Sou missionária, cantora e pastora. Aceitei Jesus ainda na infância e sempre me interessei pela música. O Senhor me deu a oportunidade de gravar um CD com músicos excepcionais e composições próprias. Nesse ministério eu tinha pessoas que me seguiam e me auxiliavam a crescer. Gravei também um clipe e comecei a ver a minha carreira decolar. Viajava para vários lugares do Brasil, ministrando e cantando. Não tinha mais tempo, pois minha agenda estava sempre lotada. Tudo isso em um período de apenas seis meses.
Em um determinado momento eu me vi cercada de pessoas que me aplaudiam. Foi então que a minha vaidade prevaleceu e me perdi. Por isso, o Senhor precisou me trazer de volta para o Seu propósito.
Certo dia, estava ministrando em minha igreja e comecei a sentir tonturas. Não consegui louvar todos os hinos e o mal estar continuou. No dia seguinte procurei um atendimento médico e fui diagnosticada com labirintite. Mesmo sendo medicada, em um curto espaço de tempo, comecei a sentir dores no estômago e a vomitar tudo que comia. Logo comecei a perder sangue. Minha menstruação durou dias.
Sem um plano de saúde, procurei ajuda médica pelo SUS. Percorri uma longa jornada por vários médicos e diferentes diagnósticos, até que fui informada que estava com um mioma no útero e que precisava ser retirado. Fiz a cirurgia de retirada e fiquei por 70 dias em uma cadeira de rodas para me recuperar. Achei que o meu problema estava resolvido. Mas novos sintomas apareceram. Comecei a perder peso. Ao ser atendida por um ginecologista e fazer uma biópsia, veio então o verdadeiro diagnóstico: um câncer de grau três que já tinha se espalhado pelo útero, ovários, trompas e bexiga.
Com esse diagnóstico meu ministério foi interrompido. Era impossível cantar e louvar. Minha condição física e emocional estava totalmente abalada. Me sentia completamente anulada, mesmo sendo mãe de quatro filhos e esposa. Nesse momento o meu único pensamento era o suicídio. Os meus inimigos me acusavam todo tempo. Então, subi no monte onde gravei o clipe e de lá iria me jogar. Na minha cabeça não havia outra alternativa. Mas Deus usou um homem para falar que estava comigo e que iria me ajudar. Fui para casa, cheia de conflitos, mas certa que Deus faria a sua boa obra.
Comecei então o meu tratamento e vivi um verdadeiro inferno em minha vida. Jamais imaginava me encontrar naquela situação. Fiz 42 sessões de quimioterapia branca, 42 sessões de quimioterapia vermelha, além da radioterapia. Fora todo esse tratamento, aos poucos fui sendo mutilada pelos exames constantes que eram bem dolorosos.
Com toda aquela situação as pessoas começaram a me questionar, pois eu era a adoradora, aquela que estava no altar. Foi nesse momento que o inimigo entrou em ação e começaram as acusações. Na minha cabeça eu era uma derrotada. Mas Deus, em sua infinita misericórdia começou a me tratar. Fora a vaidade com a minha carreira, eu também tinha roubado várias coisas em minha casa, como por exemplo o sacerdócio do meu marido.
O câncer além de tirar todas forças do meu corpo, também me abalou emocionalmente e psicologicamente. Nesse período, sem condições alguma, a minha casa também foi atingida. Além do desemprego do meu esposo e de uma surdez repentina, o meu filho mais novo também ficou enfermo, diagnosticado com uma doença nos ossos que o deixaria paralítico. Eu vi não só a necessidade bater à minha porta, mas também as pessoas se afastando pouco a pouco. Me senti impotente diante da gravidade do problema.
A quimioterapia não adiantava mais e eu necessitava de uma cirurgia para a retirada do útero e de todos os tumores. Eu não sabia o que fazer, pois não tinha mais nenhum recurso financeiro disponível. A espera por essa cirurgia pelo SUS era grande, pois assim como eu, haviam outras mulheres na fila de espera. O ideal era pagar pela cirurgia, mas o valor era alto, em torno de R$13.000,00, dinheiro que não tínhamos.
Mas Deus, de forma surpreendente, começou a enviar pessoas com o dinheiro até a minha casa. Foram várias as ofertas. O Senhor levantou pastores, familiares, amigos e até vizinhos para me ajudar, e o detalhe é que ninguém sabia da necessidade da minha cirurgia. Deus é fiel! Com o dinheiro em mãos, vi o cuidado de Deus. Mas mesmo assim, eu senti que havia um sopro de morte sobre mim.
No centro cirúrgico, fiz uma oração simples, mas sincera à Deus. Orei pela minha mãe, pelos meus quatro filhos e pelo meu marido. Pedi perdão ao Senhor por tudo aquilo que tinha me tornado, pela vaidade, pelo meu olhar no espelho, pelo meu “achismo” e por esquecer de quem Deus era na minha vida. Fechei os meus olhos achando que não iria abri-los mais.
Ao terminar a cirurgia, abri os olhos e agradeci ao Senhor por estar viva. Ao chegar em casa, recebi todo o carinho e cuidado dos meus filhos e do meu marido. Deus havia me dado uma nova oportunidade. Passei meses em uma cadeira de rodas e necessitando de cuidados básicos e diários. Precisava da ajuda de pessoas para me alimentar e para tomar banho.
Com tudo isso, vi o Senhor me transformando e me curando. Ele me voltou ao primeiro amor e me moldou, como o barro nas mãos do oleiro. Entendi o verdadeiro propósito de Deus e compreendi o que é realmente viver pela fé. Não existe a possibilidade de não crer, pois os fatos são reais e visíveis em minha vida.
O meu físico e a minha alimentação mudou, mas o que foi realmente transformado foi o meu íntimo e o meu propósito com o Senhor. Ainda hoje, mesmo após o milagre de Deus na minha vida, existe uma medicina que me diz que o câncer poderá voltar. Mas quem é a medicina diante do poder do Senhor? O câncer e os meus inimigos vieram para me amedrontar e tirar a minha vida, mas eu estou viva pela graça do Senhor.
Hoje vivo cada dia intensamente, como se fosse o último. Sei que Deus está cuidando do meu amanhã. Ele é o meu escudo, o meu respirar e o meu fôlego de vida. O Senhor não desistiu de mim!
“Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos”. (Jó 42:5)