“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que o nosso coração alcance sabedoria”. (Salmos 90:12).
Chegamos ao fim de mais um ano, e com ele vem aquele tempo inevitável de pausa e reflexão. O ritmo acelerado dos dias, as pressões diárias e as distrações do mundo moderno muitas vezes nos afastam do essencial: a presença de Deus. O Salmo 90, escrito por Moisés, surge como uma oração atemporal e necessária, um convite para reencontrar o propósito, lembrar da brevidade da vida e buscar novamente o refúgio seguro no Senhor.
Vivemos dias em que a maldade se multiplica e o coração humano parece se esfriar. As festas, os compromissos e até as celebrações, que deveriam expressar alegria e comunhão, muitas vezes se tornam vazias. No entanto, Moisés nos lembra que a solução não está nas críticas, nas discussões ou nas aparências, mas na oração sincera e na intercessão constante, pois somente Deus pode transformar realidades e renovar os corações.
A Bíblia é clara ao mostrar que o pecado traz consequências e que o afastamento de Deus gera destruição, tanto física quanto espiritual. A verdade é que o pecado, as crises, violências e tragédias refletem um mundo cada vez mais distante do seu Criador, mas ainda assim, o Salmo 90 nos aponta o caminho do retorno: reconhecer a soberania de Deus, buscar a Sua misericórdia e viver de forma alinhada à Sua vontade.
Muitos dizem conhecer o Senhor, no entanto é importante ressaltar que o conhecimento verdadeiro não se prova com palavras, e sim com atitudes. Moisés declara: “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração.” (Salmos 90:1). Observe que ele reconheceu que Deus sempre esteve presente, sustentando o Seu povo, mesmo quando este não percebia. Com isso, aprendemos que o nosso relacionamento com Deus vai além da religiosidade, pois é intimidade, é caminhar com o Criador todos os dias e confiar, mesmo quando não entendemos os caminhos.
Infelizmente, o Evangelho simples e poderoso que transforma vidas tem sido diluído. Entenda: o verdadeiro cristianismo não se baseia em fórmulas ou rituais, mas em corações transformados pelo Espírito Santo. É por isso que viver o Evangelho é mais do que ter a Bíblia aberta, é permitir que a Palavra de Deus nos transforme por inteiro.
Moisés também fala sobre a brevidade da vida. Ele nos recorda que o tempo é um presente precioso, e que cada dia deve ser vivido com propósito e gratidão. O ano termina, e com ele se vão oportunidades, palavras não ditas e gestos adiados. O convite de Deus é simples e profundo: valorize o hoje, cultive o perdão, cuide das relações e viva com o coração voltado para o que é eterno.
O Salmo 90 também revela uma verdade que muitas vezes preferimos ignorar: nada está oculto aos olhos de Deus. “Tu pões diante de ti os nossos pecados secretos.” (Salmos 90:8). Podemos esconder as nossas falhas das pessoas, mas diante do Senhor tudo é revelado. O Deus que nos vê não nos condena, Ele nos convida ao arrependimento. Dessa forma, a cura começa quando reconhecemos as nossas feridas. Assim como a uva é esmagada para se tornar vinho e a azeitona prensada para gerar azeite, as provações moldam a nossa fé e revelam a nossa essência.
Nos últimos versículos, Moisés também clama: “Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que nos regozijemos e nos alegremos todos os nossos dias.” (Salmos 90:14). Essa é a oração que encerra bem um ano como este, pois é o pedido de um coração renovado pela graça e sustentado pela alegria de Deus.
Que ao encerrar este ano, possamos fazer a mesma oração: que o Senhor prospere o trabalho das nossas mãos, cure o que ficou ferido e nos conceda sabedoria para viver os dias que virão.
Que dezembro seja mais do que o fim de um calendário. Seja um recomeço de fé.
Que aprendamos com Moisés a reconhecer a grandeza de Deus, a contar os dias com sabedoria e a escolher a eternidade em vez da pressa.
Acredite: o tempo passa, mas o amor do Senhor permanece para sempre.
Feliz Natal e um próspero Ano Novo!