Quatro características do amor

No livro de 1 Coríntios 13:13, somos lembrados de três virtudes fundamentais que são eternas: fé, esperança e amor. Entre elas, o amor é destacado como o maior. Embora o amor seja frequentemente definido em termos de sentimentos e emoções, ele vai além dessa definição e se revela como uma decisão e mandamento de Deus.

Na Palavra Pastoral deste mês, quero explorar quatro características essenciais do amor: perdão, misericórdia, compaixão e doação, buscando redirecionar os nossos corações para o caminho correto, onde as pessoas são mais importantes que as coisas e o amor de Deus é refletido em nossas ações.

Começarei pelo significado de amor, de acordo com o dicionário: “Um sentimento que leva a desejar o bem do outro; afeição profunda por alguém ou algo; intensa inclinação de caráter afetivo; amizade, zelo e cuidado”.

Infelizmente, a Igreja do Senhor tem buscado coisas que não têm a ver com Jesus. As pessoas se empolgam com o poder, a fama e a busca por ser bem-sucedidos e se esquecem de que, mesmo conquistando todas as riquezas da Terra, se não há Jesus, nada vale a pena.

Como pastor, tenho observado que a cada dia que passa, nossos olhos estão mais focados em questões mundanas, enquanto aquilo que é eterno tem ficado em segundo plano. Assim, não temos exercido as coisas básicas que as Escrituras nos instruem, como, por exemplo, o ensinamento descrito em João 15:12: “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei. ”

Diante disso, quero trazer uma reflexão acerca das características do amor, buscando redirecionar os nossos corações para o caminho correto, onde as pessoas são mais importantes que as coisas e o amor de Deus é refletido em nossas ações.

Vejamos as quatro características do amor:

 

  • Perdão:

A Palavra do Senhor nos diz: “Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus respondeu: “Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete.”
(Mateus 18:21-22).

Muito ouvimos sobre o perdão; no entanto, ainda se trata de uma guerra que enfrentamos todos os dias. Perdoar é atribuir favor incondicional, sobretudo àquele que te feriu; é semear amor, bondade e graça, tendo em mente que, embora já tenhamos sido feridos, também ferimos os que estão à nossa volta.

A verdade é que temos dificuldade em liberar perdão aos outros e a nós mesmos, pois vivemos na justiça e queremos aplicar aquilo que, em nossa concepção, é merecido ao outro. Contudo, ao olharmos para a Palavra de Deus, vemos Jesus fazendo o oposto: Ele livrou aquela mulher adúltera da condenação a fim de nos lembrar que, assim como ela, éramos dignos da punição, no entanto, fomos agraciados com o favor imerecido da graça.

Se Deus perdoou os nossos pecados, e nós queremos ser semelhantes a Ele, que motivos podemos ter para não perdoar alguém? Ao compreender o que Jesus fez na cruz, o perdão flui em nosso coração, e assim, decidimos interromper o ciclo do ódio, da culpa e da dor, permitindo que a cura do Senhor nos renove.

 

  • Misericórdia:

A beleza do cristianismo está em entender como é a caminhada com Deus, abdicar de nossas próprias vontades e deixar de fazer aquilo que nossa natureza caída gostaria de fazer para agir como Jesus agiria. Dessa forma, é nosso papel ser misericordiosos, não porque somos bons, mas porque Ele é bom.

Não é fácil ter misericórdia de quem nos fere, trai e abandona, mas essa é uma característica do amor que precisamos desenvolver, visto que a Palavra do Senhor nos diz em Mateus 5:7: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”.

Martin Luther King afirmou certa vez: “Nós aprendemos a voar como os pássaros, nadar como os peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos”. Essa é uma verdade que infelizmente observo no meio cristão. Estamos cheios de nós mesmos e facilmente desfazemos do irmão ao nosso lado, nos esquecendo que, como corpo de Cristo devemos ser unidos no mesmo propósito.

 

  • Compaixão:

Atualmente, vejo diversos conflitos desnecessários no meio da Igreja devido à falta de compaixão, ou seja, à capacidade de nos colocarmos no lugar do próximo. No ministério de Jesus, Ele demonstrou constantemente essa atitude, colocando-se na posição de sentir as emoções alheias e dispondo-se a ajudar os necessitados, como descrito em Mateus 14:14: “Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão deles e curou os seus doentes”. Observe que nesse versículo, é destacada a compaixão de Jesus ao ver a multidão sofrida, levando-o a curar os doentes, mostrando Seu amor e cuidado pelas pessoas.

A verdade é que o mundo contemporâneo nos contaminou, resultando em uma prática do Evangelho de forma vingativa. Perdemos as características inerentes a quem ama Jesus e sua Palavra. É por esse motivo que precisamos voltar ao lugar de onde nunca deveríamos ter nos afastado: onde consideramos o outro melhor que nós mesmos.

 

  • Doação:

A quarta característica do amor é a doação, o ato de compartilhar algo que nos é valioso. Ao refletirmos sobre o texto de 2 Coríntios 8, notamos que Paulo incentivou os coríntios a aprimorarem a graça de dar, apresentando-lhes o exemplo dos macedônios, que ele considerava como dignos de serem imitados.

A Macedônia, uma região montanhosa ao norte da Grécia, abrigava um povo extremamente pobre. Apesar da profunda angústia que enfrentavam, contribuíram de forma notável para aliviar o sofrimento dos outros, espalhando uma alegria abundante que transbordava em generosidade.

Naturalmente, somos egocêntricos e, mesmo quando doamos, muitas vezes nossas motivações são egoístas. O segredo por trás da verdadeira doação reside em nos entregarmos primeiramente ao Senhor. Entenda que o Evangelho vai além das portas da igreja e as reuniões semanais, e é exatamente por esse motivo que precisamos aprender a impactar as pessoas, para que elas conheçam o verdadeiro amor. Os macedônios haviam entendido essa mensagem e se dedicaram além de sua capacidade.

 

Que possamos, como igreja do Senhor, ser impactados pelo amor, compaixão e misericórdia de Deus, de modo que a nossa influência possa ser sentida por todos à nossa volta. Que nossa busca pelas coisas eternas e pelo verdadeiro amor de Deus nos torne santos e irrepreensíveis em Sua presença, cumprindo o mandamento de amar uns aos outros como Ele nos amou.

Que Deus continue nos abençoando!

Pr. João Queiroz

http://contato@batistarenascer.com

Graduado em Pedagogia e Teologia, pós-graduado em Neuropsicologia e Psicanálise Clínica. Fez curso de Coaching, é pastor presidente da Igreja Batista Renascer.

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