Promessa é dívida, não se discute. E quando prometemos a nós mesmos aquilo que sabemos que não vamos cumprir? Será que, de forma latente, estas pequenas frustrações ignoradas e quase imperceptíveis não estariam se agrupando num cantinho de nossa alma pra virar uma avalanche a qualquer hora, sem que saibamos o que está acontecendo conosco?
O momento é oportuno para refletirmos sobre isso. Todos os finais de ano fazemos uma análise do que conquistamos e o que pretendemos para o ano que se avizinha. Sem dúvida é um tempo bom. Somos envolvidos por um clima de otimismo, esperança, perspectivas boas e recomeço. Às vezes nos empolgamos um pouco demais e fazemos dívidas desnecessárias nos esquecendo das tradicionais despesas de início de ano, sejam despesas escolares, impostos, seguros, reajustes de aluguéis e por aí vai. Quando nos damos conta, o ano já virou, janeiro já está indo embora e lá estamos nos esquecendo das promessas feitas no calor das emoções, e o pior, já estamos sem pique pra manter o foco naquilo que planejamos. Nada de errado em fazer promessas a nós mesmos, a questão é cumpri-las e não terminarmos novamente o já velho novo ano sem prestar contas a nós mesmos de nossos projetos e planos.
A maré não está pra peixe. Vivemos tempos difíceis na economia e a necessidade de ajustes bate à nossa porta todos os dias. O equilíbrio de nossas finanças está na agenda de toda semana. Todo mundo sabe onde o calo aperta, precisa é ter coragem de cortar aqui e ali, abrir mão de algumas coisas em função de outras, priorizar e planejar.
Todavia, as principais promessas não se restringem a economizar e poupar. Fazer exercícios, perder peso e eliminar um vício qualquer são as promessas mais comuns. Há também as promessas mais existenciais, como: ser feliz, buscar a excelência em tudo, investir nos relacionamentos, amar a si mesmo. Um sinal dos tempos modernos é prometer se desconectar um pouco, perder menos tempo nas redes sociais e ser mais reservado. O menu de promessas é interminável. O que precisamos fazer é não estar em débito com nós mesmos, cumprindo satisfatoriamente aquilo que prometemos.
O certo mesmo é planejar o futuro, antecipando-o. O primeiro passo é estabelecer objetivos alcançáveis, metas mensuráveis, nada daquilo que não possamos realmente atingir. Depois, é hora da autodisciplina constante. Não tem como dar errado.
A Bíblia diz em Lucas 14:28-31: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?” Isto vale para todo e qualquer edifício que queremos edificar, físico ou espiritual, calculando as parcelas de sacrifício em cada caso.
O livro de Provérbios é farto de citações sobre prudência, sabedoria e até sobre pedir conselhos. Orientação é o que não nos falta. Antes de começarmos a projetar o ano novo, façamos já uma primeira promessa a nós mesmos: orar, buscar conhecimento na Palavra, pedir conselhos sábios, e sobretudo, não nos prometer nada que não estejamos realmente dispostos e empenhados a cumprir.
Amar a nós mesmos é também resistir aos nossos impulsos inconsequentes!
Anibal Filho é Doutor em Produção Vegetal pela UFG e Pastor auxiliar da Igreja Batista Renascer.