por novidades, consumista, exigente, muitas vezes preconceituosa, hostil, que se vale do pseudo anonimato pra sair por aí cometendo todo tipo de coisa – de xenofobia a crime sexual. Seria jogar um balde de água fria falar das associações das ações virtuais com o aumento dos divórcios, da escalada do racismo e da pedofilia, do suicídio, das manifestações de intolerância e ódio, do terrorismo, da rebeldia, do ateísmo e do secularismo? Claro, não vamos generalizar. Justiça seja feita: é possível obter uma gama enorme de benefícios, progressos e avanços com o mundo virtual, mas, convenhamos, seria interessante reavaliar esse comportamento moderno, ponderar, ter a coragem e a humildade de reconhecer que essa conexão ininterrupta não tem melhorado a saúde, o equilíbrio, as finanças, os relacionamentos e muitos outros aspectos da vida da maioria das pessoas e famílias. Até porque, estar conectado nem significa estar comprometido.
Constar no rol de membros de uma igreja, por exemplo, pode significar conexão, mas não compromisso. Como dizia o lendário músico cristão Keith Green “Ir à igreja não faz de você um cristão, como ir ao McDonald’s não faz de você um hambúrguer.” Este assunto dá pano pra manga!
Quantas ponderações e debates este tema suscita, não? Vamos começar tentando nos desplugar um pouco e trocar essas relações de milhares de “amigos” virtuais por, pelo menos, uns quatro ou cinco verdadeiros. “Bora” gastar tempo com pessoas reais e descomplicar nossa vida, nos desintoxicar dos venenos que esta quase alienação nos impõe.
Desligue o smartphone, tente curtir a chuva, se refestele no sofá com um bom livro, esqueça a nova temporada daquela série desnecessária. Plugue-se na Bíblia. Conecte-se com Deus e com os irmãos. Logo vem o Natal, faça-o tão inesquecível como antigamente!