Vivemos tempos de debates e embates, polarizações e tomadas de partido. As pessoas estão mais informadas, politizadas e porque não dizer, conscientes (só que não?). Palavras de ordem são, o tempo inteiro, vociferadas por ideólogos ou simpatizantes pelos meios de comunicação e mídias diversas. Artistas vanguardistas ou não, se tornaram porta-vozes de causas, ícones de novos modismos, referências de movimentos sociais e culturais emergentes.
Nesse caldeirão de ideologias e comportamentos, uma palavra emerge com força: tolerância. Há que se fazer respeitar e respeitar os contrários, há que se tolerar toda e qualquer diversidade que nos apresenta, sob o risco de sermos rotulados e execrados, se possível nas mídias sociais. Remar contra a maré, mesmo em um país cuja constituição nos garante a liberdade de expressão, faz com que esta expressão só pareça válida quando ela não contrapõe a onda das “modernidades”, ainda mais quando estas opiniões são baseadas na religião. O resto é ser machista, feminista, fundamentalista, xenófobo, homofóbico, racista e por aí vai.
Todo esse preâmbulo é pra diferenciar alhos e bugalhos. Independente de concordarmos ou não com os rumos que a modernidade tomou, de uma coisa não escapamos: saber as coisas com as quais temos que simplesmente conviver ou tolerar (quando não pudermos influenciar positivamente com a revelação da Verdade que nos foi dada e com nosso próprio exemplo na vivência dessa Verdade) e com as coisas que podemos conjugar.
Conjugar é sinônimo de somar, associar, emparceirar, colar e ajuntar. Nossas escolhas vão influenciar nossas condutas e definir nossa identidade no mundo. Por exemplo, não dá pra conjugar trevas e luz, pois seria incompatível. Emparceirar com o “espírito que governa o mundo” seria “jugo” desigual.
Enquanto escrevo este texto, o Salmo Primeiro martela minha mente. Não andar segundo o conselho dos ímpios (as ideologias e paradigmas), não se deter no caminho dos pecadores (as condutas) e não se assentar na roda dos escarnecedores (as ironias, os sarcasmos e cinismos, a hipocrisia). Quantos exemplos caberiam nestes parêntesis, mas com certeza, nada com o que pudéssemos conjugar.
O antônimo de conjugar seria apartar ou desapegar, mas poderia também ser desajustar. Quando nos apartamos de tudo que deve ser conjugado pelo cristão, ficamos desajustados, desencaixados…perdidos!
Conjugar ou conviver? Se não conviver e não tolerar, na maioria das vezes, nos parece impossível, ainda que deixemos clara nossa posição a respeito e nos façamos respeitar por isto, podemos ao menos escolher com que conjugamos. Talvez até fosse possível redimensionar o velho ditado popular, que diz que somos com quem andamos. Jesus andou com pecadores e os influenciou. Se somos Seus discípulos, temos então que fazer o mesmo. Talvez seria possível reconfigurar o velho ditado: “diga-me com o que conjugas que te direi quem és!”