“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus”. (Mateus 5:7-10).
Para a edição do mês de fevereiro da Revista Renascer, quero escrever sobre um tema que deveria ser prioridade para a vida de todo cristão: a prática da misericórdia. Sem dúvidas, estamos vivendo em um mundo no qual a piedade e a misericórdia para uns com os outros, desapareceu do nosso meio.
Infelizmente, vemos muitos exemplos da ausência de misericórdia em nosso meio, como pais que geram filhos, mas o abandonam, sem contar nos vários outros casos de maldade e violência que vemos e ouvimos todos os dias. Talvez, você possa se perguntar: mas, o que é a misericórdia?
A palavra hebraica para misericórdia é hesed, que indica que a misericórdia deve prover do nosso interior, movida pelos nossos sentimentos de simpatia em relação às necessidades do outro.
Em outras palavras, gosto de pensar que se trata de uma disposição por meio da qual nós passamos a carregar em nosso coração as misérias de outros, ou seja, misericórdia pode ser definida como sendo um sentimento de dor e solidariedade com relação a alguém que sofre uma tragédia pessoal ou que foi afligido com grandes tribulações. Vale ressaltar que uma vez que temos essa atitude, nos tornamos prontos para ser instrumentos para o bem.
Há algumas diferenças entre o amor e a misericórdia, uma vez que o amor é mais extenso, podendo ser comparado a um amigo constante, que nos visita quando estamos bem. A misericórdia é como o médico, que só nos visita quando estamos doentes. O amor age com afeto, a misericórdia age movida pelo princípio da consciência. A misericórdia empresta a sua ajuda ao outro, já o amor doa o seu coração ao outro. No entanto, elas também concordam em algo: tanto o amor, quanto a misericórdia estão sempre prontos a prestarem bons serviços.
Mas, por natureza, o ser humano normalmente sempre está distante da misericórdia. Isso acontece porque o pecador é como uma oliveira brava, e não como uma oliveira que dá bom azeite. Faz parte do caráter e vocação natural do homem ser desprovido de piedade, pois infelizmente enfrentamos esta realidade: no lugar do azeite, produzimos veneno.
Além da natureza inclinada para o mal, o príncipe das trevas trabalha em nosso coração dia e noite, o que o leva a dominar muitos homens. Nesse sentido, nos tornamos seres implacáveis que desejam receber a misericórdia, mas não a liberamos. Por isso, necessitamos da Graça de Deus todos os dias.
Antes de sermos homens e mulheres misericordiosos, é necessário que sejamos novas criaturas. Mas, muitas vezes estamos perdidos em nossa autocomiseração e no desejo de termos sempre a razão, o que em muitos casos faz com que deixemos de nos preocupar com o outro.
Precisamos nos lembrar de que aqueles que não tem a Jesus, estão mortos espiritualmente e não conseguem enxergar muitas coisas ou ter discernimento sobre o mal de forma clara. Em muitos casos, essas pessoas não conseguem perceber coisas básicas da vida. É aqui que temos uma responsabilidade como cristãos: somos chamados a permanecer atentos ao “mundo de fora”, e a encher os nossos corações de compaixão pelo pecador.
Lembre-se: o ser humano que não tem a Cristo está debaixo de uma terrível sentença de condenação eterna, logo, é nosso papel o de clamar ao Senhor pela vida desses indivíduos e agir com a devida misericórdia.
Alguns anos atrás, aprendi algo interessante com um pastor. Ele contou que tinha o costume de sair pela rua e orar mentalmente pelas pessoas que encontrava. Hoje, principalmente em meus momentos de caminhada, adotei isso como prática. É algo muito bom e que todo cristão pode passar a fazer! Abençoe as crianças, famílias e declare o cuidado de Deus sobre elas. Abra a sua boca e pregue a Palavra de Deus, afinal, isso também demonstra misericórdia.
Ainda existe um outro ponto sobre a misericórdia. Da mesma forma em que pastores e líderes de ministérios precisam ser misericordiosos e se esforçarem para serem estrelas que iluminam à vida de pessoas por meio da verdade da Palavra de Deus, todos os membros também são chamados a terem misericórdia do “nome” dos nossos próximos. O que isso significa? Muitos não se cansam em falar mal de outros e são apressados em fazer acusações antes de ao menos se certificarem de que estão diante de uma verdade. Portanto, seja cuidadoso e evite ser a causa de sofrimento de outros.
Para finalizar esse texto, proponho um desafio a você para esse mês de fevereiro. A partir de hoje, comece a agir com mais bondade e gentileza com o seu próximo, demonstre a verdadeira misericórdia que vem da Palavra de Deus. Para isso, comece com os pequenos detalhes. Esteja atento em sua vida diária, pois os pequenos atos irão fazer a diferença.
Escolha o caminho da misericórdia!
Deus te abençoe!