Há meses tenho sido visitada pela imagem da figueira. Não sei explicar bem quando começou, talvez em alguma leitura despretensiosa, mas a verdade é que esse símbolo tem me acompanhado como um lembrete insistente: “observe os sinais. Os de fora e os de dentro.”
Estamos chegando ao fim de mais um ano, e o mês de dezembro sempre tem esse poder de nos colocar diante de um espelho: o que aprendemos? O que ignoramos? O que floresceu e o que ainda permanece seco? E, enquanto eu organizava esta edição, percebi que a figueira não era apenas um tema bíblico, profético ou poético. Ela é um convite, um chamado à consciência, pausa e vigilância.
Jesus disse que, quando a figueira brotar, o verão está próximo. E eu tenho me perguntado, dia após dia: será que estou pronta para o verão da minha figueira? Será que estamos prontos como Igreja, como família e indivíduos?
Vivemos correndo, mas poucos de nós têm parado. E, nesse ritmo frenético, não percebemos que existem folhas que não mentem. Há sinais que Deus coloca ao nosso redor e, principalmente, dentro de nós, como: a exaustão insistente, a fé esfriando, a pressa substituindo a devoção, a alma pedindo silêncio enquanto o mundo nos empurra muito barulho. Talvez a grande pergunta deste fim de ano não seja “o que eu quero para 2026?”, mas sim: “qual estação estou vivendo, e o que Deus está tentando me mostrar?” Foi por isso que construí esta edição com tanto cuidado. Ela respira esse chamado à percepção, esse convite de Deus para “levantar os olhos” e discernir o tempo.
Na matéria de capa, “O tempo da figueira chegou!”, César Nucci nos conduz pela metáfora que Jesus usou em Mateus 24 para falar da proximidade do Seu retorno. Uma reflexão profunda, urgente e necessária para um dezembro que não quer apenas encerrar um ciclo, mas despertar a eternidade dentro de nós.
No Café Teológico, Edilson de Brito nos leva “debaixo da figueira”, junto com Natanael, para lembrarmos que Deus nos vê antes mesmo que saibamos procurá-Lo. A figueira aqui vira lugar de ser encontrado, lugar secreto, íntimo, revelador.
No texto “A estação certa”, Andrea Dantas aponta para algo que muitos de nós sentimos nesta época: o corpo falando alto, avisando que precisamos voltar ao ritmo de Deus, porque viver fora da estação certa é muito caro.
E para abraçar a alma com ternura, em “Vai brotar!”, Joyce Smerecki escreve uma carta que parece ser enviada diretamente ao coração de quem se sente fora de tempo. Talvez seja você. Talvez seja eu em alguns dias. Mas a verdade é a mesma: sob a mão do Jardineiro, ainda vai brotar!
Nesta edição também abrimos espaço para escutar o que este ano ensinou a tantos irmãos e irmãs. Os depoimentos: “O que 2025 me ensinou?” é um mosaico de histórias, dores, milagres e recomeços. Porque, no final, todos nós estamos aprendendo a contar os dias com sabedoria.
E para fechar com profundidade, a Palavra Pastoral “Contando os dias com sabedoria” nos lembra que não basta viver, é preciso viver com propósito, com vigilância, com olhos atentos ao que Deus está fazendo.
Enquanto escrevo este editorial, volto à pergunta que tem ecoado em mim: o verão da figueira está chegando, estamos prontos? Talvez ainda não totalmente. Mas dezembro nos traz esse convite amoroso de Deus para terminar o ano de olhos abertos, pés firmes e coração atento.
A figueira não mente. O tempo está passando. Cristo está voltando. E nós precisamos aprender a discernir as folhas, os brotos e os sinais.
Que esta edição te ajude a respirar, parar, observar e preparar o coração para 2026.
Aproveite a sua leitura e seja edificado.
Com carinho,
Marina Oliveira Lopes Coelho
Editora-chefe – Revista Renascer | Edição nº116