Nesta 50ª edição da Revista Renascer, quero compartilhar com os queridos leitores um estudo sobre a igreja primitiva, descrita no livro de Atos. A intenção aqui é fazer um paralelo entre a igreja daquela época e a igreja da atualidade, destacando o ponto mais importante, que é: viver o propósito de Deus na unidade. Vamos lá?
Primeiramente quero contextualizar a igreja primitiva, a qual era formada por cristãos que se reuniam para ter comunhão e proclamar o Evangelho, liderados pelos apóstolos, que transmitiam os ensinamentos de Jesus. Começando em Jerusalém, a igreja primitiva rapidamente se espalhou para vários outros lugares. Veja só como era a rotina e a união daquela igreja:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. (Atos 2:42-47).
Interessante observar nos versículos citados acima, que a igreja primitiva vivia mais como uma família do que como uma instituição. Os seus membros repartiam seus bens e gostavam de se reunir, além disso, eles ajudavam e encorajavam uns aos outros. Seu objetivo era fazer a família de Deus crescer, pregando o Evangelho. Assim a igreja se tornou poderosa, pois todos estavam firmados nos ensinamentos de Cristo e havia consonância e unidade entre o que eles falavam e viviam. Isso não é extraordinário?
Infelizmente, o que vemos na atualidade é uma igreja bem diferente da igreja primitiva descrita em Atos. O que observamos hoje é um ajuntamento de pessoas, e não igreja. Precisamos entender o que significa igreja e o que é ser igreja de verdade.
O fato é que estamos vivendo uma sociedade e em uma geração instável, imediatista e egoísta. Como pastor, fico triste ao ver que a comunhão e a unidade não constituem mais o estilo de vida da maioria das pessoas. Estamos perdendo a nossa característica e muitos de nós sequer aceitamos ser confrontados.
No modelo da igreja primitiva descrita em Atos, vemos que os apóstolos tinham o compromisso com a verdade e com a manifestação da graça, e assim o poder de Deus era real. Hoje as pessoas não querem ouvir a verdade e muitas vezes não estão dispostas a entregar de uma forma genuína as suas vidas a Jesus
Com anos de pastoreio, aprendi que estar no caminho não significa chegar ao destino. Muitas pessoas dentro da igreja estão fazendo a coisa certa, mas com motivações erradas. Muitos procuram igrejas que atendam apenas às suas necessidades, e se isso não acontece, logo esfriam, desviam e fraquejam na fé.
A questão do cristianismo não está na velocidade com que as coisas acontecem, mas na qualidade e na constância da fé em Cristo Jesus. Estamos perdendo o nosso poder de impacto na sociedade, pois estamos escutando apenas o que queremos.
A igreja de antigamente perseverava na comunhão, e por isso eles estavam sempre dispostos a submeter aos ensinos dos apóstolos. Veja o que diz em Hebreus sobre a importância da comunhão dos irmãos na igreja:
“E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia”. (Hebreus 10:24-25).
Com certeza uma casa, uma família e uma igreja dividida enfrentarão grandes dificuldades e problemas. Por isso, precisamos estar atentos quanto a isso. Quantas vezes arrumamos desculpas para não estarmos em comunhão na igreja? Sejamos cuidadosos com nossos relacionamentos e com as pessoas que estão em unidade conosco .
Outra coisa que era diferente na igreja primitiva era a oração. Aquele povo conviveu com Jesus e muitos o viram passar a maior parte do tempo de joelhos, orando. Eles se tornaram poderosos, pois sabiam como funcionava a oração, e por esse motivo essa era a principal arma deles. Tristemente, percebemos que a nossa geração desaprendeu a orar. Vamos atrás de tudo primeiro e, em último caso, procurarmos a oração.
Mas, como agir diante desta nova realidade? Sem dúvida, a igreja, é essencial para auxiliar Ca sociedade que está em desequilíbrio e é através do Evangelho e da prática verdadeira do cristianismo que vamos conseguir alcançar as pessoas à nossa volta.
Como igreja, precisamos repensar tudo isso! Precisamos estar atentos, fazer a obra de Deus da maneira certa e com a motivação correta.
Certamente, o caminho a percorrer é o da solidariedade e da comunhão.
Deus abençoe a sua vida, em nome de Jesus!