O problema do silêncio

imagem: envato

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O suicídio é um fenômeno extremamente complexo que envolve vários fatores. Além disso, ele apresenta-se quase quatro vezes mais entre homens do que em mulheres, conforme informa a pesquisa do Ministério da Saúde no ano de 2019.

O Boletim Epidemiológico 33, publicado em 2021, também comprova esse dado e aponta que os homens apresentam um maior risco de morte por suicídio em relação às mulheres e que, dentre os fatores motivadores, está a falta de amizades e de pessoas próximas nas quais a pessoa possa se apoiar, o que a faz  sofrer em silêncio, fechada em si mesma.

É interessante destacar que este fator se torna particularmente preponderante entre os homens, fruto de uma cultura que impõe que a figura masculina não pode demonstrar fraqueza, mas que a deve  esconder e silenciar.

Na psicologia isso é chamado de crença disfuncional que, por sua vez, advém de aprendizados e experiências que adquirimos ao longo da vida, e fazem surgir formas de pensar que trazem angústias, sofrimentos e comportamentos desadaptados à realidade.

Historicamente, somos ensinados a ocultar os nossos sentimentos, reprimindo emoções negativas. Esse hábito acaba refletindo em dificuldades nas relações, estabelecendo assim, um processo silencioso e autodestrutivo, que pode culminar em uma ação de autoextermínio, tendo como sinais de alerta os seguintes comportamentos:

  • Tristeza frequente, sem vontade de se envolver em atividades sociais como antigamente, ficando longe dos amigos;
  • Incapacidade de lidar com as outras pessoas ou com o trabalho;
  • Alterações muito repentinas de comportamento, bem como de sono e apetite;
  • Mudanças extremas na rotina, abandonando atividades que davam prazer;
  • Queda de produtividade nos estudos e trabalho;
  • Falta de interesse pelo próprio bem-estar.

Ao perceber esses sinais, é importante buscar ajuda e deixar de lado o estigma de que procurar auxílio e falar sobre o que está acontecendo é uma evidência de fraqueza. Assim, é importante que os homens mudem a forma de lidar com os problemas e conflitos, compartilhando as angústias e dificuldades, descobrindo as verdadeiras amizades e pessoas que realmente amam e se importam.

Neste contexto, percebo a importância da Igreja de Cristo, no sentido de um grupo de irmãos que caminham juntos, apoiando uns aos outros na caminhada cristã, conscientes das fragilidades e limitações de cada um, assim como está escrito em: Romanos 12:15:

“Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade; abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram”.

Porém, para que isso aconteça, é preciso permitir que nosso irmão compartilhe as suas necessidades, não apenas as alegrias, mas também os momentos de choro. Portanto, se estiver precisando, não se cale e busque um ombro amigo.

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