Se não tivesse o amor?

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. (1 Coríntios 13:1-2).

Em um mundo onde a habilidade e o sucesso muitas vezes medem o valor de uma pessoa, é fácil esquecer o ingrediente fundamental que realmente sustenta a existência humana: o amor. Mas, a epístola de Paulo aos Coríntios nos desafia a contemplar uma realidade onde o amor está ausente. “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.” (1 Coríntios 13:1).

Imagine por um momento um mundo sem amor. As cidades estão cheias de movimento, mas vazias de compaixão. As casas, embora cheias, estão silenciosas, faltando risos e calor humano. As palavras são trocadas, negócios são feitos, mas tudo ocorre num vazio emocional e espiritual profundo. Os talentos florescem, os impérios são construídos, mas as almas permanecem desertas, famintas por um sentido que apenas o amor pode oferecer.

Neste cenário, nossos dons e habilidades, por mais impressionantes que sejam, perdem o seu valor. Paulo nos lembra que sem amor, nossos maiores feitos não passam de eco vazio. Podemos ser líderes influentes, pensadores brilhantes, ou artistas talentosos, mas sem amor, nossas ações são desprovidas de significado verdadeiro. O amor é o que dá substância à nossa existência, transformando meros atos em gestos de eternidade.

Em tempos onde o amor tem se esfriado, onde o individualismo e a indiferença muitas vezes predominam, 1 Coríntios 13:4-7 ressoa como um chamado urgente. Paulo descreve o amor não como um sentimento efêmero, mas como uma série de ações e atitudes — paciente, bondoso, sem inveja, sem vaidade, sem orgulho, não busca seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. Este amor não é natural; é Divino. Sem ele, somos meramente figuras numa paisagem, sem a capacidade de tocar verdadeiramente a vida dos outros.

O amor de Deus é a fonte desse amor altruísta. Sem Ele, não haveria modelo de amor perfeito para seguirmos. Foi Deus quem nos amou primeiro, com um amor que sacrifica e redime. Este amor transforma corações e renova mentes. Sem esse amor, o mundo seria um teatro de marionetes sem vida — movimento sem significado, forma sem substância.

A vida sem amor é uma existência incompleta. É como um jardim sem flores, um céu sem estrelas. O amor é essencial, não apenas como um sentimento, mas como a força motriz que nos empurra para fora de nós mesmos, em direção ao outro e a Deus. Ele nos motiva a agir não por obrigação, mas por volição, por uma genuína preocupação com o bem-estar do próximo.

Ao refletirmos sobre nossas vidas e sobre o mundo ao nosso redor, que possamos responder ao chamado para amar como descrito em 1 Coríntios. Que nossas palavras e ações sejam impregnadas de amor verdadeiro, um amor que transcende as fronteiras do possível e do imaginável. Pois, em última análise, sem amor, não somos nada; com amor, somos parte do milagre contínuo da criação de Deus.

Alfredo Campos

Pastor na ADVEC (Assembleia de Deus Vitória em Cristo), palestrante, formado em Teologia pelo Instituto Bíblico Pentecostal, estudante de Filosofia e Psicanálise. Casado com Quezia e pai de dois filhos: Lucas Gabriel e Rebecca Louyse

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