Encontrando o meu equilíbrio (Parte 2)
Na edição do mês março da Revista Renascer, contei o início do meu testemunho “Encontrando o meu equilíbrio – Parte I”. Nessa edição quero compartilhar com você um pouco mais sobre a minha história. A intenção é que você possa se emocionar com o agir de Deus.
… Descobri que estava grávida, mas infeliz. Fiquei em pânico! Como cuidar daquele ser no estado em que me encontrava? O desequilíbrio emocional, que me acompanhava desde a infância, relutava em minha cabeça. O que fazer com as mãos trêmulas, segurando o teste de farmácia que apontava como “positivo”?
Tento imaginar como o amor do nosso Deus é perfeito e paciente. O Senhor respeita o tempo e o processo de cada um. Ele quer limpar, cuidar e suprir as nossas carências, mas não fará se não permitirmos. Como toda mãe, namorei vitrines de bebê e voltei a sorrir. Desfrutei de uma gestação muito tranquila, fui mimada e vivi cada momento daquela fase. O parto foi inesperado, duas semanas de antecedência, pois estava com pressão alta, mas tudo ocorreu bem e meu menino nasceu.
Com o nascimento do meu filho, estava em total decadência mais uma vez. Completa exaustão. Não conseguia amamentar, descansar, tomar banho, comer e parar com aquele choro. Entendi que a maternidade não ia me salvar do desequilíbrio.
Os meses se arrastavam e parei no tempo, presa ao passado mais uma vez, buscando aceitação e clamando pelo silêncio absoluto. Em uma ocasião, mais um jantar pronto, dia difícil após várias fraldas trocadas e uma discussão em casa. Quando vi, arremessei o prato da janta contra a parede, mas o alvo foi o braço do meu filho. Se houvesse dor maior que aquela eu não conseguia discernir. A que ponto cheguei? Onde queria chegar com aquilo? Definitivamente não queria trazer o meu passado de volta. Me recusava a ir a mais uma igreja para buscar ajuda, pois estava cheia de tudo. Cansada!
Então, recebi um convite, a última porta a bater. Igreja Batista Renascer. Era um domingo de ceia, nove da manhã. Naquele lugar fui tomada pela Palavra de Deus, pelo louvor e pela liberdade do Espírito Santo. Foi amor à primeira vista. As palavras sobre cura, perdão e estrutura familiar foram transformando meu coração e minha vida. Entrei para o Ministério de Louvor da Igreja Batista Renascer, e foi nele que encontrei meu lugar e minha verdadeira identificação: a música. Comecei a trabalhar com eventos e a dar aulas de canto. Os dias de sol voltaram a brilhar na minha vida. Com a ajuda dos pastores amados, comecei uma nova caminhada com Cristo.
Naquele momento o Senhor me levou de volta à minha infância e mostrou os momentos mais lindos que tive: o balanço na árvore que meu pai fez, onde eu amava ficar, o quintal cheio de árvores e o doce de banana. Mas, mostrou também a escuridão de onde Ele me resgatou várias vezes. Revelou o rosto de cada pessoa que me feriu, inclusive o rosto do meu pai. O Senhor pediu para perdoar todos eles. Lutei, e chorando dizia: “não me peça isso Senhor! Por favor!” E uma voz me respondia: “apenas vá! Eu sou o seu Pai, e pelejo por você. Eu sou o Espírito Santo e posso todas as coisas. Apenas vá!”
Confesso que não foi fácil. Foram três tentativas. Estava trêmula e desesperada, mas precisava pedir perdão para o meu pai. O tempo parou ao meu redor, estava com um nó na garganta, quando o meu pai me perguntou: “Então filha, o que você queria falar comigo? O Espírito Santo e sua sobrenatural presença tomou conta da minha mente, corpo e boca, quando disse: “Pai, eu quero te pedir perdão pelos momentos que eu odiei o senhor por não ter acreditado em mim quando estava sofrendo os abusos. Senti ódio por não ter me protegido”. As palavras foram saindo e o fardo se tornando leve a partir de cada lágrima que escorria do meu rosto.
Após uma semana desse momento de perdão maravilhoso, meu pai descobriu um câncer na medula óssea, infelizmente com metástase. Lembro da nossa última ceia, juntos. Passei o dia cuidando dele. Aos poucos a família foi chegando e tomando seus lugares à mesa. Os pratos já não tinham asas e a jarra fez o seu papel apenas de servir. Harmonia, paz e felicidade. Uma semana antes de morrer, meu pai me ligou apenas para agradecer por aquele dia. Um dia de redenção, perdão, de entrega e salvação.
Hoje coleciono pratos. Amo pratos e copos. Não mais para arremessá-los contra a parede, mas sim para servir os meus. Meu prazer é sentar à mesa, prover alimento, olhar nos olhos do meu filho e do meu esposo, e em equilíbrio, falar sobre o dia e ministrar benção sobre a vida da minha família. Viver é o melhor presente que meu Pai Celestial me deu.
Espero profundamente que minha história tenha tocado o seu coração. E se você sente que tem “gavetas” que precisam ser abertas e curadas pelo Pai, faça! Não deixe para o amanhã. Não espere o momento certo, pois pode ser tarde demais. Desfrute de um momento de comunhão à mesa com os seus, pois você só tem a ganhar!