Calma, você não está numa feira livre! Meu título provocativo tem a intenção de transportar você para um universo onde plantas dependem de um trato cultural peculiar para crescerem vigorosas, ter alta produtividade, se adaptarem facilmente a qualquer topografia e ainda permitir o livre acesso do produtor para as podas e todos os demais cuidados que permitirão à essa planta atender as expectativas a seu respeito.
Se você já visitou uma plantação de uvas ou maracujás em um pomar, ou mesmo uma plantação de tomates e pepinos para mesa em uma grande horta, deve ter percebido que esses cultivos têm algo em comum: eles são sustentados por estruturas feitas de madeira, bambu ou treliças de arame, permeadas de amarrações e espaçamento organizado em fileiras, ficando as plantas suspensas, ora eretas, ora apoiadas em pérgolas ou latadas. Via de regra, esse sistema é chamado de tutoramento. Algumas vantagens deste processo é reduzir o estresse das plantas, evitar a infestação de patógenos causadores de doenças, o que garante a sanidade da própria planta e, consequentemente, dos seus frutos.
Sempre associei o tutoramento das plantas à condução dos filhos pelos pais até a fase adulta, quando se tornam independentes, frutíferos e maduros. Desde muito tenros, os filhos dependem de uma mão condutora, de uma estrutura familiar de suporte em situações muitas vezes adversas, de acesso permitido pelos seus “tutores” sejam eles quem forem: pais, avós, tios, irmãos.
A Bíblia diz que devemos ensinar as crianças no caminho que devem andar, exatamente como um agricultor direciona os galhos das plantas tutoradas para que cresçam vigorosas e seguras. Desta forma, cercadas de cuidados e do olhar atento dos seus cuidadores, meninos e meninas crescem sendo protegidos de interferências externas, tendo sua saúde moral e espiritual edificadas e preservadas.
Como as plantas, filhos e filhas crescem ocupando seu próprio espaço, interagindo socialmente e entrelaçando seus galhos com seus iguais, formando uma comunidade de amor. Assim como as podas serão necessárias às plantas, muitas vezes os tutores precisam intervir para extirpar aquilo que rouba a energia dos filhos, oferecendo direção nas escolhas e nas tomadas de decisão.
Com acesso livre dos pais ao coração dos filhos, muitas doenças emocionais chegam a ser evitadas, sendo os filhos protegidos de danosos traumas e desassossegos da alma. O caminho percorrido pelos galhos da parreira e do maracujazeiro, por exemplo, é próprio, sinuoso, mas apoiado na estrutura, recebendo água, nutrientes e luz solar. Os filhos, por sua vez, na formação de seu caráter e na construção de suas identidades, são alimentados, apoiados e iluminados.
Você pode achar estas comparações um tanto quanto inadequadas, mas foi usando uma linguagem como esta, falando de árvores, sementes, água, peixes, lírios, pássaros, ramos, enxertos e, sobretudo, frutos, que Jesus teceu suas parábolas para ensinar as profundas significâncias do Reino de Deus.
Fica fácil entender que, como tomates, pepinos, uvas e maracujás, precisamos da mão condutora do Senhor, à Luz da Sua Palavra, bebendo de suas fontes para que, como filhos, apoiados na estrutura da família e da igreja, possamos ser frutíferos para sua glória!